Qual o papel de um sindicato?
A ação de um sindicato de caráter emancipador não
deve se limitar a uma pauta de reivindicação. A luta dos trabalhadores
deve suplantar as questões imediatas e corporativas
10/07/2013
Dino Gilioli
Num
mundo cada vez mais mercantilizado, pautado pela lógica da rapidez das
máquinas e marcado pela dura sobrevivência da maioria das pessoas
perguntamos: qual o papel de um sindicato? Pedro Tierra lembra-nos que o
ofício de poeta, de certo modo, pode se resumir na observação dos
gestos humanos e na sua tradução pela subversão da palavra. Neste
sentido, perguntamos: qual a função de um sindicalista?
O
sistema atual que “regula” a sociedade reduz o trabalhador a um mero
vendedor da força de trabalho. De tal forma que o homem ou mulher
trabalhadora são registrados, na maioria das empresas, como apenas mais
um item de custo. Valendo, neste caso, a lógica de que para reduzir
custos tanto faz uma matéria prima, uma mercadoria ou um trabalhador.
No
nosso entendimento, um sindicato deve atuar na contramão dessa perversa
lógica e perceber o trabalhador, acima de tudo, como um ser humano – na
sua integralidade. Logo, a ação de um sindicato de caráter emancipador
não deve se limitar a uma pauta de reivindicação. A luta dos
trabalhadores deve suplantar as questões imediatas e corporativas.
Sem
esquecer da origem do sindicalismo, que nasce pela necessidade de
garantir a subsistência do trabalhador diante de um sistema cada vez
mais excludente, é preciso que façamos uma profunda reflexão sobre a
atividade sindical. É preciso que discutamos qual o papel político de um
sindicato, que permita olhar o trabalhador para além da raia
economicista. Ou seja, um sindicato que tenha presença objetiva e
subjetiva na vida do trabalhador.
Nessa
perspectiva, é possível tecer com os trabalhadores uma representação de
classe que, além de reivindicar, atua num horizonte onde a cultura é
compreendida como espaço genuíno da expressão humana, do exercício
crítico e criativo. É possível vislumbrar uma instância de poder
coletivo que estimula a solidariedade, o companheirismo e a prática da
liberdade pela valorização da vida.
Pois, como diz o poeta: “um sindicato deve ter sensibilidade para perceber estrelas e consciência para sacudir o chão”.
Dino
Gilioli é poeta, dirigente do Sindicato dos Eletricitários de
Florianópolis – Sinergia e membro do Conselho de Administração da
Eletrosul.
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