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segunda-feira, 29 de julho de 2013

Pnud divulga IDHM

Brasil avança, mas educação freia desenvolvimento, 
indica IDHM

Fernanda Calgaro
Do UOL, em Brasília 29/07/2013
Numa escala de 0 a 1, considerando o 1 como o mais avançado, o índice geral do país foi de 0,493 (em 1991) para 0,727 (em 2010). O município com o melhor índice do país é São Caetano do Sul, no ABC paulista, com 0,862. A cidade de Melgaço, no Pará, tem a pior avaliação, com 0,418.
"Embora tenhamos um país desigual, a desigualdade diminuiu", analisa Marco Aurélio Costa, coordenador do Ipea (Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada), responsável pela elaboração do índice em parceria com o Pnud (braço da ONU para o desenvolvimento) e a Fundação João Pinheiro (FJP).
"As regiões Norte e Nordeste tiveram um avanço proporcionalmente maior, o que reflete melhoria no desempenho dos municípios piores, mas ainda ficam atrás."
O presidente do Ipea e ministro da SAE (Secretaria de Assuntos Estratégicos da Presidência), Marcelo Neri, avalia que o país "teve avanços muito importantes nos últimos anos, mas as pessoas querem mais avanços".
Segundo ele, o país passa por um período de grandes transformações, mas ele não encara com pessimismo o baixo crescimento da economia brasileira, que poderia lá na frente impactar negativamente esses indicadores.
"A visita do papa foi bastante oportuna, estamos num momento de efervescência. Particularmente, eu acho que as mudanças são sempre dolorosas, mas são as dores do crescimento, da democracia. Não sou pessimista em relação à inflação, ao desemprego."
Ao analisar o item educação isoladamente, o Brasil subiu de 0,279 (em 1991) para 0,637 (em 2010). É a dimensão que mais avançou nos últimos anos (128,3%), puxada principalmente pelo fluxo escolar de jovens, que ficou 2,5 vezes maior em 2010 em relação a 1991. No entanto, ainda não subiu o suficiente e é a que hoje menos contribui para o IDHM do Brasil. É também o único subíndice classificado na faixa média do desenvolvimento humano.
 A renda, por outro lado, foi de 0,647 (em 1991) para 0,739 (em 2010), com um crescimento equivalente a 14,2%. A renda per capita dos brasileiros teve um ganho de R$ 346,31 (em valores corrigidos) nos últimos 20 anos. No entanto, ainda há uma grande desigualdade entre os municípios. A cidade com a maior renda média per capita é São Caetano do Sul (SP), com R$ 2.043,74. Ela é 21 vezes maior do que a do município com o menor IDHM Renda, que é Marajá do Sena (MA), com R$ 96,25.
Quanto à longevidade, foi o índice que mais puxou o IDHM nacional para cima. A expectativa de vida cresceu 14% (9,2 anos) nas últimas duas décadas, passando de 64,7 anos (em 1991) para 73,9 anos (em 2010). No entanto, ainda há uma variação muito grande entre os municípios, entre 65 e 79 anos, embora seja o índice que tenha apresentado a maior redução na diferença entre o maior e o menor resultado.

Educação

Em educação, o que impede o IDHM de avançar mais é a escolaridade da população adulta. Em 1991, 30,1% da população com 18 anos de idade ou mais tinham concluído o ensino fundamental. Em 2010, esse percentual era para 54,9%.
O cenário é melhor quando se olha para a população jovem. Os indicadores mostram que houve uma universalização da educação básica no país, com quase a totalidade das crianças matriculadas. O percentual de crianças com 5 e 6 anos frequentando a escola, por exemplo, subiu de 37,3% (em 1991) para 91,1% (em 2010).
As crianças de 11 a 13 anos nos anos finais do ensino fundamental também aumentaram de 36,8% (em 1991) para 84,9% (em 2010).
Porém, à medida que se avança nos ciclos seguintes da educação, nota-se um gargalo no setor. A população de 15 a 17 anos com o ensino fundamental completo é de 57,2%, em 2010. Em 1991, era 20%.
Quando se chega no ensino médio, o panorama é ainda mais crítico: apenas 41% dos jovens de 18 a 20 anos se formou. Em 1991, esse percentual era de 13%.
"Antes, o desafio era colocar a criança na escola. Hoje, é mantê-la com qualidade", diz Daniela Gomes Pinto, coordenadora do  Pnud.
A consulta do IDHM e de outros indicadores por município pode ser feita no site do Atlas do Desenvolvimento Humano no Brasil 2013.

 

Entenda o que é o IDHM

1. Como é calculado?

Com base no Censo do IBGE, o Índice de Desenvolvimento Humano Municipal leva em conta três componentes: expectativa de vida ao nascer, educação e renda per capita.
- Vida longa e saudável
- Medida pela esperança de vida ao nascer, em anos

- Acesso ao conhecimento
É medido por:
% da população com 18 anos ou mais – com fundamental completo
% da população com 5-6 anos – na escola
% da população com 11-13 anos – nos anos finais do fundamental
% da população com 15-17 anos – com fundamental completo
% da população com 18-20 anos – com médio completo

- Padrão de vida
Medido pela renda mensal per capita (em R$, em agosto de 2010)

2. Para que serve? 

O índice permite comparar municípios brasileiros entre si.

3. Entenda a escala

Anteriormente, havia apenas três faixas de IDHM. Agora, são cinco, variando de 0 a 1. Quanto mais próximo de 1, mais desenvolvido

4. Nova metodologia

No IDHM 2013, o indicador de educação foi calculado com uma nova metodologia. No IDHM anterior, de 2003, eram levadas em conta a taxa de alfabetização dos adultos e a taxa bruta de frequência à escola. No IDHM 2013, esse indicador ficou mais exigente e passou a considerar os adultos com ensino fundamental completo e até que ponto as crianças e os jovens estão frequentando e completando determinados ciclos da escola com a idade adequada.

5. É possível comparar com outros índices já divulgados?

Não. Apesar de avaliar as mesmas dimensões (expectativa de vida, educação e renda), a metodologia do IDHM em 2013 é diferente. Para contornar isso, foram recalculados os dados dos Censos de 1991 e 2000 seguindo a nova metodologia. Assim, as comparações só podem ser feitas dentro do próprio Atlas do Desenvolvimento Humano no Brasil 2013.

6. Por que a posição de um município em 1991 e/ou 2000 mudou neste novo Atlas?

Porque os IDHMs para esses anos foram recalculados para serem adaptados à nova metodologia. Não é que a posição da cidade nos anos anteriores estivesse errada. O que ocorre é que agora o índice foi formulado com o componente de educação mais detalhado.

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