Obama pede voto 'rápido' do Congresso estadunidense sobre ataque à Síria
Presidente repete George W. Bush ao pedir rapidez do
Legislativo por suposto uso de armas químicas que provoca 'ameaça grave'
ao país, mas garante que não repetirá o Iraque
04/09/2013
O
presidente dos Estados Unidos, Barack Obama, pediu nesta terça-feira
(3) a líderes dos partidos democrata e republicano que promovam um voto
"rápido" no Congresso que permita a ação militar “limitada” de seu país
contra a Síria. "Quero enfatizar uma vez mais que o que estamos
planejando é algo limitado, proporcional, que afetará a capacidade do
regime de Assad (o presidente sírio, Bashar al Assad)", disse, durante
reunião na Casa Branca.
O Congresso está em
recesso, e retorna ao trabalho na próxima semana, com expectativa do
presidente de que aprove a autorização para o ataque "tão logo" seja
possível. "Acho que é apropriado que atuemos sem precipitação, mas
também acho que todo mundo reconheça a urgência e que vamos ter que nos
movimentar com relativa rapidez", sustentou Obama, repetindo o
antecessor, George W. Bush, ao afirmar que o suposto uso de armas
químicas pelo governo de Al Assad "coloca uma ameaça grave à segurança
dos Estados Unidos e da região".
Em 2003, no
Iraque, a acusação que levou à guerra contra o governo de Saddam Hussein
era o uso de armas químicas, mais tarde desmentido por uma série de
evidências. Perante a dúvida de parte da população, Obama insistiu hoje
que seu plano "não é Iraque" e "não é Afeganistão", os dois atoleiros
nos quais o país se enfiou na primeira década deste século.
Ele
também afirmou que seu governo tem "uma estratégia mais ampla" para
"melhorar a capacidade da oposição" na Síria e continuar com a "pressão
diplomática" com o objetivo de devolver a paz e a estabilidade no país.
Na tentativa de destravar as negociações com o Congresso, o presidente
indicou a possibilidade de mudanças no texto de forma a tornar mais
claras quais as prerrogativas do chefe de Estado no caso de um ataque à
Síria.
Ao sair da reunião, o presidente da Câmara
dos Representantes dos Estados Unidos, o republicano John Boehner,
disse que "apoia" o pedido para lançar um ataque militar contra a Síria.
"Isto é algo que os Estados Unidos, como país, necessitam fazer",
disse, ao sair de uma reunião com Obama e líderes democratas e
republicanos do Congresso na Casa Branca. "Nossos aliados têm que saber
que os Estados Unidos estão com eles quando é necessário.”
A
líder da minoria democrata na Câmara dos Representantes, Nancy Pelosi,
elogiou a apresentação que Obama fez no encontro privado com os
congressistas e assegurou que existem provas claras de que o regime
sírio perpetrou o ataque com armas químicas contra a população civil. O
conflito civil na Síria, que já dura mais de dois anos, matou cerca 100
mil pessoas e não foi Obama quem "traçou a linha vermelha", afirmou
Nancy.
"Foi a humanidade que fez isso há algumas
décadas, cerca de 170 países que apoiam a convenção contra as armas
químicas. Desta forma, de um ponto de vista humanitário, não é algo que
possa se ignorar. Devemos enviar uma clara mensagem a quem têm armas de
destruição em massa de qualquer tipo que devem se esquecer de usá-las",
acrescentou a deputada.
Nancy Pelosi disse que na
hora de debater e votar a resolução no Congresso sobre o uso da força
os legisladores têm de decidir se querem ou não ignorar o fato de que
"ocorreu este desastre humanitário".
Foto: Official White House/Pete Souza
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