Obama diz que tem ‘estratégia ampla’ para ação na Síria
Atualizado em 3 de setembro, 2013
Obama falou em ampliar as capacidades de ação dos rebeldes sírios
O presidente dos EUA, Barack Obama, disse nesta
terça-feira que planeja uma intervenção militar "limitada" na Síria, mas
"com uma estratégia mais ampla" de fortalecer os rebeldes de oposição
no país - indicando que os EUA irão além de apenas bombardear supostas
instalações de armas químicas sírias.
"Queremos uma ação limitada e proporcional que
enfraqueça as capacidades (militares) do (presidente sírio Bashar)
al-Assad", disse Obama, em conversa com líderes do Congresso americano.
"Ao mesmo tempo, temos uma estratégia mais ampla que nos permitirá
aumentar as capacidades militares da oposição (...), criando pressão
política, diplomática e econômica para uma transição que traga paz não
só para a Síria como para a região."
Obama decidiu intervir na Síria alegando ter
provas de que o regime Assad atacou sua própria população com armas
químicas. Mas o presidente americano pediu que uma intervenção tenha o
aval do Congresso - que deve votar a medida ao voltar do recesso, na
semana que vem.
Iraque e Afeganistão
O presidente ressaltou que a intervenção "não será como no Iraque ou no Afeganistão, (porque) não envolve soldados em campo".
"Mandaremos uma mensagem não apenas ao regime
Assad, mas a outros interessados em testar normas internacionais (sobre o
uso de armas químicas), de que isso traz consequências."
Nesta terça, congressistas farão uma reunião
confidencial a respeito do assunto. O secretário de Estado, John Kerry, e
o secretário de Defesa, Chuck Hagel, falarão pertante a Comissão de
Relações Exteriores do Senado.
Dois líderes de oposição cujo apoio é
considerado crucial para que o Congresso aprove a ofensiva já
manifestaram seus apoios a Obama no tema.
O presidente da Câmara dos Representantes
(deputados), o republicano John Boehner, disse que apoiará o "chamado à
ação" presidencial.
Por sua vez, o líder da maioria republicana na
Câmara, Eric Cantor, também defendeu uma intervenção, alegando que o
regime Assad "é uma ameaça direta aos interesses americanos e de seus
aliados".
Obama também parece já ter conseguido o apoio de
dois de seus principais críticos em política externa, os senadores
republicanos John McCain e Lindsay Graham.
Entretanto, muitos temem que, ao fortalecer a
oposição síria, a intervenção externa fortaleça também radicais
islâmicos que estão entre os rebeldes.
Aliados
Na França, o presidente François Hollande disse
estar esperando a decisão do Congresso americano e que Paris não atacará
a Síria por conta própria.
Caso o Congresso negue autorização para um
ataque, a França "apoiará a oposição democrática (na Síria) de forma a
que haja uma resposta (a Assad)", agregou Hollande.
Israel, outro aliado americano, realizou nesta
terça-feira exercícios militares conjuntos com os EUA no Mar
Mediterrâneo. Os exercícios foram confirmados à BBC pelo alto escalão do
Ministério da Defesa israelense.
Os exercícios são mais um sinal de que Israel
leva a sério a possibilidade de que uma ofensiva militar americana seja
retaliada com ataques ao território israelense - perpetrados pela Síria
ou por seu aliado no Líbano, o grupo militante xiita Hezbollah.
Crise humanitária
O debate em torno de uma intervenção externa na Síria ocorre em meio a uma crise humanitária.
Segundo a ONU, chega a 2 milhões o número de
sírios que se tornaram refugiados. E os mais de dois anos de guerra
civil já deixaram estimados 100 mil mortos no país.
A crise chegou ao auge em 21 de agosto, quando
surgiram relatos de um possível ataque com armas químicas nos arredores
de Damasco.
Os EUA dizem ter provas de que o ataque matou
1,4 mil civis, incluindo mais de 400 crianças, ainda que outros países e
organizações tenham contabilizado um número bem menor de mortos.
O governo sírio, por sua vez, nega o uso de armas químicas.
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