Austeridade na Europa gera maior queda de natalidade desde 2a Guerra Mundial
Jamil Chade - 19/09/2013 - OESP - Eurolandia
A Grécia vive não apenas uma contração recorde de sua
economia, mas também uma redução dramática de sua população. Dados
divulgados pelo governo grego revelam que, em quatro anos, a taxa de
natalidade de um dos países mais afetados pela crise na Europa foi
reduzida em 10%.
Nenhum país europeu, desde a Segunda Guerra Mundial, registrou tal
queda de nascimentos. Segundo os especialistas, não existem nem mesmo
registros de quando tal fenômeno ocorreu pela última vez em um país em
tempos de paz. Em 2008, 118 mil crianças nasceram na Grécia. Em 2012,
esse número caiu para 100,9 mil.
Outra constatação das autoridades foi que o número de crianças que
nascem mortas explodiu, aumentando em 21%. Isso seria resultado de mães
que não tem como pagar por consultas e realizar um pré-natal adequado.
Ninguém no governo hesita em apontar a crise econômica como
principal responsável. “A queda de fertilidade é uma consequência
natural da austeridade e das taxas sem precedentes de desemprego”,
declarou Christina Papanikolaou, secretária-geral do Ministério da
Saúde. “Esse é a outra imagem do espelho da crise que tirou 25% de nosso
PIB”, disse.
Adonis Georgiadis, o ministro da Saúde, reconheceu que já existia
uma queda na taxa de natalidade na Grécia nos últimos 20 anos. Mas
concorda que a crise que completa em 2013 seu sexto ano acelerou a
redução de nascimentos de uma forma “sem precedentes”.
Atolada em um dívida que quase a obrigou a sair da zona do euro, a
Grécia foi socorrida com pacotes de 240 bilhões de euros por parte da
comunidade internacional. Em troca, Atenas foi obrigada a cortar
despesas do estado, reduzir investimentos e demitir milhares de pessoas.
Na saúde, a crise já tirou 40% do orçamento da pasta. Empresas de
remédio levam mais de um ano para receber do governo pelo fornecimento
de produtos e Atenas reduziu as compras de medicamentos em mais de 50%.
A Grécia vive em 2013 seu sexto ano de recessão, algo jamais visto
nos países da OCDE. Além de um desemprego de 28%, o país também registra
um quinto de sua população abaixo da linha da pobreza. Muitos, tanto em
Atenas quanto em Bruxelas, não negam que o país poderá precisar de um
terceiro pacote de resgate em 2014 para poder pagar suas contas.
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