Allende, Perón e Chávez
Que Maduro não se esqueça nunca das palavras de Chávez. Pacífica sim, pero armada
19/09/2013
Beto Almeida
Setembro
marca dois golpes duros contra as forças progressistas da América
Latina. Em 1973, Allende vê esmagado o seu projeto de uma transição
pacífica ao socialismo. Em 17 de setembro de 1955, é derrubado o governo
de Perón, na Argentina, após uma década de transformações que elevaram
os indicadores sociais dos nossos vizinhos a um dos mais altos do mundo.
Perón
estatizou a energia, a telecomunicação, o transporte ferroviário, naval
e aeronáutico, industrializando o país na produção de aviões,
automóveis, locomotivas com tecnologia nacional. Fundou o programa
nuclear, criou a legislação trabalhista, alargou os direitos sociais, as
mulheres tiveram direito ao voto. Expandiu radicalmente o ensino
público, eliminando praticamente o analfabetismo, montou a Universidade
Obrera pública , bibliotecas, criou a TV pública e fundou um cinema
nacional, que renasce, respeitado mundialmente.
Nos
14 anos que dirigiu a Venezuela, Chávez introduziu uma visão original
no debate sobre o golpe do Chile. “A Revolução Bolivariana é pacífica,
mas armada!”, argumentava. Esta a diferença fundamental, convocando as
esquerdas a terem uma política de unidade civil e militar. Parte da
esquerda, desconversa sobre este debate, mesmo com o tremendo exemplo do
Chávez, da Revolução dos Cravos e tantos outros. Allende foi alertado
diversas vezes para construir uma unidade cívico-militar. E havia
correntes militares progressistas no Chile.
Perón
foi advertido, veementemente, por Evita, sobre o golpe que se preparava
contra ele. Diante das evidências, Evita distribuiu armas na CGT,
argumentando que os trabalhadores deveriam ter sua própria defesa. Evita
morreu. Perón não lhe deu ouvidos, cedeu à pressão dos golpistas para
confi scar as armas na CGT. Desarmada, a Revolução Justicialista foi
esmagada por um bombardeio sangrento que não poupou, inclusive, dezenas
de estudantes primários que estavam na Plaza de Mayo naquele momento.
Que Maduro não se esqueça nunca das palavras de Chávez. Pacífica sim,
pero armada.
Texto originalmente publicado na edição 551 do Brasil de Fato.
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