A cultura dos conteúdos e produtos descartáveis
fevereiro 15, 2011
A informação é muitas vezes tratada como mercadoria ou bem econômico
para tentar facilitar sua inserção no mundo dos negócios e do
marketing. Contudo, em termos econômicos , a informação é uma
mercadoria torta, por não possuir os atributos necessários para esta
caracterização considerando seu conteúdo simbólico. Não tem unidade de
medida, não é divisível, é abundante e não escassa, não é homogênea e
sobretudo não se transforma em propriedade do consumidor ou de quem a
comprou, mesmo quando sua posse é defendida por cuidadoso aparato
legal.
O mercado dos conteúdos de informação é atormentado pela relação
preço, custo, valor. A mesma “mercadoria” informação possui diferente
valor para os consumidores. Não existe um preço de equilíbrio , pois o
preço pode estar muito abaixo ou muito acima do valor que, diferentes
usuários, lhe atribuem. Bom frisar de novo que não falamos da base física e sim dos conteúdos de informação.
O conceito de marketing como sendo “como a atividade humana dirigida
para a satisfação das necessidades e desejos, através dos processos de
troca”. (Kootler, Philip) nunca foi bem posicionado para a as atividade
de conteúdo de informação. São aceitas liberdades conceituais de
ficcionistas e poetas com privilégios para reelaborar conceitos
mediáticos e sonhar palavras. Mas os especialistas não devem conviver
com a extravagância conceitual de analogias mal formuladas.
Conteúdos de natureza simbólica têm barreiras para incrementar o
consumo , pois interiorizar informação é uma condição subjetiva e de
livre arbítrio de cada sujeito . O discurso do marketing nunca ficou a
vontade na cadeia de eventos dos fluxos de significado equilibrando-se
em uma linha que separa a mistificação do mal entendido com uma condição
aumentada na era digital, quando a mídia de massa está em constante
julgamento como conteúdo descartável.
Don Tapscott, canadense, escritor, pesquisador e consultor
especializado em estratégia corporativa e transformação organizacional
para cultura digital, da Web 2.0 e Geração pós Internet declara em um
artigo* o “Fim do Marketing” como instrumento facilitador para o desenvolvimento dos processos de troca para todas as formas de mercadorias.
Trechos do “O fim do marketing “* por Don Tapscott, citando:
Com a Internet onipresente, os Quatro Ps do marketing – produto,
praça, preço e promoção – não funcionam mais. O paradigma era simples e
unidirecional: as empresas vendem aos consumidores. Nós criamos
produtos; fixamos preços; definimos os locais onde vendê-los; e fazemos
anúncios. Nós controlamos a mensagem.
A internet transforma todas essas atividades. De produtos para experiências.
Os produtos agora são customizados envolvem serviços e são marcados
pelo conhecimento e os gostos dos consumidores. Por meio de comunidades
online, os consumidores hoje participam do desenvolvimento do produto.
Estão mortas as velhas concepções industriais na definição e marketing
de produtos.
De preço para descoberta de preço
Graças às vendas online e à nova dinâmica do mercado, os preços
fixados pelo fornecedor estão sendo cada vez mais desafiados. Hoje
questionamos até o conceito de “preço”, à medida que os consumidores
ganham acesso a ferramentas que lhes permitem determinar quanto querem
pagar.
De praça para qualquer praça
A empresa moderna compete em dois mundos: um físico (a praça, ou
marketplace) e um digital de informação (no espaço mercadológico
online). As empresas não devem preocupar-se com a criação de um web site
mas sim de uma grande comunidade online e com o capital dos
relacionamentos.
De promoção para comunicação
Publicidade, promoção, relações públicas etc. exploram “mensagens”
unidirecionais, de um-para-muitos e de tamanho único, dirigidas a
consumidores sem rosto e sem poder. As comunidades online perturbam
drasticamente esse modelo. Os consumidores, com frequência, têm acesso a
informações sobre os produtos, e o poder passa para o lado deles. São
eles que controlam as regras do mercado. Eles escolhem o meio e a
mensagem. Em vez de receber mensagens enviadas por profissionais de
relações públicas, eles criam uma “opinião pública” online.
“Os marqueteiros estão perdendo o controle, e isso é muito bom.”
Nenhum comentário:
Postar um comentário