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domingo, 30 de junho de 2013

1º DE JULHO "DIA SEM GLOBO"

1º DE JULHO "DIA SEM GLOBO"



















Postado em: 29 jun 2013

Ipea: Protestos não estão sendo feitos pelos mais pobres

O presidente do Ipea (Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada), Marcelo Neri, apresentou nesta quinta-feira dados sobre a redução da desigualdade e aumento da renda e afirmou que os protestos no país não estão sendo realizados pelos mais pobres, que foram os mais beneficiados por essas mudanças.
“Pessoas que estão no lado belga da ‘Belíndia’ talvez tenham razões para não estarem satisfeitas”, afirmou em entrevista coletiva no Rio.
protesto brasil classe média
Protestos também foram realizados nos estádios (Foto: Divulgação)
A expressão ‘Belíndia’, criada pelo economista Edmar Bacha, buscar definir as desigualdades do Brasil, que mistura a riqueza da Bélgica e a miséria da Índia.
Questionado sobre se são os mais ricos que estão nas ruas, respondeu: “Não diria os mais ricos, mas certamente não [são] os mais pobres.”
Neri disse que a renda dos 10% mais pobres no país cresceu 550% mais rápido do que a dos 10% mais ricos, e que a redução da desigualdade no Brasil reduziu de maneira “muito forte” nos últimos 12 anos.
“Talvez as pessoas que estejam mais no topo da distribuição, e que tiveram menores crescimentos de renda, olhem para o lado e falem: olha, quero ter crescimento mais alto.”
O presidente do Ipea também afirmou que as manifestações no país surgiram de uma forma diferente da que ocorrem em outros lugares do mundo, no que chamou de “uma receita brasileira”.
Normalmente protesto surge como aconteceu em Wall Street [referindo-se ao Occuppy Wall Street], que foi contra a desigualdade e o desemprego. O fato é que a desigualdade no Brasil está caindo e a economia encontra-se próxima ao pleno emprego. Então o protesto é de natureza diferente.”
Neri afirmou também que os brasileiros têm o maior índice de felicidade futura (projeção do que espera em cinco anos), segundo um levantamento feito em 160 países.
Para ele, uma alta expectativa em relação ao futuro pode trazer frustração.
Sobre o mercado de trabalho, afirmou que há sinais de gargalo.
Segundo ele, o aumento da renda atualmente tem ocorrido muito mais pelo aumento dos salários do que por causa da elevação da ocupação, o que ocorreria se houvesse mais pessoas entrando no mercado de trabalho.
“Isso pode ser um sinal de pleno emprego, que é um problema, mas é menos preocupante do que o desemprego.”
Agência Brasil

Os 40 anos do golpe no Uruguai


Certas datas têm sentidos e significados diferentes para os diversos grupos sociais. As memórias suscitadas estão impregnadas por questões relativas ao presente, e não necessariamente às lembranças dos acontecimentos, pois o passado é sempre pensado a partir do agora. Por Caroline Bauer.


No dia 27 de junho de 1973, o então presidente uruguaio Juan María Bordaberry, aliado aos setores militares, chegou ao apogeu do autoritarismo que marcou os anos anteriores de seu governo através de um golpe de Estado. Por estas peculiaridades - uma escalada autoritária que se inicia antes do golpe, e um golpe realizado pelo presidente constitucionalmente eleito -, a data de hoje para os setores uruguaios que lutam pelos direitos à memória, à verdade e à justiça não tem o mesmo significado que o 24 de março na Argentina, o 31 de março no Brasil ou o 11 de setembro no Chile. Para esses grupos, o mais emblemático evento é a Marcha del Silencio, que ocorre todos os dias 20 de maio, data em que foram assassinados em Buenos Aires o senador Zelmar Michelini, o deputado Héctor Gutiérrez Ruiz e os militantes tupamaros Willian Whitelaw e Rosario Barredo. O marco da Operação Condor, cooperação repressiva entre os países do Cone Sul.


Porém, por serem datas que marcam a instauração de ditaduras civil-militares de segurança nacional que utilizaram de forma sistemática o terror como método de dominação política, suas importâncias transcendem as fronteiras políticas desses países e sugerem uma ânsia por lembrar, traduzida no "dever de memória", uma obrigação individual e social frente aos esquecimentos e silêncios com finalidades políticas: que não se esqueça, para que nunca mais aconteça.

São momentos onde se tornam públicas as memórias e as versões do período, no sentido em que ativam os diversos significados sobre o passado traumático. Da sensação de perda ao direito à memória e à verdade: uma forma de memória, a pós memória, que vem de fora do indivíduo, dialoga com suas experiências pessoais e resulta em formas coletivas de compreensão. Esses momentos ganham ainda mais visibilidade quando se tratam de casos como o dia de hoje, uma "data redonda" - que futuramente será rememorada no Chile (40 anos do golpe contra Salvador Allende) e, no próximo ano, no Brasil (50 anos do golpe civil-militar): pronunciamentos públicos, matérias na mídia, eventos acadêmicos, mobilizações sociais evidenciam que a memória é como um território de conflitos. Permitem processos coletivos de rememorar os acontecimentos, ressignificando o passado a partir das lutas do presente. Retira-se o acontecimento do passado fazendo-o presente, abole-se a distância e o tempo. Essas atividades se tornam uma arena de disputas pelo sentido do passado, marcada pela dialética da lembrança e do esquecimento.

Durante a vigência das ditaduras, essas datas eram lembradas como eventos comemorativos, no sentido em que as Forças Armadas e setores civis apoiadores de ambos os países detinham o monopólio sobre a data, impondo sua versão sobre os eventos e determinando, assim, o sentido sobre o passado que deveria ser vigente. Nesse sentido, podem ser considerados "comemorandas" (termo do pesquisador Federico Guillermo Lorenz) - uma soma de comemoração com propaganda -, eventos que, ao mesmo tempo, caracterizavam-se pelas comemorações, mas também pela propaganda realizada pelas próprias ditaduras civil-militares. Posteriormente, já na democracia, as datas comemorativas e rememorativas foram um espaço privilegiado para desprivatizar a memória sobre o terrorismo de Estado, um sentido do passado que foi privatizado e deslegitimado e permaneceu restrito aos círculos das associações de vítimas diretas e indiretas e organizações de direitos humanos. Portanto, foram objetos simbólicos de disputa para a conformação de identidades e de sentidos do passado.

A análise das mudanças ocorridas nessas cerimônias ao longo do tempo demonstra que essas memórias não são estáticas, mas mutáveis, passíveis de sofrer enquadramentos de memória diferentes, de acordo com as conjunturas onde são ativadas. As mesmas datas têm sentidos e significados diferentes para os diversos grupos sociais; e que as memórias suscitadas estão impregnadas por questões relativas ao presente, e não necessariamente às lembranças dos acontecimentos, pois o passado é sempre pensado a partir do agora.

Como afirmado anteriormente, atos de comemoração e rememoração são atividades direcionadas ao futuro, no qual aqueles que experimentaram diretamente os efeitos do terror identificam-se como portadores de uma herança, um legado e uma mensagem para as novas gerações, com funções claramente pedagógicas. Trata-se de uma preocupação com ofuturo da memória, ou seja, a transmissão da experiência àqueles que não fizeram parte dela, a partir do princípio de que há memória do que não se viveu: a pós memória, conceito formulado por Marianne Hirsh, que se refere a um tipo de lembrança que está afastada dos acontecimentos por uma ou mais gerações, e que se constitui através da transmissão de sentimentos no âmbito familiar ou fora dele.

Isso porque o passado ditatorial ainda não passou, não está fechado; pelo contrário, permanece como parte central, em alguns países, no cenário político do presente. As contas com o passado não foram saldadas, inclusive no Uruguai, onde Bordaberry foi condenado pela violação da Constituição e por dezenas de desaparecimentos durante a ditadura, permanecendo em prisão domiciliar até sua morte, em 2011. A "lei de anistia" uruguaia, conhecida como Ley de Caducidad de la Pretensíon Punitiva del Estado, segue em vigor, impedindo a punição dos militares envolvidos com a repressão.

Assim, o 27 de junho, o 24 e o 31 de março, o 11 de setembro e outros tantos marcos temporais seguem assentando a memória como denúncia e a homenagem aos mortos e desaparecidos como o princípio da aplicação do direito à justiça.




Uma análise do "Datafalha"
Por Paulo Henrique Amorim, no blog Conversa Afiada:

domingo, 30 de junho de 2013

Diante do Datafalha – “Datafalha, Dilma não caiu” -, o ansioso blog procurou reunir alguns pedaços de analise, consultou o Tirésias, o Oráculo de Delfos, o Vasco e outros confiáveis intérpretes, e se permitiu algumas observações: 

Era impossível que, depois do “terremoto neopolítico”, engendrado na “doença infantil do transportismo” não ocorresse uma queda na avaliação da presidenta e de todos políticos, sem exceção.


Porém, Dilma reúne condições para se recuperar por causa dos seus atributos pessoais, do seu governo – o Lulilma – e do campo político do qual faz parte, onde desponta Lula.

Alguns aspectos:

Técnicos

1. Mesmo com a grande queda, o índice ainda é positivo :

a) o número maior é de regular (43%)

b) o segundo é de ótimo e bom (30%)

c) o terceiro ruim e péssimo (25%)

2. Foi mantida a tendência de o aumento do regular ser maior que o do ruim e péssimo;

3. A avaliação por nota continua boa : agora é 5,8 quando antes era de 7,1 (queda de apenas 1,3);

4. Curiosamente, a Folha mais uma vez omite a aprovação pessoal da presidenta (que deve estar
acima de 50% – como, normalmente, existe uma proporcionalidade entre a nota e a aprovação, este índice pode estar girando entre 55% a 58% ;

5. Mesmo com toda a queda, este momento de inflexão de Dilma é maior do que o ponto mais baixo de Lula (28%) e de FHC (13%);

6. E O MELHOR, DO PONTO DE VISTA POLÍTICO : 68% APROVAM A IDÉIA DO PLEBISCITO E 73% ASSEMBLÉIA CONSTITUINTE . 

Políticos

a) seguramente não foi apenas a imagem de Dilma que despencou. Sem dúvida, a de todos os políticos, em especial a dos principais chefes de executivos: Alckmin, Cabral, Tarso, Anastasia, Eduardo Campriles, Aécio (por tabela), Paes, Haddad. Os prefeitos das grandes capitais também devem ter despencado ;

b) a massa numérica é maior na presidenta por alguns motivos: quem está mais em cima, cai mais forte;

c) em momento de crise aguda, a pessoa que ocupa o poder central vira o maior alvo, momentâneo, de insatisfações pois além de ser a “grande autoridade” recebe o “lixo” dos problemas localizados de cada Estado;

d) trata-se de um impacto político-emocional, que pode ser passageiro, pois as condições objetivas da vida das pessoas (salário, emprego, consumo) não mudaram tão abruptamente nas últimas três semanas;

e) o dado mais preocupante é que a crise atingiu seu Governo em um momento já de queda gradativa, por causa da economia);

f) como não há nenhum líder de oposição ou partido capaz de encarnar a revolta popular, a possibilidade de recomposição da presidenta é mais fácil.

A única exceção é, talvez, Joaquim Barbosa, que pode reencenar o Fernando Ferrari contemporâneo: o “mãos limpas”; Mas, como se sabe, Ferrari perdeu para o Jango. E se Barbosa tem “mãos limpas” há de ter alguns defeitos para ser um candidato presidencial palatável. A sua própria isenção ficará comprometida se, em sua presidência, não legitimar a Satiagraha. Cadeia para todos os partidos, ou o PSDB tem privilegio de fôro? E seu ponto mais forte é o fato de a Globo – que sonega impostos – o eleger como “o que mais faz a diferença”. No Brasil, isso vale mais do que toda a bancada do PMDB na Câmara e a do PT no Senado …

g) duro, mesmo, vai ser aguentar os mervalicos pigais (*) , as cantanhedes, os prousts de Brasília…

h) Agora, com zé cardozo, Helena Chagas, Bernardão, Gleisi … aí já não é limonada – é óleo de rícino!

sábado, 29 de junho de 2013

País rico não é aquele que pobre anda de carro. É aquele que rico anda de transporte público

Mobilidade Urbana? Vamos à Berlin aprender

27.junho.2013
Nestes dias em que a reivindicação popular por um transporte público de qualidade, mais eficiente e de preços justos (para não falar os que reivindicam a catraca livre) tomou conta das ruas das principais cidades do Brasil, é natural voltarmos nossos olhos para lugares que apresentem uma solução.
Assim é Berlin, cidade que não teve medo de mudar e hoje vive seu presente sem remoer o passado. Enterrou à Segunda Guerra, varreu os escombros do Muro da Vergonha, pintou-lhe a sobra de grafites coloridos e abraçou o futuro.
Berlin é vanguarda mundial quando o assunto é mobilidade urbana; ocupação de grandes cidades por pessoas e humanização dos espaços públicos. A arte, a criatividade e o design – todos à serviço da sustentabilidade – estão em cada bairro, feira de rua ou parque da capital alemã.
Por suas paragens, lembrei à todo instante do livro Cidades Invisíveis, do escritor italiano Ítalo Calvino, que realiza uma viagem imaginária pela ótica do navegador Marco Polo. “O viajante sempre leva consigo onde quer que vá, a sua cidade de origem. É a partir dela que compara e analisa o que vê”.  Paulistano que sou, não conseguia parar de pensar em São Paulo. Voltei de lá otimista. Afinal, se agora pulsa uma metrópole vibrante, há 70 anos soçobravam destroços, ruínas e uma profunda ressaca moral. Há tempo para acertarmos o passo. De deixarmos nossas urbes mais humanas.
País rico não é aquele que pobre anda de carro. É aquele que rico anda de transporte público
O site da empresa de transporte público, a Berliner Verkehrsbetriebe (BVG) dá uma aula de informações sobre locomoção: trens urbanos, metrô, bonde, ônibus e barcos cobrem toda a cidade de maneira organizada. E o melhor: estão sempre interligados com as ciclovias para andar de bicicleta.
É possível comprar bilhetes múltiplos que servem para quaisquer tipos de transporte, além de outros inúmeros tipos de bilhete: os simples (que valem por duas horas); os diários (você pode usar a rede toda até as 3h da manhã do dia seguinte); os para viagens curtas (até 3 estações), longas e uma infinidade de outros, com desconto para grupos, estudantes, etecetera. Cada um paga o que é justo, pelo que roda no busão ou no metrô.  Há ainda bilhete semanal, mensal e até anual. Tudo é tão bem feito, que a grande maioria da população quase nem anda de carro, ou taxi. A cidade fica muito mais silenciosa e despoluída.
Berlin Ama Bicicletas. Bicicletas Amam Berlin. Lições de harmonia entre ciclistas e carros.
“O importante para começar é o respeito. Respeito dos motoristas com as bicicletas no trânsito e vice-versa.” A opinião é de Christhian Tanzler, diretor do Visit Berlin, quando perguntei-lhe o que São Paulo deveria fazer para seguir o exemplo de Berlin. Há 20 anos, Tanzler só anda de bike pela cidade. Tudo começou quando sofreu um acidente de moto, fraturou a perna e teve que andar de bicicleta para reforçar a musculatura. Gostou tanto, que a magrela virou não só seu único veículo de transporte, como estilo de vida e motivação para viagens. Pedalando, ele já cruzou Cuba, parte da Indonésia, os Alpes e outros destinos. Na sua cidade natal, não importa o destino ou o compromisso, ele sempre vai de bike. “Não existe transporte melhor. Você economiza petróleo, dinheiro, ajuda a melhorar o ar da cidade, conhece melhor os lugares, olha na cara das pessoas e ainda fica com saúde” enumera Cristhian. Ele não está sozinho. Cerca de um milhão de bicicletas circulam diariamente pela capital alemã, cuja população gira em torno de 4 milhões de habitantes. À favor dos ciclistas estão 900 quilômetros de ciclovias, mais outros 200 onde a faixa é dividida irmanamente com os ônibus. Em algumas ruas e praças, só pedestres e bicicletas têm o direito de transitar.
“A geografia plana da cidade ajuda. É muito fácil ir do ponto A para o ponto B. E se cansar é só colocar a bicicleta num trem ou metrô (U-bahn ou S-bahn – mas compre um bilhete especial de ciclista) e seguir viagem” diz Mathias Stefan Petersdorf, guia da Berlin On Bike (www.berlinonbike.de). Sua empresa é especializada em roteiros personalizados: históricos, verde ou de arquitetura, que custam entre 15 e 19 euros por pessoa e levam em média 4 horas.
Com Mathias pedalamos eu, Carol e Tiago. A pequena Luisa foi confortavelmente instalada numa extensão coberta da minha bike para protegê-la da neve. Nosso destino foram os bairros da antiga Berlin Oriental, de Kultur Bauer até a East Side Gallery (trecho do antigo muro todo grafitado), cruzando fundo pelos bairros de Mitte e Prenzlauer Berg, antigos centros boêmios da cidade, em processo de gentrificação (se você não sabe o que quer dizer essa palavra, não se assuste, eu também não sabia e vou falar mais sobre ela, mas resumindo: é quando um bairro de classe operária passa a ser valorizado e ocupado pela elite).
Quem não quiser um guia para rodar em Berlin, pode ficar tranquilo. Basta alugar uma bicicleta (10 euros por 24 horas) na Berlin On Bike ou em diversas estações de metrô da cidade (o preço é praticamente o mesmo, dependendo do modelo e acessórios) e sair pedalando. Para não se perder, entre em qualquer uma das tantas livrarias de Berlin e compre mapas com sugestões de roteiros auto-guiados. E mesmo que pedalar não seja a sua praia, tome uma bike-taxi para viajar pela cidade ao som da corrente rodando pelo pedal.
Para não fazer feio, o guia Mathias dá algumas dicas. “Dê sinal antes de virar; não pare na faixa de pedestres, respeite os semáforos e use o bom senso.” Segundo a brasileira Patrícia Gertel, psicóloga brasileira que mora em Berlin há 4 anos, é preciso lembrar que no verão o estoque de bicicletas acaba cedo. “Chegue antes das dez da manhã” diz. “E também coloque um cadeado quando estacionar. Não dê moleza” completa Patrícia. No mais é aproveitar o passeio. É seguro e gostoso
 Mi Carro, Su Carro
A nova onda em Berlin é dividir os carros e não pagar nem seus impostos, nem a manutenção.
Quando o assunto é mobilidade urbana, Berlin olha para o futuro. Inteiramente conectada por transportes públicos eficientes como trens, metrôs, ônibus e ciclovias, a cidade também enxerga os carros. Mas não o meu, nem o seu, mas o carro de todos nós, ou melhor, de qualquer um. Foi assim que marcas famosas como a Mercedez Benz e a  BMW iniciaram há pouco menos de um ano, uma batalha pelo mercado do Car Sharing (ou Carro Comunitário).
Funciona da seguinte forma. Através do aplicativo de um smart phone você decide a hora e o local que quer usar um carro. O aplicativo rastreia e indica o lugar no Google Maps. Aí é só se dirigir ao local, colocar a carteira de motorista no parabrisas e voilá. A porta se abre, a chave está dentro e é sair guiando com um carro novo, sempre limpinho, com o tanque cheio e um computador de bordo para navegar e tocar as músicas favoritas do seu Ipad.
O preço é tabelado. Custa 29 centavos de euro o minuto, por um mínimo de 10 minutos e um máximo de 20 quilômetros (se ultrapassar a quilometragem, deve-se pagar um adicional). Ao finalizar é só estacionar o veículo em uma vaga permitida, fechar a porta e dar tchau para o carro.
O programa é exclusivo para os berlinenses e para se cadastrar é preciso ter uma carteira de motorista válida e pagar uma anuidade de E$ 9,90. O programa da BMW, Drive Now, possui 500 carros circulando na cidade e 27 mil sócios. Já o Car2Go da Mercedez, possui mil veículos, todos eles elétricos. Uma frota do modelo Smart azul e branco que servem 85 mil sócios. “São pequeninos, fáceis de guiar e de estacionar” diz Robert Henrich, diretor de mobilidade da Mercedez Benz. Os BMWs por sua vez possuem mais modelos, alguns com quatro lugares e são ideais para as famílias.
“Eu morava em Hamburgo e tinha carro. Aqui em Berlin, moramos num prédio sem estacionamento. Não faz sentido ter carro. Quando quero um, para levar meu filho na escola num dia de chuva, ou ir a uma entrevista de terno, pego um Smart da Car2go” diz Max Behenger.
“É uma solução maravilhosa. E verde. Diminui o impacto no meio-ambiente. É o futuro” diz Norbert Reithhofer, diretor do programa da BMW.
“Também é uma resposta ao mercado atual. A juventude de Berlin é muito transgressora e não liga mais para o carro como símbolo de Status, não querem ter um carro, mas gostam de dirigir, claro, quando precisam” afirma Christhian Tanzler do Visit Berlin.
Os números comprovam o sucesso. Em recente reportagem sobre o assunto, a Bloomberg Business Week revela as projeções do Consoulting Group Frost e Sullivan afirmando que o Car Sharing vai invadir a Europa, saltando dos 700 mil usuários atuais para 15 milhões em 2020. A Car2Go já está em 12 cidades do mundo e pretende chegar a 20 ainda este ano.
Vamos torcer para essa moda chegar logo ao Brasil. Eu vou aderir com certeza, ainda mais sabendo que vou ter sempre um carro limpo e novinho nas mãos. Ainda melhor se for elétrico.
Deixo o link de um vídeo legal com um teste sobre o assunto. Smack! Vielen Dank e até o próximo post!
fotos: visitBerlin/Scholvien 
fotos: divulgação Drive Now

O povo quer decisão. 
E quer decidir. Já!

29 de Jun de 2013







Haja ou não manipulações na pesquisa Datafolha divulgada hoje, seria hipocrisia dizer que ela não revela tendências e nos obriga à ação.
É fora de dúvida que as manifestações de rua minguaram, mas a pressão da opinião pública – tanto a opinião que se publica quanto a dos sentimentos do povão, que não saem no jornal – está querendo que o Governo cumpra seu papel de governar.
E governar é dirigir.
Só os direitistas mais empedernidos, capazes de ver intenções totalitárias em qualquer coisa que cheire a povo podem colocar em dúvida o espírito de tolerância e de respeito às liberdades com que o Governo Dilma vem agindo diante de manifestações que, quase todos os dias, nas suas franjas mais irresponsáveis, desbordam para o vandalismo e a depredação e infernizam o dia a dia de milhões de pessoas nos centros urbanos e nas estradas.
Qualquer grupo de 200 ou 300 pessoas já se sente legítimo para interromper as vias mais vitais para o fluxo de milhões de pessoas, roubando-lhes horas e a paciência preciosas.
Não deve haver, portanto, vacilações no governo por temor a ser acusado de antidemocrático.
Mas deve haver preocupação, e muita, por ser visto como omisso e fraco.
Já se passaram mais de três semanas de crise, com a TV martelando 24 horas por dia um clima de caos e insatisfação generalizados.
Nessas três semanas, três também foram as oportunidades que teve o povo brasileiro de ver sua governante. E, apenas na última delas, já lá se vão cinco dias, para apresentar um plano de ação concreto.
Exatamente aquele que a população quer e precisa: ações na educação, na saúde, nos transportes públicos, responsabilidade fiscal (leia-se, austeridade nos gastos públicos) e uma reforma política na Constituição, para resolver a crise de representatividade que entupiu, faz tempo, os canais de expressão da vontade popular e, inclusive, bloqueia e sabota a ação de um governo popular.
Foi, indubitavelmente, uma operação vitoriosa, que devolveu à Presidente a liderança da situação.
Mas vitória onde não se ocupa o território conquistado não se sustenta.
A mídia, rapidamente, passou a transformar o espírito democrático da Presidente em vacilação, medo, inércia.
A mesma pesquisa, porém, indica que sete em dez brasileiros apóiam um plebiscito para reformar as instituições políticas, o mesmo plebiscito que provoca crises de nervos na oposição e na mídia.
Provoca, porque pressentem que ele pode legitimar posições verdadeiramente transformadoras num sistema representativo que gera corrupção, patrimonialismo, fisiologismo, paroquialismo e despolitização parlamentar.
E que um parlamento assim é uma trincheira anti-reformista e conservadora, que obstaculiza – como sempre ocorreu – os governos progressistas neste país.
Vejam: mesmo com uma oposição formal agonizante pela falta de voto popular, o Governo Dilma se vê, permanentemente, presa de uma oposição real no Congresso que ultrapassa em muito a minoria eleita para cumprir este papel.
O povo, na sua sabedoria coletiva, viu na proposta da Presidenta muito mais do que uma possibilidade de fortalecê-la. Viu a possibilidade de libertar-se e a nosso país de uma deformação antidemocrática que nos está atando, contendo e, pior, ameaçando a caminhada  do Brasil para a soberania, o desenvolvimento e a justiça social.
Não passou a hora de ouvir, porque a hora de ouvir é toda hora, sempre.
Mas já passou da hora de falar.
Líder que permanece em silêncio confunde e desesperança seus liderados.
O rei fraco, escreveu Camões, faz fraca a forte gente.
A hora, agora, é de agir concretamente. De dizer ao povo: estas são as decisões que cada um de vocês, brasileiros, terão de tomar.
O povo quer decisão, e quer decidir.
O papel de nosso Governo é usar o poder legítimo que tem para reafirmar o sentido da democracia.
Qualquer plano de reforma na educação, na saúde, nos transportes e na moralização do uso dos recursos públicos só prosperará se tivermos estruturas políticas comprometidas em debater e cooperar, honrada e representativamente, com um Governo reformador.
O plebiscito que o povo brasileiro tem de ser concreto, decisivo, deve conter uma mudança clara e compreensível a todos.
O corte na hipertrofia do Parlamento é aquela que mais claramente pode traduzir este sentimento.
Se ficar em questões de indagação sociológica, como o voto distrital, só servirá à decepção e, com isso, à direita.
O corte na hipertrofia parlamentar é a decisão que mais claramente traduz a decisão de mudar.
Não podemos ter medo de desagradar, reformando-as, as estruturas das quais o povo brasileiro pouco ou nada espera.
Mas espera muito, ao contrario, do Governo que elegeu, com o projeto e o sentido de continuar as mudanças que com Lula este povo começou.
Por: Fernando Brito





Popularidade de Dilma cai 27 pontos após protestos


DE SÃO PAULO

Pesquisa Datafolha finalizada ontem mostra que a popularidade da presidente Dilma Rousseff desmoronou.
A avaliação positiva do governo da petista caiu 27 pontos em três semanas.
Hoje, 30% dos brasileiros consideram a gestão Dilma boa ou ótima. Na primeira semana de junho, antes da onda de protestos que irradiou pelo país, a aprovação era de 57%. Em março, seu melhor momento, o índice era mais que o dobro do atual, 65%.
A queda de Dilma é a maior redução de aprovação de um presidente entre uma pesquisa e outra desde o plano econômico do então presidente Fernando Collor de Mello, em 1990, quando a poupança dos brasileiros foi confiscada.
Naquela ocasião, entre março, imediatamente antes da posse, e junho, a queda foi de 35 pontos (71% para 36%).
Em relação a pesquisa anterior, o total de brasileiros que julga a gestão Dilma como ruim ou péssima foi de 9% para 25%. Numa escala de 0 a 10, a nota média da presidente caiu de 7,1 para 5,8.
Neste mês, Dilma perdeu sempre mais de 20 pontos em todas regiões do país e em todos os recortes de idade, renda e escolaridade.
O Datafolha perguntou sobre o desempenho de Dilma frente aos protestos. Para 32%, sua postura foi ótima ou boa; 38% julgaram como regular; outros 26% avaliaram como ruim ou péssima.
Após o início das manifestações, Dilma fez um pronunciamento em cadeia de TV e propôs um pacto aos governantes, que inclui um plebiscito para a reforma política. A pesquisa mostra apoio à ideia.
A deterioração das expectativas em relação a economia também ajuda a explicar a queda da aprovação da presidente. A avaliação positiva da gestão econômica caiu de 49% para 27%.
A expectativa de que a inflação vai aumentar continua em alta. Foi de 51% para 54%. Para 44% o desemprego vai crescer, ante 36% na pesquisa anterior. E para 38%, o poder de compra do salário vai cair --antes eram 27%.
Os atuais 30% de aprovação de Dilma coincidem, dentro da margem de erro, com o pior índice do ex-presidente Lula. Em dezembro de 2005, ano do escândalo do mensalão, ele tinha 28%.
Com Fernando Henrique Cardoso (PSDB), a pior fase foi em setembro de 1999, com 13%.

Em dois dias, o Datafolha ouviu 4.717 pessoas em 196 municípios. A margem de erro é de 2 pontos para mais ou para menos (RICARDO MENDONÇA)
Danilo Bandeira/Editoria de Arte/Folhapress






PELO FIM DO IMPÉRIO DA GLOBOSTA





VAMOS BANIR A GLOBOSTA DO BRASIL



























sexta-feira, 28 de junho de 2013

Lucas Mendes: Lição americana

 

De Nova York para a BBC Brasil - Atualizado em  27 de junho, 2013

Nos Estados Unidos, a crise no ensino elementar não é novidade. Mas porque o sistema fracassa e não consegue competir com os asiáticos, escandinavos, neo-zelandeses e outros líderes em educação consome os americanos. O país está perto de um ponto crítico.
O pai do grande plano educacional "No Child Left Behind" (Nenhuma Criança Fica para Trás, em tradução livre) foi o senador Ted Kennedy. O mesmo plano assinado pelo presidente Bush em 2001. Uma dupla surpreendente e neste caso os liberais não podem culpar os republicanos. Nem vice-versa.
Foi um investimento caro, a longo prazo nas escolas públicas primárias e secundárias para adotar padrões e currículos nacionais acompanhados de rigorosos testes, reforçados por horas extras. Escolas que fracassassem perderiam verbas federais e seriam provavelmente fechadas. O ano de cobrança é 2014.
As escolas públicas passam nove semanas do ano, 22% do período letivo, preparando os alunos para os testes . "Uma tragédia", diz Ron Berler autor de Raising the Curve, a year inside one of America’s 45.000 failling schools.
No desespero, várias escolas falsificam testes, mas este é um problema menor.
As ênfases nos testes em matemática e inglês enfraquecem outros cursos do currículo e os resultados nas duas matérias dominantes ainda são decepcionantes.
Renda é fator. Na escola onde Ron Berler passou o ano, Brookside, em Norwalk, Estado de Connecticut, só 38% dos alunos que entram no primeiro ano sabem escrever o próprio nome, a diferença entre maiúscula e minúscula ou contar até 10.
Dois terços dos moradores da cidade ganham menos de US$ 45 mil por ano. Em New Cannan, uma cidade próxima, onde metade dos moradores tem renda média de US$ 200 mil por ano, todos sabem as respostas.
Além da ênfase exagerada nos testes que ele acha duvidosos, Ron Berler diz que os pais são mais culpados do que os professores. Neste caso são 500 alunos mas nas reuniões periódicas de pais e professores para discutir os problemas dos filhos, aparecem menos de 30 pais, a maioria deles de bons alunos que não precisam de reforços e correções.
Contra o argumento que muitos pais trabalham mais horas do que os pais ricos e não podem ir à escola no fim do dia, Ron explica que as reuniões foram marcadas em diferentes dias, horários, nos fins de semana e o comparecimento só foi alto quando a escola informou que serviria pizzas. Compareceram125 pais.
Com os cortes mandatórios impostos pelo Congresso, "o sequester", as escolas públicas já começaram a sangrar e as principais vítimas são as crianças dos cursos pré-primários e dos dois primeiros anos, considerados os blocos essenciais na formação dos estudantes. Depois, mostram os estudos, é muito mais difcil "consertar" um aluno.
Nos Estados Unidos houve pequeno progresso na matemática, mas no inglês o avanço foi medíocre mesmo nas escolas "charter", as públicas/privadas, que recebem dinheiro do estado mas têm completa autonomia nos currículos, horários e métodos de ensino. No Brasil, pesquisas recentes entre crianças da mesma idade, mostram que o problema maior está na matemática e os números são muito piores do que os americanos.
O brasileiro Paulo Blikstein, professor na Escola de Educação e de Ciência da computação de Stanford, na Califórnia, tem ideias revolucionárias sobre ensino, uso de computadores e robótica para cursos de ciências e matemática, inclusive em vizinhanças urbanas pobres.
Paulo acha que os testes são ótimos e lucrativos para a enorme indústria que produz os testes mas não é a melhor fórmula para testar escolas e alunos. "O ideal", diz Paulo, éh uma avaliação holística que olhe para uma série de fatores, inclusive os testes, mas isto é caro, trabalhoso e ninguém quer fazer” . Ele vê um ponto positivo nas escolas "charter": "Muitas são laboratórios para novas ideias em educação".
O Brasil foi as ruas pedir mais dinheiro para educação e conseguiu. Os americanos investiram e investem bilhões sem resultados. Onde os brasileiros vão investir?
Na minha última coluna, "Indignados e indignos" , escrevi que a violência contaminava os protestos brasileiros. Recebi e-mails perguntando quem são mais vândalos: os políticos, construtores e administradores corruptos, que roubam escolas, merendas de crianças, hospitais, constroem prédios e estradas podres, ou os manifestantes que destroem e queimam meia dúzia de ônibus e propriedades? Concordo que os corruptos são vândalos muito piores do que os depredadores. Mas revoluções mais profundas na Índia, Estados Unidos e África do Sul, foram lideradas pelos pacifistas Gandi, Luther King e Mandela. Sem quebrar e queimar, os protestos no Brasil teriam feito consquistas maiores. Quem apostou na violência. Porque?

Protestos podem melhorar democracias nos países emergentes, diz 'Economist'

Atualizado em  28 de junho, 2013

A onda de protestos que se espalhou pelo Brasil e por diversos outros países é capa da edição mais recente da revista Economist, que concluiu que, apesar de a democracia ter ficado "mais difícil", ela pode ser melhorada por conta das manifestações.
"Quando políticos entendem que as pessoas querem mais - e que seu voto depende de sua satisfação -, as coisas podem mudar. No Brasil, a presidente Dilma Rousseff quer um debate nacional na renovação da política. Isso não será fácil nem rápido, mas os protestos ainda podem melhorar as democracias nos países emergentes, e até mesmo na União Europeia", diz a revista, que também dedicou um editorial ao assunto e uma reportagem específica à situação brasileira.
Nessa reportagem, a publicação opinou que o plano inicial proposto por Dilma "pareceu apressado e improvável de oferecer calma duradoura (à população)", citando sobretudo a proposta de uma Assembleia Constituinte, já descartada por conta de debates quanto a sua validade constitucional.
Mesmo assim, a reforma política é "urgentemente necessária", ainda que os diversos partidos políticos brasileiros, "poucos dos quais tendo ideologia além do clientelismo, tenham pouco apetite para mudanças".
A revista lamenta que Dilma "não tenha dado sinais de que vá reduzir o inchaço do governo, algo que lhe permitiria financiar serviços (públicos) melhores" e opina que ainda não está claro quem vai se beneficiar politicamente dos protestos brasileiros.
"(O ex-presidente) Lula se manteve incomumente silencioso até agora, ainda que tenha ajudado sua protegida (Dilma) nos bastidores. Ele apreciaria o papel de salvador nacional. Mas muitos dos problemas citados pelos manifestantes são coisas que, como presidente, ele fez pouco para resolver", diz o texto.

'Corrupção, ineficiência, arrogância'

A revista destaca as diferenças entre os diversos protestos ao redor do mundo - da Índia à Turquia; da Bulgária à Primavera Árabe -, mas vê em comum o fato de muitos manifestantes serem "pessoas de classe média, e não grupos organizados de lobbies, especializados em influenciar decisões políticas favoráveis a seus interesses, com uma lista de exigências".
"Os protestos não são mais organizados por sindicatos ou outros lobbies, como antes. A espontaneidade lhes dá um sentido intoxicante de possibilidade. Inevitavelmente, a falta de organização também embaralha a agenda", destaca a revista.
"Seu misto de farra e ira condena a corrupção, a ineficiência e a arrogância de quem está no poder", avalia a Economist.