Páginas

quinta-feira, 10 de julho de 2014

A liberdade perdida com a liberdade

A liberdade perdida com a liberdade


(Foto: Jonathan Kos-Read/Flickr)

Já parou para pensar em como muitas das tecnologias que chegaram com a promessa de trazer mais conforto e conveniência acabaram, no final, nos deixando mais ocupados, estressados e quase sempre sem tempo?
Possivelmente um dos principais exemplos para essa linha de pensamento seja o carro.
Os carros trouxeram liberdade e velocidade para os deslocamentos na cidade e conveniência e conforto para ir de um lugar a outro – são espaçosos o suficiente para levar amigos e família, são rápidos, são confortáveis. Mas precisamente por isso, pelo conforto que vem com o espaço e pelo espaço que ocupam para garantir esse conforto, os carros transformaram radicalmente a forma como as cidades são pensadas.
Acostumamo-nos facilmente a andar de carro – e estamos tão acostumados que esquecemos e sequer conseguimos pensar em um modelo de cidade em que essa dependência não seja necessária.
Jason Segedy, chefe da Agência de Planejamento Metropolitano da cidade de Akron (Ohio, Estados Unidos), recentemente refletiu exatamente sobre essa questão em seu tumblr:
Os carros são uma conveniência maravilhosa para muitos de nós, mas são considerados tão convenientes essencialmente porque coletivamente nós construímos uma sociedade onde se faz necessário percorrer grandes distâncias, e portanto precisamos de carros. A própria justificativa para a conveniência dos carros é parte de um argumento circular, e vale a pena considerar que nem sempre foi assim.
Antes mesmo de pensar na possibilidade de fazer uma escolha – pedalar, andar de ônibus, usar as próprias pernas ou o carro –, grande parte das pessoas ainda prefere se manter dentro de apenas uma opção de transporte. Logo o carro, que tanto nos faz perder – tempo, dinheiro e liberdade. E não é irônico que precisamente o grande símbolo moderno de liberdade seja hoje um dos primeiros a nos privar dela?
Jason finaliza seu texto com uma reflexão obrigatória:
O ponto aqui não é demonizar as pessoas que dirigem. É desafiar cada um de nós a pensar em nossas políticas de transporte federais, estaduais e municipais; em nossa orientação cultural omissa; e na lei das consequências não intencionais.

Nenhum comentário:

Postar um comentário