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quarta-feira, 18 de junho de 2014

Felipe terá grandes desafios ao assumir como rei da Espanha, diz analista

Felipe terá grandes desafios ao assumir como rei da Espanha, diz analista


Atualizado em  18 de junho, 2014
Príncipe Felipe (Reuters)
Principal desafio do novo rei será recuperar a imagem da monarquia
O príncipe Felipe enfrentará grandes desafios ao se tornar oficialmente o rei da Espanha a partir desta quinta-feira.

Alguns deles são consequência da grave crise econômica dos últimos seis anos, que resultou em grandes dificuldades e desigualdade crescente no país.
Seu pai, Juan Carlos, já havia admitido no discurso de abdicação ao trono que a crise - da qual a Espanha, só agora, está lentamente se recuperando - causou ferimentos profundos, que não serão superados de uma hora para a outra.
Assim, a tarefa mais importante do futuro rei será ajudar a sociedade espanhola a superar este doloroso legado.
A crise também abasteceu o descontentamento público com as principais instituições espanholas, que enfrentam questionamentos sem precedentes, e muitos temem que somente a recuperação econômica não será capaz de reconquistar o apoio do público.
O próprio Juan Carlos reconheceu tal fato, dizendo que sua abdicação significa abrir espaço para as "transformações" e "reformas" que as atuais circunstâncias exigem.

Crise na Catalunha

Como seu pai, o futuro rei terá poderes políticos limitados, e a recuperação da imagem do sistema político dependerá dos principais atores políticos.
No entanto, a Constituição de 1978 estabelece que a monarquia "arbitra e modera o funcionamento regular das instituições", o que deve permiti-lo pressionar líderes políticos a deixarem as diferenças de lado e buscar respostas criativas para problemas aparentemente sem solução.
O futuro rei não possui um mandato político para realizar alterações e, claro, não pode prejudicar o governo democraticamente eleito da Espanha, mas ele ainda quer exercitar o seu direito de ser consultado para apoiar e alertar.

Rei Juan Carlos (BBC)
Juan Carlos abdicou ao trono espanhol em meio a uma crise de imagem da família real
O desafio político mais sério a ser enfrentado por ele será a decisão do governo da Catalunha de realizar um referendo sobre a independência da região no dia 9 de novembro. O governo espanhol e a Corte Constitucional classificaram o processo como ilegal.
Felipe - que fala catalão e conhece bem a região - pode ter uma atuação discreta em ajudar os líderes políticos a encontrarem uma maneira para superar a crise.
O caso poderia levar a uma crise institucional sem precedentes se autoridades da Catalunha tentarem uma declaração unilateral de independência.
Novos esforços para acomodar nacionalistas, incluindo catalães, dentro do Estado espanhol são esperados, e devem exigir uma reforma constitucional.

Prestígio em queda

No curto prazo, no entanto, o maior desafio do novo monarca será reformar o papel e o estilo na própria monarquia espanhola.
O prestígio da instituição foi afetado pela atual investigação sobre as atividades financeiras do cunhado de Felipe, Iñaki Urdangarin, o que forçou o príncipe a ter contato limitado com sua irmã Cristina.
A investigação em si prova que ninguém é acima da lei na Espanha, mas ainda não se sabe se será capaz de causar mais estragos à imagem da monarquia no futuro.
Acima de tudo, o escândalo trouxe à tona a importância de garantir que a família real funcione de forma mais transparente.
Felipe 6º também terá de se aproximar de setores da sociedade espanhola cada vez mais indiferentes ou hostis à monarquia.
O futuro rei pode ser menos espontâneo e caloroso que seu pai, mas ele é esforçado e disciplinado, e será o primeiro monarca espanhol com um diploma universitário.
No atual clima, estes atributos certamente o colocarão em uma posição favorável sob os olhos de seus conterrâneos.


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