O geoprocessamento mudou o conceito da geografia?
Publicado por Jana Yres em 17/05/2014 em SIG - Sistemas de Informações Geográficas
Aqui segue um breve comentário, através de uma entrevista realisada pela Revista Geografia feita a Paulo Roberto Fitz, autor dos livros “Geoprocessamento sem complicação” e “Cartografia Básica”, lançados pela Oficina de Textos, que trabalha com geoprocessamento há quinze anos. É especializado em Geografia Ambiental e tem mestrado em Sensoriamento Remoto e doutorado em Recursos Hídricos e Saneamento Ambiental, todos pela UFGRS . Atualmente é professor adjunto, pesquisador e coordenador do curso de Geografia da Unilasalle – Centro Universitário La Salle. Nesta entrevista, Fitz fala sobre sua experiência na área, comenta o uso e o ensino do geoprocessamento no Brasil e alerta para as possibilidades que os profissionais de geografia podem estar perdendo. Na entrevista feita, ouve algumas perguntas de maiordestaque e também relevantes, veja:
CP Geografia: Como está o avanço do geoprocessamento no Brasil tanto em termos de uso quanto de produção de estudos e material acadêmico?
Paulo Roberto Fitz: Eu vejo um avanço bastante rápido. Há 15 anos quase não existia nada, hoje em dia qualquer universidade vinculada a geografia pelo menos tem um laboratório, um núcleo que trabalhe com geoprocessamento. Qualquer empresa que trabalhe com consultora ambiental em geral tem uma ferramenta que faça algum uso, nem que seja apenas um mapa, para trabalhar com esse tipo de coisa. Nesses últimos anos, o campo de atuação do geoprocessamento aumentou muito, basta ver o próprio uso dentro do automóvel.
CP Geografia: Você acha que o geoprocessamento pode ir além da cartografia?
Paulo Roberto Fitz: Sim, muito além da cartografia. Todas essas análises geográficas necessárias ao geoprocessamento a cartografia não faz. A principal figura do geoprocessamento ainda é a do geógrafo, que consegue aglutinar as informações de maneira mais próxima do que se deseja, fazer uma análise espacial. O papel fundamental da cartografia é na parte técnica e específica da coisa, mas a análise e toda a parte de interpretação e o desenvolvimento para se poder concluir alguma coisa, extrair informações, interpretar, é o geógrafo quem faz.
CP Geografia: Houve uma massificação do geoprocessamento com o acesso a ferramentas como o Google Earth, o Google Maps e o Wikimapia. O que você acha disso?
Paulo Roberto Fitz: Eu acho ótimo, com bons olhos. A geografia está na moda. Esse tipo de massificação é boa nesse sentido, a tecnologia está à disposição de todo mundo. Não só para isso, mas para tudo, todas as áreas usufruem dessa tecnologia. Está à disposição de todos, mas é para o uso leigo – tem algumas coisas que você consegue extrair boas informações, dá para fazer um trabalho sério com o Google Earth, você pode fazer dele um serviço bastante preciso e técnico, mas o leigo vai usar como leigo. É uma forma de divulgação e é importante para o professor de ensino médio, que pode usar para fazer propaganda. Mas não pode encerrar ali. Essa é a grande dificuldade que a geografia tem, as pessoas acham que a geografia se encerra no ensino médio e mais nada. Ninguém enxerga a geografia como algo que vá além daquilo, o estudante acha que não tem mais o que aprender. É um problema por outro lado vinculado a essas tecnologias. É preciso deixar claro que o uso e o conteúdo não acabam ali, é tarefa do educador mostrar o que pode fazer a partir desse ponto.
CP Geografia: Que softwares de geoprocessamento você recomenda?
Paulo Roberto Fitz: Hoje em dia são três principais: o SPRING , que é gratuito, em português, tem tutorial em português e tudo mais. O IDRISI , que é o mais amigável de todos e tem licença para estudantes, o que diminui o custo, tem suporte para o Brasil e faz tudo. E tem o ArcGIS , que é profissional, vai por um caminho mais de empresa, de investir profissionalmente. Esses são os três básicos.
Para adquirir os livros desse grande autor acesse o site: www.ofitexto.com.br
Fonte: Revista Geografia
Nenhum comentário:
Postar um comentário