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sábado, 1 de fevereiro de 2014

População sem-teto cresce 50% nos últimos 12 anos na França

População sem-teto cresce 50% nos últimos 12 anos na França


Atualizado em  31 de janeiro, 2014
Sem-teto em Paris, em foto de arquivo (Reuters)

Aumento do desemprego e alto custo de moradia contribuem para crescimento da população sem-teto

O número de pessoas sem-teto cresceu 50% na França desde 2001, totalizando mais de 141 mil - incluindo 30 mil crianças -, segundo dados de um estudo divulgado nesta sexta-feira pela Fundação Abbé Pierre, que luta pela criação de moradias às populações carentes.

A situação atual na França "resulta do aumento do desemprego e do trabalho precário, associado à falta de moradias e à alta no preço dos aluguéis", afirma Christophe Robert, diretor-adjunto da Fundação Abbé Pierre, reconhecida como instituição de utilidade pública.
A fundação estima que 3,5 milhões de pessoas na França enfrentem problemas de moradia: além dos sem-teto, chamados de "sem domicílio fixo" (SDF), há pessoas que moram em condições difíceis (sem conforto, com banheiro e chuveiro fora do apartamento ou em locais superlotados) e precárias (em acampamentos, barracos, pequenos hotéis ou se hospedam esporadicamente na casa de amigos ou parentes).
"As soluções (de moradias) improvisadas, como acampamentos e barracos, estão ganhando espaço fora das cidades. Há também o ressurgimento de situações que imaginávamos ser coisa do passado, como barracos nas periferias das cidades e em terrenos baldios", afirma o relatório.
"Há pessoas em grande dificuldade, mas também há uma parte da população que se torna cada vez mais fragilizada em relação à moradia, mesmo no caso de quem trabalha", diz Robert, citando o exemplo de pessoas com emprego que são obrigadas a dormir em seus carros.

Dificuldades

Em Paris, por exemplo, as condições para se alugar um apartamento são cada vez mais rigorosas.
Os proprietários chegam a exigir que o inquilino ganhe o triplo do valor do aluguel, sendo que em Paris é raro o aluguel de um pequeno apartamento, de cerca de 30 metros quadrados, por menos de mil euros (cerca de R$ 3,3 mil).
Em Paris, é possível ver às vezes fileiras de pessoas dormindo em colchões na rua, sobretudo imigrantes romenos ou de origem roma, mesmo em áreas turísticas. Eles são posteriormente retirados do local pelas autoridades.
Ao mesmo tempo, a prefeitura de Paris vem instalando mobiliários urbanos (como bancos nas ruas e nos metrôs) projetados especialmente para que as pessoas não possam se deitar.

Aluguel mais caro

O estudo também aponta uma "alta não controlada do preço da moradia", ressaltando que os aluguéis subiram 55% em 13 anos. Enquanto isso, a situação econômica se deteriorou. O desemprego, por exemplo, aumentou 6% em 2013 e atinge 4,9 milhões de pessoas.
Os dados no relatório da Fundação Abbé Pierre sobre a população sem-teto são do Instituto Nacional de Estatísticas e Estudos Econômicos (INSEE, equivalente ao IBGE brasileiro).
Mas o estudo sobre a crise da moradia na França, realizado anualmente pela fundação, faz um panorama completo da situação no país.
De acordo com o relatório, apesar do aumento de 34% da oferta de moradias sociais entre 2000 e 2013, ela ainda é "insuficiente para atender à demanda".
Segundo o estudo, 1,7 milhão de pessoas estão na fila à espera de uma moradia social no país.
Moradores de mais de 91 mil lares estão ameaçados atualmente de expulsão por não pagar o aluguel. E 3,8 milhões de lares estão em situação de "precariedade energética" por não conseguir pagar as contas de luz e de gás.

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