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terça-feira, 5 de novembro de 2013

Entrevista com Alexandre Lafer Frankel, de 2012, sobre a bicicleta na mobilidade urbana: “Aboli o carro. Esta decisão melhorou muito a minha vida”

Alexandre Lafer Frankel: “Aboli o carro. Esta decisão melhorou muito a minha vida”

Publicado a 3 Aug 2012 em Entrevistas

Alexandre Lafer Frankel: “Aboli o carro. Esta decisão melhorou muito a minha vida”“Como viver em São Paulo sem carro” é o mais recente livro que acaba de chegar às livrarias brasileiras. Idealizada por Alexandre Lafer Frankel, CEO da construtora brasileiraVitacon e adepto das duas rodas, a obra conta a história de 12 habitantes de São Paulo que decidiram deixar o carro em casa para passar a andar a pé ou de bicicleta.
Numa entrevista exclusiva ao Menos um Carro, Alexandre Lafer Frankel falou sobre o livro e das mudanças positivas que poderão advir do simples acto de deixar o carro em casa. E revelou que, além do Brasil, está nos seus planos estender a iniciativa a outras cidades do mundo.
O que o levou a idealizar o livro “Como Viver em São Paulo Sem Carro”?
Aboli o carro. Esta decisão melhorou de maneira extraordinária a minha vida. Então, decidi trazer esta experiência para a minha empresa. A ideia do livro é difundir esta causa e incentivar as pessoas a não utilizarem o carro.
Onde se pode adquirir o livro? Está à venda só no Brasil?
O livro pode ser adquirido nas melhores livrarias online e offline brasileiras – Livraria Cultura dos Shoppings Paulista , JK, Villa Lobos, Market Place, Pompéia e Campinas e Livraria da Villa Fradique Coutinho , Lorena, Higienópolis, Itaim Bibi e Butantã ). Por enquanto, está a ser vendido apenas no Brasil.
Como descreve o livro?
Um guia prático para mostrar aos habitantes de São Paulo, e a qualquer cidadão que vive nas grandes metrópoles, que é possível viver sem carro. A vida fica mais harmoniosa, há interacção com a cidade, há muito menos stresse, criam-se mais amizades, a poluição diminui e passamos a ter mais tempo para actividades de lazer e para a família.
O livro partilha ainda dados inéditos sobre uma pesquisa de opinião pública, realizada pelo instituto Ipespe aos habitantes. Qual foi o dado que mais o surpreendeu?
Que as pessoas estão dispostas a fazer concessões para viver mais perto do trabalho, declarando independência do carro. E isto não quer dizer necessariamente pagar mais.
Considera que é fácil andar a pé ou de bicicleta em São Paulo?
Não considero fácil. Também considero difícil andar de carro. Precisamos de força de vontade e de uma dose de persistência para abolirmos o carro da nossa vida. Aprendi que devemos fazer o que está ao nosso alcance e não esperar que alguém tome providências por nós.
Continua a registar-se na cidade de São Paulo níveis elevados de poluição atmosférica provocados pela circulação automóvel. O que é preciso fazer para inverter este cenário?
Promover a utilização de transporte colectivo e dar prioridade aos peões e aos utilizadores de bicicleta. Parece óbvio, mas São Paulo é uma cidade feita para os carros.
Os habitantes de São Paulo continuam a preferir o automóvel aos transportes públicos?
A maioria dos cidadãos, sim. O carro ainda é um ícone de status. Muitos alegam a falta de conforto e a precariedade do transporte público para preferirem o carro. E, neste sentido, o livro desmistifica esta ideia. Hoje, o chique é não precisar do carro.
O livro fala apenas da realidade de São Paulo. Está nos seus planos estender a iniciativa a outras cidades do Brasil? Se sim, qual seria a cidade que se seguiria a São Paulo?
Já recebi convites de outras metrópoles como Londres e Buenos Aires. Ficarei muito feliz se contribuir para que a causa se espalhe a todo o planeta. Todas as metrópoles que sofrem com o transito e com as suas consequências são candidatos a receber um livro como este.
O Alexandre é também adepto dos modos suaves de deslocação. É verdade que a sua carta expirou há mais de um ano?
Sim, é verdade. Não voltei a renovar.
O Alexandre é CEO da Vitacon, empresa do sector imobiliário, que compra terrenos para incorporar e construir. É possível conciliar o desenvolvimento de projectos de imobiliário com opções de mobilidade urbana mais sustentáveis?
Sim, é perfeitamente possível. Os nossos empreendimentos incentivam as pessoas a não utilizar o carro, uma vez que ficam próximas das áreas de uso complementar (residenciais estão perto das zonas comerciais), estações de metro, estacionamento para bicicletas e sistema de partilha de bicicleta.
Conhece a realidade portuguesa? Qual acha que é a posição que Portugal ocupa ao nível da utilização dos transportes públicos em comparação com o resto da Europa?
Apesar de ter visitado Portugal algumas vezes, considero que a minha visão é muito mais de um turista do que de alguém apto para analisar o transporte público. Todavia, posso dizer que fiquei bem impressionado com o que vi. Certamente, Lisboa apresenta um cenário muito melhor do que a cidade de São Paulo.
Para si, qual é a cidade que é um exemplo a seguir em termos de mobilidade sustentável?
Copenhaga, na Dinamarca, ou Cambridge, no Reino Unido.
Projectos de mobilidade que gostaria de implementar a médio/longo prazo…
As cidades estão construídas, não adianta pensarmos em soluções utópicas. Por isso, considero que devemos respeitar os peões e os ciclistas, construir mais ciclovias e promover a criação de uma cidade mais compacta. Incentivos e planeamento podem  fazer toda a diferença para São Paulo.




















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