O Brasil entra na rota dos indignados do mundo
As grandes movimentações que aconteceram em junho desse ano nos quatro cantos do Brasil anunciaram uma mudança no modo de fazer política daqui pra frente: agora não é mais votar em alguém de dois em dois anos, sabendo que ganhando o PT ou o PSDB pouco mudaria. Junho de 2013 anunciou uma política que é feita na rua, não por politicos profissionais, mas por cidadãos comuns, que cansaram de ano após ano serem enganados com o mesmo discurso requentado dos velhos políticos de sempre, que falam muito dos problemas, mas não falam nada do que causa tudo isso.
Desde 2008 uma profunda crise econômica assola países antes muito estáveis, como Grécia, Espanha e Portugal, chegando ao todo poderoso Estados Unidos. A crise econômica gera grandes contradições para a economia de um país, porque para impedir que grandes bancos e corporações diminuam seus lucros ou fechem, o governo aplica medidas como diminuição dos salários e aumento de impostos, demissões em massa, aumentando muito o desemprego no país. Os cortes no orçamento dos países em crise acontecem sempre nas áreas sociais – diminui-se o financiamento para educação, saúde, cultura. O preço dos alimentos, do combustível, aluguel, transporte, aumenta, ou seja, a vida torna-se muito mais cara do que antes, com as pessoas ganhando menos e mais pessoas desempregadas. A geração de empregos é nula, ou seja, não há perspectiva para os jovens que se formam, não há lugar no mercado de trabalho. Tudo isso faz aumentar visivelmente a pobreza, pessoas sendo despejadas, acumulando dívidas enormes com bancos. Assim foi na Espanha, Portugal e principalmente na Grécia. Egito e Turquia, no mundo árabe, também são expressões muito emblemáticas da crise. E em todos esses países as pessoas se revoltaram contra esse estado de coisas e exploração de seu trabalho e suas vidas, e temos visto, desde 2011, grandes movimentações nesses países, com milhares de pessoas nas ruas, ocupando praças, derrubando ditadores, e exigindo que a voz do povo seja ouvida.
Enquanto isso, no Brasil, os investimentos absurdos despejados na Copa das Confederações, em contraposição ao aumento das passagens, fez explodir uma revolta popular de grandes proporções que reacendeu na cabeça das pessoas a ideia de que é necessário participar da política, isto é, escolher como se constrói seu bairro, cidade e país. Seguimos vendo muitas famílias serem removidas de suas casas para dar lugar a construção de estádios, estacionamentos e outros equipamentos para a Copa do Mundo de 2014; vimos a truculência da polícia reprimindo violentamente as manifestações de rua e corrompida pelo poder político, agindo com muita discriminação com a população pobre, principalmente o jovem e negro. O discurso do “Brasil em progresso” entrou pelo ralo, mostrando as enormes falhas do capitalismo disfarçado adotado pelo PT, um governo que há 10 anos cada vez mais mostra que optou pelo diálogo com as grandes empresas.
A mobilização contra o aumento das tarifas agitou jovens por todo o país que aprenderam na prática que a luta traz conquistas, e nem a velha direita, nem o projeto do PT (que a UBES tem apoiado irrestritamente nos últimos anos) souberam dar resposta às ruas, por isso a necessidade de construir uma alternativa política real que consiga dar direção e consequência para a revolta da juventude e de parcela do povo.
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