China pune envolvidos em má conduta
Edição 211 - Setembro de 2013
Num
sinal de que pretende empenhar-se em conter o crescimento dos casos
de má conduta científica no país, o governo da China divulgou detalhes
sobre seis episódios recentes e as sanções aplicadas contra os
envolvidos. Segundo a Fundação Nacional de Ciência Natural da China
(NSFC, na sigla em inglês), agência governamental de fomento à pesquisa,
as fraudes cometidas pelos pesquisadores envolveram plágio, apropriação
de resultados de outras pesquisas e de propostas de projetos,
fornecimento de informações pessoais erradas, adulteração de dados
empíricos ou contratação de ghost writers para escrever artigos.
Os envolvidos foram punidos com a suspensão por tempo indeterminado do
direito de receber bolsas de pesquisa e verbas para projetos.
Entre 2010 e junho deste ano, a NSFC recebeu 468 reclamações e
denúncias envolvendo fraudes e identificou mais de 80 casos de má
conduta na pesquisa. Com a crescente participação do governo chinês no
financiamento da ciência e da tecnologia, um número crescente de
pesquisadores apresentou documentos falsos na submissão de seus
projetos. “A má conduta na pesquisa está expondo um lado negativo do
desenvolvimento da ciência e da tecnologia”, disse Yang Wei, diretor da
NSFC, ao site da China Radio International.
De acordo com um levantamento feito em 2009 pela Associação Chinesa
de Ciência e Tecnologia, dos 30.078 pesquisadores vinculados a
institutos de pesquisa, universidades e hospitais entrevistados em todo o
país, quase metade disse acreditar que fraude acadêmica é prática
“muito comum”. Segundo Yang Wei, isso é consequência da falta de uma
definição detalhada do que é má conduta na política científica do país.
Uma tentativa de estabelecer um padrão de integridade científica
aconteceu em setembro de 2012, quando o governo emitiu uma série de
diretrizes propondo reformas do sistema de ciência, tecnologia e
inovação, de modo a expandir o direito do público de monitorar
atividades de pesquisa, criar uma nova legislação e tornar mais
rigorosas as punições. No mesmo ano, o Ministério da Educação
caracterizou sete tipos de má conduta passíveis de punição nas
universidades, como plágio, falsificação de dados científicos e
adulteração de currículos, em resposta a escândalos como o que levou à
demissão de dois professores da Universidade Zhenjiang, He Haibo e Li
Lianda, que copiaram dados de outros pesquisadores em trabalhos
científicos. “A China ainda precisa de leis e regulações para prevenir e
punir má conduta na ciência, assim como padrões para identificar
fraudes”, disse Yang Wei.
Nenhum comentário:
Postar um comentário