Um atentado à soberania e à segurança
Assumir um papel estratégico no mundo tem seus custos. Não existe economia forte de país fraco
por Pedro Estevam Serrano — publicado 02/09/2013
Ainda não confirmada, a notícia de que a presidente Dilma Rousseff e seus assessores foram espionados pela Agencia de Segurança Nacional dos EUA é gravíssima.
Se verdadeira a informação, trata-se de um grave atentado à soberania e à segurança nacional brasileira.
Urge a adoção de medidas graves no plano diplomático, exigindo um pedido de desculpas dos EUA e seu compromisso de interromper qualquer atividade nesse sentido no futuro.
Além das medidas diplomáticas garantidoras de nossa soberania, o ocorrido exige do governo e da cidadania uma sincera reflexão sobre um tema pouco tratado em nossa mídia e nos discursos de governantes.
Com seu novo papel econômico e estratégico nas relações mundiais, o Brasil carece de alterar a sua forma de encarar os investimentos em defesa nacional e inteligência militar e civil.
Contar com Forças Armadas mais bem aparelhadas e com maior remuneração, ideologicamente adaptadas a democracia e com melhor treinamento profissional é uma medida que urge.
Precisamos romper de vez com a visão das Forças Armadas como corpo sempre pronto a uma ação política interna, uma força mais voltada a coagir brasileiros que forças externas, para encará-las como corpo profissional de defesa nacional.
Cabe-nos construir Forças Armadas democráticas e profissionais, e não se acomodar no papel da desconfiança e critica niilista.
Da mesma forma, os serviços de inteligência devem se voltar menos a acompanhar a política interna e mais a prover os interesses nacionais face às forças externas.
A rigor, a notícia de espionagem pela Rede Globo é um sinal de ineficiência total de nossos serviços de inteligência. Também necessitam de mais verbas e mais cobrança de eficiência profissional.
Assumir um papel estratégico no mundo tem seus custos. O crescimento econômico e seu consequente aumento de poder na economia global trazem necessidades, como a de melhorar a defesa nacional. Não existe economia forte de país fraco.
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