Poeta ganês Kofi Awoonor e três britânicos entre os mortos de Nairobi
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PÚBLICO
O grupo deixou sair as pessoas muçulmanas
SIEGFRIED MODOLA/REUTERS
Uma unidade das forças especiais israelitas entrou este domingo no centro comercial de Nairobi que foi atacado por um comando islamista. Morreram 59 pessoas e há um número indeterminado de reféns. Os feridos são quase 200.
"Os israelitas já entraram e vão em socorro dos reféns e dos feridos", disse uma fonte dos serviços de segurança quenianos à AFP. Ao início da tarde ouviam-se tiros no interior do edifício.
O Governo queniano não explicou ainda se foi a seu pedido que Israel está a intervir. Uma porta-voz do Ministério dos Negócios Estrangeiros israelita, Ilana Stein, disse que o ataque começou junto ao café e padaria ArtCaffe, propriedade de israelitas. Mas apenas um israelita foi atingido e tem ferimentos ligeiros, o que leva a crer que este ataque não está relacionado com Israel.
As nacionalidades dos mortos e feridos ainda não foram devidamente apuradas, mas o Gana e o Reino Unido já confirmaram a morte de cidadãos.
Um dos mortos é o poeta e diplomata ganês Kofi Awoonor, que estava no centro comercial com o filho, que ficou ferido, anunciou o governo do Gana. "Três britânicos morreram e tememos que oesse número aumente", disse também este domingo o ministro britânico dos Negócios Estrangeiros, William Hague. Sabe-se que entre os feridos há americanos, canadianos e franceses.
Este centro comercial já tinha sido considerado pelos Estados Unidos uma zona de risco por ser o local de encontro da comunidade de diplomatas na capital queniana - e por ter um café israelita no rés-do-chão. Ao sábado, diz a Reuters, as lojas, os cafés gourmet e os restaurantes de sushi de Westgate estão cheios.
O Quénia é o centro da diplomacia em África, sendo em Nairobi a sede africana das Nações Unidas e de outras organizações. Não tem sido poupado ao terrorismo. Em 1998 a Al-Qaeda matou mais de 200 pessoas ao fazer explodir um camião armadilhado junto à embaixada americana de Nairobi. E, em 2002, terroristas islâmicos atacaram o hotel Indian Ocean, propriedade de israelitas, e lançaram mísseis contra um avião de Israel.
O ataque de sábado foi reivindicado - primeiro no Twitter, depois através da estação de televisão Al-Jazira - pela Al-Shabab, a organização armada islamista que actua na Somália (onde controla extensos territórios) mas tem feito incursões no Quénia. Tropas do Quénia participam na missão da União Africana na Somália e o Governo de Nairobi tem patrulhas em território somali que tentam evitar a progressão da Al-Shabab.
A presença queniana na Somália foi condenada pela Al-Shabab que ameaçara com "duras" represálias. "O que o povo queniano vê em Westgate é a justiça punitiva pelos crimes cometidos pelos seus soldados", publicou a Al-Shabab no Twitter antes de encerrar a conta que estava a usar, no sábado à noite.
"O Quénia não se deixa intimidar pelo terrorismo", disse o Presidente queniano, Uhuru Kenyatta, que afirmou ter perdido "membros da família" no ataque.
O Departamento de Estado americano condenou o "acto de violência sem sentido que resultou na morte de mulheres, homens e crianças inocentes". A embaixada dos EUA em Nairobi disse estar em contacto com as autoridades e disponibilizou toda a ajuda necessária.
A BBC avança que as autoridades estimam que so que ainda permanecem no interior do edifício se encontram em várias localizações, o que está a dificultar a operação de resgate. A polícia e os militares fizeram raides no Westgate e retiraram dezenas de pessoas que estavam escondidas nas lojas, mas a operação poderá estar ainda longe do fim. Algums meios de comunicação estavam a avançar que o comando islamista poderá ter-se refugiado, com reféns, dentro do supermercado.
Algumas testemunhas disseram que os atacantes — que entraram no centro comercial depois de terem lançado granadas para o seu interior — tinham metralhadoras AK-47 e disseram aos muçulmanos para saírem, tendo começado a executar os não muçulmanos.
Pouco depois do ataque, que teve lugar ao meio-dia local (10h em Lisboa), foram enviadas para o centro comercial as unidades de elite da polícia e do exército, apoiadas por helicópteros de combate. Do interior do centro comercial foram retiradas perto de mil pessoas.
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