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terça-feira, 3 de setembro de 2013

Mundo perderá controle da situação se houver ataque à Síria, afirma Bashar Al Assad

Mundo perderá controle da situação se houver ataque à Síria, afirma Bashar Al Assad

Em entrevista ao jornal francês Le Figaro, presidente sírio desafiou EUA e França a apresentarem provas de uso de armas químicas
02/09/2013

Em sua primeira entrevista à imprensa internacional desde que foi diretamente acusado pelos EUA como responsável por ataques químicos, o presidente da Síria, Bashar Al Assad, afirmou que, assim que seu país for atacado, “o mundo inteiro perderá o controle da situação”. A declaração foi dada em entrevista exclusiva ao jornal francês Le Figaro.
Quando questionado sobre qual seria sua resposta em caso de intervenção ocidental, Assad afirmou: “o Oriente Médio é um barril de pólvora e o fogo se aproxima dele no dia de hoje. O mundo inteiro perderá o controle da situação caso este barril exploda. O caos e o extremismo se proliferarão. O risco de uma guerra regional existe”.
Ao comentar a acusação dos EUA de que o exército sírio utilizou armas químicas contra cidadãos no último dia 21 de agosto, Assad desafiou os EUA e a França a apresentarem provas desse ataque. No entanto, ele não esclareceu o fato do Estado sírio ter ou não armas químicas, preferindo não abordar a respeito da posse desse tipo de armamento.
Assad ainda foi questionado se ele considerava a França sua inimiga - uma vez que o presidente francês, François Hollande, afirmou estar disposto a iniciar uma intervenção na Síria, ao lado dos EUA. A resposta do presidente foi categórica: qualquer um que contribua para o fortalecimento financeiro e militar de terroristas e seja contra os interesses da Síria e dos seus cidadãos é considerado seu inimigo.
A entrevista foi concedida com exclusividade neste domingo (01) ao veículo francês Le Figaro e será divulgada na íntegra na edição impressa desta terça-feira (03).

Apelo à ONU
A Síria pediu nesta segunda-feira (02) à ONU que impeça "qualquer agressão" ao seu território. De acordo com a imprensa europeia, Damasco pede que o Conselho de Segurança "mantenha seu papel e garanta a segurança para que não aconteça o uso absurdo da força fora das regras de legitimidade internacional".
O governo sírio enviou uma carta ao secretário-geral da ONU, Ban Ki-moon, e à presidente do Conselho de Segurança, a argentina Maria Cristina Perceval, pedindo também que se alcance uma "solução política" para o conflito. "As atividades desses grupos (grupos ocidentais que pretendem uma intervenção na Síria) coincidem com uma campanha política, diplomática e midiática feita por alguns países que são diretamente responsáveis pelo derramamento de sangue na Síria e impedem uma solução pacífica", diz a carta.

Acusação
Washington divulgou na última sexta-feira (30) um relatório da inteligência afirmando que 1.429 pessoas - incluindo 426 crianças - morreram no ataque com armas químicas realizado na Síria no dia 21 de agosto. Segundo o secretário de Estado, John Kerry, há provas “claras e convincentes” de que a ação foi realizada pelo governo de Bashar al Assad. "Afirmamos com alta confiança que o governo sírio realizou o ataque com armas químicas contra elementos da oposição nos subúrbios de Damasco em 21 de agosto", afirma o relatório divulgado nesta segunda-feira (02) pela Casa Branca.
De acordo com Kerry, as evidências de que Assad realizou o ataque são “esmagadoras”. Ele afirmou ainda que a inteligência dos EUA pode dizer de onde e para onde os mísseis foram lançados e que um aviso foi passado aos soldados para que saíssem às ruas com máscaras de gás e se preparassem para um ataque químico.
Washington agora espera pelo aval do Congresso para começar uma nova intervenção no Oriente Médio. (com reportagem de Dodô Calixto)
Foto: Roosewelt Pinheiro/Abr

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