Hezbollah acusado dos bombardeamentos de Trípoli
Al-Qaeda para o Magrebe Islâmico diz que sabe "com toda a certeza" que o grupo militante xiita é o responsável pelos atentados em mesquitas sunitas do Líbano.
Mesquitas atingidas pelas bombas foram vedadas pela polícia REUTERS/JAMAL SAIDI
O ataque coordenado à bomba sobre duas mesquitas da cidade portuária de Tripoli, não foi reivindicado, mas para os parlamentares do Líbano não há dúvida que por detrás dos bombardeamentos, que ontem provocaram 45 mortos e mais de 500 feridos, estão “mãos traiçoeiras interessadas em trazer as chamas regionais para dentro do país”.
A referência era aos grupos envolvidos na guerra civil da Síria e, particularmente, ao Hezbollah, o grupo militante xiita que é apoiado pelo Irão – e que a Al-Qaeda para o Magrebe Islâmico já acusou de ser responsável pelos atentados em Trípoli.
“Sabemos com toda a certeza que foi o Hezbollah. Esse partido vil tem de ficar desde já a saber que a retribuição vai chegar em breve” ameaçou a AQMI, em mensagens monitorizadas pelo serviço norte-americano Site, que acompanha as comunicações de grupos terroristas.
O receio é que a guerra síria, e a instabilidade regional que ela promove, venha exacerbar as tensões internas no Líbano e a arrastar o país para um novo conflito sectário. O país viveu 15 anos em guerra civil (1975-1990), e está agora profundamente dividido em função da situação do outro lado da fronteira.
A comunidade maioritária sunita opõe-se ao regime do Presidente da Síria, Bashar al-Assad, que conta com o apoio dos xiitas alauitas e, crucialmente, dos militantes do Hezbollah. A integração de combatentes do grupo islamista libanês nas fileiras do Exército sírio permitiu ao regime recuperar o controlo na área da fronteira que tinha caído nas mãos dos rebeldes.
A oposição síria acusou Damasco de estar envolvido nos bombardeamentos do Líbano, ontem em Trípoli e há uma semana em Beirute. “Os atentados no Líbano são um projecto de dissensão urdido por um regime criminoso e ultrapassado, interessado em mergulhar toda a região num conflito odioso, na destruição e no caos”, afirmou a Coligação Nacional Síria, que representa os movimentos que contestam Assad, em comunicado.
O Governo decretou para este sábado um dia de luto nacional, “em solidariedade com as famílias das vítimas e em repúdio do terrorismo”. Em Trípoli, a segunda cidade do país, cumpriram-se as cerimónias fúnebres após a oração do meio-dia – a zona envolvente às mesquitas de al-Taqwa e al-Salam, atingidas ontem por dois carros armadilhados, permanecia vedada para as perícias e investigações da polícia. Pelo menos 280 pessoas permaneciam hospitalizadas, segundo informaram as autoridades sanitárias.
A cidade acordou em estado de sítio: o Exército mobilizou tanques e viaturas blindadas para as ruas e multiplicou as patrulhas de soldados a pé; os comerciantes fecharam as lojas com barreiras de metal e à porta das mesquitas, das sedes dos partidos ou nas residências de deputados ou líderes religiosos eram visíveis seguranças armados.
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