Carlos Dias, uma lição de vida em 24 horas
“Aprendi com a minha mãe a nunca deixar nada pela metade”, confidencia Carlos Dias, um brasileiro que resolveu ganhar a vida com seus próprios pés. Carlos é ultramaratonista e enfrenta os desafios mais complexos possíveis. Atravessou o deserto do Saara, Floresta Amazônica, África do Sul, Nova York, entre tantos outros lugares, munido de um par de tênis e a vontade de compartilhar suas conquistas com outras pessoas.
Carlos está prestes a completar um novo objetivo: percorrer todas as capitais brasileiras em corridas de 24 horas de duração. Durante seis meses, Carlos atingiu 2.840 km e se prepara agora para a última etapa, que acontece no próximo final de semana, em São Paulo. “A ideia surgiu após eu ter dado a volta ao redor do país em 2009. Agora, resolvi lançar esse desafio para comemorar meus 40 anos”, explica. Como as corridas são abertas ao público, Carlos decidiu doar parte do total arrecadado com a venda dos kits ao Grupo de Apoio ao Adolescente e à Criança com Câncer (Hospital GRAACC). “Sempre coloco a minha atividade a serviço de outras pessoas. Não basta acreditar em determinados valores, se você só olha para o seu umbigo”, aponta.
Às 10 horas do próximo sábado, Carlos começa o itinerário na esteira de uma academia localizada no Shopping Eldorado. Percorre depois grandes avenidas da cidade e só para no domingo, retornando ao local de origem. O corredor faz pequenas pausas de 20 minutos, para poder se alimentar, ir ao banheiro e alongar os músculos. Mantém uma velocidade média de 7 km por hora e frequência cardíaca de 140 batimentos por minuto.
“Tenho uma família para me acolher em cada capital que passei. Amigos que torcem por mim e fortalecem ainda mais o meu lado emocional”, garante. Durante tantos trajetos, teve a chance ainda de conhecer ídolos esportivos. Esbarrou com o jogador Ronaldo durante a primeira etapa no Rio de Janeiro, que topou percorrer parte do trajeto ao seu lado. Contou ainda com o apoio de Bernardinho para promover a etapa de São Paulo. “Se eu tivesse o Bernardinho gritando e me incentivando no meio do deserto, tudo ficaria mais fácil”, brinca.
Atleta há 20 anos, Carlos tem hoje pequenos patrocínios, que o permitem contar pontualmente com uma equipe para os treinamentos. Também ministra palestras para empresas e planeja o lançamento de um livro para o próximo ano. Carlos já estuda novas ultramaratonas, como atravessar toda a Ilha de Madagascar e percorrer todos os estados americanos em corridas de 24 horas.
Para quem já cruzou o deserto de Wadi Rum (Jordânia), completando 250 km em 7 dias, ou foi de Atenas a Esparta (Grécia) em um percurso de 35 horas, o desgaste físico já faz parte de sua rotina. “A maior dificuldade hoje é ficar longe do meu filho de 6 anos”, revela.
Super Humano. Foi assim que um documentário da History Channel o apelidou, após acompanhar 5 anos de sua trajetória. Mais do que medalhas e recordes, Carlos Dias parece correr em busca de algo que só fará sentido no final. Afinal, as mães sempre têm razão.
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