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quinta-feira, 29 de agosto de 2013

Bashar Assad deve se abrigar no litoral

Bashar Assad deve se abrigar no litoral


Ditador sírio poderia optar por Lakatia, cidade mediterrânea próxima de base russa


28 de agosto de 2013
Roberto Godoy - O Estado de S.Paulo

Sob fogo dos mísseis e das bombas inteligentes da provável coalizão liderada pela França ou pelos Estados Unidos, Bashar Assad e sua tropa mais fiel, a brigada alauita de Forças Especiais, primeiro resistirá - e depois seguirá para um enclave no litoral do Mediterrâneo, incluindo a cidade portuária de Latakia e a estratégica Homs, o centro industrial mais avançado do país.
A região, próxima do parceiro Irã, da base russa de Tartus e na linha de acesso ao Líbano, aberta ao longo de 2012 - e, de acordo com os serviços de inteligência ocidentais, utilizada por grupos fundamentalistas, como o Hezbollah e o Hamas - permitiria a Assad declarar uma espécie de Estado em separado, sob regime especial previsto pela ONU.
Assad contaria também com a Guarda Republicana e com as 4.ª e 5.ª divisões. Um grupo de 50 mil militares, segundo a análise do Instituto Internacional de Estudos Estratégicos.
A informação, embora relativamente frequente nas análises de especialistas sobre o cenário do conflito sírio, chegou, na terça-feira, até o Comitê das Forças Armadas do Senado americano. O candidato derrotado à presidência e senador republicano John McCain, integrante do grupo, voltou a insistir na necessidade de uma "atitude enérgica".
O senador citou as 1.300 vítimas fatais do cada vez mais evidente ataque com gás intoxicante nos arredores de Damasco e perguntou, durante a sessão: "Quantos mais terão de morrer antes que seja recomendada a devida ação militar?"
As Forças Armadas da Síria encolheram em relação ao contingente de 2011 - o Exército soma agora 110 mil homens e mulheres, inclusive os jovens convocados para os 30 meses de serviço obrigatório. Há três anos eram 220 mil - o tamanho das tropas caiu pela metade. Houve deserções e muitas baixas.
A Marinha totaliza 5,2 mil e a Aviação Militar não passa de 27 mil, embora tenha sido reforçada continuadamente, desde 2009, por voluntários estrangeiros não identificados.
A frota declarada de tanques (4.950 unidades) e blindados (2.950 de cinco diferentes tipos) é referente ao disponível antes do conflito. A estimativa é de que cerca de 30% do equipamento caiu em mãos dos rebeldes ou foi destruído durante a luta civil.
O inventário da Força Aérea não é melhor. Havia 536 aeronaves de ataque há quatro anos. O número foi reduzido para bem menos, 365 aviões. Os mais modernos são 30 MiG-29 modernizados nos anos 90. O modelo de maior presença é o MiG-23 de ataque ao solo - antigo, porém robusto e com grande capacidade de destruição. As bases distribuídas pela Síria usam perto de 90 deles. Não há dados disponiveis a respeito da manutenção.
Bashar Assad concentrou recursos em dois comandos, o da defesa aérea e o aeroestratégico encarregado da operação do arsenal químico composto por gases sarin, asfixiante, e VX2 vesiculante - ambos agentes nervosos. O time antiaéreo joga pesado. As duas divisões têm em estoque 4.400 mísseis pesados, mais 4 mil de porte pessoal, do tipo disparado por um artilheiro. O alcance dos maiores chega a 35 km e 15 mil metros de altitude. Os menores vão de 3,5 km a 5,2 km. Os mísseis Scud modernizados, com raio de ação no limite de 450 a 600 km, que eram mais de 100 em 2010, atualmente são apenas 80. 

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