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sábado, 24 de agosto de 2013

355 mortos na Síria têm 'sintomas neurotóxicos', diz MSF

355 mortos na Síria têm 'sintomas neurotóxicos', diz MSF


Médicos sem Fronteiras cita chegada de 3,6 mil pacientes a hospitais.
Opositores afirmam que 1.300 pessoas morreram nos ataques com gases.

Da France Presse - 24/08/2013


Três hospitais próximos a Damasco relataram 355 mortes depois de um suposto ataque químico na última quarta-feira (21), que levou a 3.600 admissões nos hospitais com sintomas neurotóxicos causados por gás, informou a organização Médicos Sem Fronteiras (MSF), neste sábado (24).

A oposição síria acusou as forças do governo de lançaram gases mortais, na quarta-feira, em subúrbios controlados pelos rebeldes em Damasco, matando homens, mulheres e crianças que dormiam.

Estimativas da oposição para o número de mortos variam de 500 a bem mais que o dobro desse número, mas como observadores da ONU não conseguem visitar o local, não houve uma verificação de órgão independente. O MSF não tem pessoal próprio na região de Damasco, mas tem apoiado os hospitais e redes de médicos no local desde 2012.

"Os sintomas reportados dos pacientes, além do padrão epidemiológico dos eventos - caracterizado pelo influxo massivo de pacientes num curto período de tempo, a origem dos pacientes, e a contaminação de trabalhadores de assistência médica e de primeiros socorros - indicam fortemente a exposição em massa a um agente neurotóxico", disse o diretor de operações do MSF, Bart Janssens, em um comunicado.

"Isso constituiria uma violação do direito internacional humanitário, que absolutamente proíbe o uso de armas químicas e biológicas".

Janssens disse que a MSF não poderia confirmar a causa dos sintomas ou dizer quem foi o responsável pelo ataque, mas que tinha enviado 7 mil frascos de atropina - um antídoto contra agentes nervosos.

O regime sírio acusou neste sábado (24) os rebeldes de usarem armamento químico na periferia de Damasco, o que provocou pelo menos 20 casos de asfixia entre os soldados governamentais, segundo as Forças Armadas sírias.

A oposição síria desmentiu neste sábado as acusações do regime de que teria usado armas químicas e afirmou que trata-se de uma estratégia do regime para desviar a atenção de seus próprios "crimes". "A Coalizão Nacional Síria rejeita massivamente as informações mentirosas emitidas pelo regime de Assad e considera que trata-se de uma tentativa desesperada para desviar atenção dos contínuos ataques contra civis", declarou em comunicado.

O Irã, principal aliado regional do regime sírio de Bashar al-Assad, afirmou neste sábado (24)que existem "provas" de que os rebeldes usaram armas químicas nos combates de quarta-feira na região de Damasco, informou a agência Isna.

"Estamos muito preocupados com as informações sobre o uso de armas químicas na Síria e condenamos duramente o uso dessas armas. Há provas de que os grupos terroristas realizaram essa operação", declarou Abas Araghchi, porta-voz da diplomacia iraniana.
Grupos opositores sírios afirmaram que 1.300 pessoas morreram nos ataques com gases lançados ao sudoeste e ao leste da capital na última quarta. O governo da Síria negou o uso de tais armas.
A revolta da Síria contra a família Assad, há quatro décadas no governo, se transformou em uma guerra civil que já matou mais de 100 mil pessoas.
Potências estrangeiras disseram que as armas químicas poderiam mudar o cálculo em termos de intervenção e estão pedindo ao governo sírio para permitir que uma equipe de peritos da ONU examine o local dos ataques relatados de quarta-feira.
Neste sábado, a representante da ONU para Assuntos de Desarmamento, Angela Kane, chegou à capital síria para tentar convencer o regime do presidente Bashar al Assad a autorizar o acesso imediato dos observadores na região do suposto ataque.
Dezenas de pessoas, sendo muitas crianças, morreram nos ataques com gases lançados na última quarta (Foto: Shaam News Network/AP)
Dezenas de pessoas, sendo muitas crianças, morreram nos ataques com gases lançados na última quarta (Foto: Shaam News Network/AP)

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