A distribuição geográfica da riqueza mundial, artigo de José Eustáquio Diniz Alves
Publicado em julho 18, 2013 por HC
[EcoDebate]
O relatório sobre a riqueza global, em 2012, do banco Credit Suisse
(The Credit Suisse Global Wealth Report 2012) traz um quadro bastante
amplo e esclarecedor da distribuição geográfica da riqueza (patrimônio)
das pessoas adultas do mundo. A riqueza global foi estimada em USD$ 223
trilhões em 2012 (meados do ano). Como havia 4,59 bilhões de pessoas
adultas no mundo, a riqueza per capita por adulto foi de USD$ 49.000,00
(quarenta e nove mil dólares).
As regiões com riqueza superior a USD$ 100 mil são América do Norte
(Estados Unidos com patrimônio médio de USD$ 262 mil e Canadá com USD$
228 mil), Europa Ocidental (menos Portugal e Grécia), sendo França com
patrimônio médio de USD$ 265 mil e Reino Unido com USD$ 250 mil, Oceania
(Austrália e Nova Zelândia), Japão (com patrimônio médio de USD$ 270
mil) e Singapura (com USD$ 258 mil, além de diversos países do Oriente
Médio. Os três países no topo da riqueza, em 2012, são Suíça (com
patrimônio médio de USD$ 470 mil), Austrália (com USD$ 350 mil) e
Noruega (com USD$ 33O mil).
Entre os países com patrimônio médio entre USD$ 25 mil a USD$ 100 mil
se destacam México, Chile, Uruguai, Portugal, Turquia, Arábia Saudita,
Malásia, Coreia do Sul, etc. Nenhum país africano atinge esta faixa de
riqueza.
Entre os países com patrimônio médio entre USD$ 5 mil a USD$ 25 mil
se destacam Brasil (com USD$ 24.600), China (com USD$ 20.452), Rússia
(com USD$ 12.161), além de Argentina, Peru, África do Sul, Egito,
Argélia, Indonésia, etc.
Já os países com patrimônio médio abaixo de USD$ 5 mil estão
predominantemente no hemisfério sul ou do chamado “sul global”. Dentre
eles estão Índia (com USD$ 4.250), Paquistão, Bangladesh, além de
Bolívia e a maioria dos países africanos ao sul do Saara. As
desigualdades na distribuição geográfica da riqueza ficam claro no mapa
mundi contemporâneo.
Contudo, a maioria dos países muito ricos (exceto Áustria, Nova
Zelândia, Canadá, Suécia, Noruega) possuem alto déficit ambiental, pois
possuem pegada ecológica per capita bem superior à biocapacidade per
capita. A continuidade da riqueza destes países depende do superávit
ambiental de alguns países como Brasil, Rússia, Argentina, República
Democrática do Congo, etc.
A situação mais grave é a dos países pobres e com déficit ecológico,
tais como Paquistão, Filipinas, Sri Lanka, Haiti, Yemen, Uganda, Ruanda,
Quênia, Senegal, Nigéria, etc. Para complicar, estes países de baixa
renda e com problemas ambientais ainda possuem altas taxas de
crescimento demográfico e uma estrutura etária jovem. Isto significa
maiores problemas sociais e ambientais.
Na pirâmide da riqueza humana 8,1% da população mais rica concentrava
82,4% da riqueza mundial, em 2008, enquanto 69,3% da população da base
da pirâmide era proprietária de apenas 3,3% do patrimônio mundial. Em
termos de riqueza, o mapa mundi está divido em países ricos (minoria da
população) e países pobres (maioria da população). Em termos ambientais,
também existem países ricos e pobres, mas a degradação ambiental está
avançando em ambos, inclusive nos países ricos de patrimônio material.
Redistribuir a riqueza humana pode ser uma solução social. Mas
recuperar a capacidade regenerativa da Terra e a riqueza natural da
biodiversidade é um imperativo moral e econômico. Não é sustentável e
viável construir uma civilização humana rica sobre uma Terra
transformada em um grande aterro sanitário e sobre um território
transformado em terra arrasada.
José Eustáquio Diniz Alves,
Colunista do Portal EcoDebate, é Doutor em demografia e professor
titular do mestrado em Estudos Populacionais e Pesquisas Sociais da
Escola Nacional de Ciências Estatísticas – ENCE/IBGE; Apresenta seus
pontos de vista em caráter pessoal. E-mail: jed_alves@yahoo.com.br
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