Detroit torna-se maior cidade dos EUA a pedir concordata
18/07/2013
DETROIT - Detroit, que já foi o símbolo da pujança industrial americana, tornou-se hoje a maior cidade dos Estados Unidos a pedir concordata. Suas finanças estão devastadas e seus bairros, assombrados por um longo e lento declínio da população e da indústria automobilística.
O pedido de concordata, que se temia há meses, coloca a cidade em um curso incerto que pode significar a demissão de funcionários municipais, a venda de ativos, aumento de impostos e o redimensionamento de serviços básicos, como coleta de lixo e limpeza de neve, que já sofreram cortes.
Detroit perdeu 250 mil habitantes entre 2000 e 2010. A população, que em 1950 chegou a 1,8 milhão, agora luta para ficar acima de 700 mil. Grande parte da classe média e dezenas de empresas fugiram de Detroit, levando seus impostos com eles. Nos últimos meses, a cidade contou com recursos subsidiados pelo estado para cobrir a folha de pagamento de seus 10 mil funcionários.
Kevin Orr, um especialista em falências contratado pelo governo em março, para conter a derrocada fiscal de Detroit, fez o pedido com base no Capítulo 9 da lei de Falências e o encaminhou a um tribunal federal. "Apenas um caminho viável oferece uma saída", escreveu o governador de Michigan, Rick Snyder, em uma carta aprovando a iniciativa.
Expert na recuperação de empresas, Kevin Orr representou a montadora Chrysler durante sua reestruturação. Em junho, ele se reuniu com os credores da cidade e avisou que havia uma chance de 50% de entrar com o pedido de concordata. Alguns credores foram convidados a subtrair cerca de 10 centavos de cada dólar que a cidade lhes devia. A equipe de Orr disse que Detroit estava inadimplente no pagamento de cerca de US$ 2,5 bilhões em dívidas para "economizar dinheiro" para os serviços de polícia, bombeiros e outros. A proposta, porém, não vingou.
"Apesar dos melhores esforços do Sr. Orr, ele não conseguiu chegar a um plano de reestruturação com os credores da cidade", escreveu o governador. "Concordo, portanto, que o único caminho viável para a Detroit estável e sólida é a de pedir concordata."
Calcula-se que o déficit orçamentário de Detroit ultrapasse US$ 380 milhões. Orr informou que a dívida de longo prazo era de mais de US$ 14 bilhões e poderia ficar entre US$ 17 bilhões e US$ 20 bilhões.
Michael Sweet, um advogado especializado em falências, avalia que a cidade deverá pagar os funcionários atuais. Mas, além disso, não há garantias. "Eles não têm de pagar qualquer um que não queiram", disse ele. "E ninguém pode processá-los."
(Associated Press)
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