CIA torturou cubanos desaparecidos durante ditadura militar na Argentina
Corpos de dois diplomatas cubanos foram identificados
pela
Escola Argentina de Antropologia Forense e repatriados.
Torturadores moram hoje nos EUA
30/07/2013
Aline Gatto Boueri,
Os
diplomatas cubanos Jesús Cejas Arias e Crescencio Nicomedes Galañena
Hernández foram torturados por agentes da CIA em território argentino
durante a última ditadura militar do país (1976-1983). Segundo
investigação divulgada nessa segunda-feira (29) pela agência de notícias
estatal Infojus, a CIA enviou à Argentina os agentes Guillermo Novo
Sampol, um cubano-americano que saiu de Miami rumo a Buenos Aires, e
Michael Townley, que atuava no Chile junto à DINA (Direção de
Inteligência Nacional) de Augusto Pinochet.
Em
declaração à juíza argentina María Romilda Servini de Cubría, Michael
Townley admitiu ter participado como autor material do assassinato do
ex-chefe do Exército chileno Carlos Prats em 1974, em Buenos Aires.
Servíni de Cubría viajou aos Estados Unidos em 1999 para interrogar o
agente da CIA durante a investigação sobre o assassinado do general
chileno.
Townley também foi acusado pelo
assassinato de Orlando Letelier, ministro de Defesa de Salvador Allende,
em setembro de 1976 durante seu exílio em Washington. O agente foi
condenado por sua participação no atentado que matou Letelier, mas fez
um acordo com a justiça estadunidense e recebe proteção como testemunha
de crimes contra a humanidade cometidos no Chile durante o regime
pinochetista.
Restos repatriados
Cejas
Arias e Galañena Hernández foram sequestrados por agentes do regime
militar argentino em 9 de agosto de 1976 nas imediações da Embaixada
cubana em Buenos Aires. Ambos foram levados ao centro clandestino de
detenção “Automotores Orletti”, no bairro portenho de Floresta, onde
foram vistos pela última vez com vida.
O corpo de
Galañena Hernández foi encontrado em junho de 2012 dentro de um barril
enferrujado, cheio de cimento, às margens do Rio de la Plata, no
município de Virreyes, no norte da Grande Buenos Aires. Os restos
mortais de Cejas Arias foram descobertos junto ao de dois argentinos nas
mesmas condições, um ano depois, no mesmo local.
Os restos mortais dos diplomatas foram repatriados após a identificação pela EAAF (Equipe Argentina de Antropologia Forense).
Automotores Orletti
O
centro clandestino de detenção Automotores Orletti, onde os diplomatas
cubanos foram torturados com a participação dos agentes da CIA, era a
sede argentina da Operação Condor, uma aliança político-militar entre os
regimes ditatoriais da América do Sul para colaboração na repressão,
interrogatório, tortura e desaparecimento de presos políticos na região.
Em
março de 2011, a justiça argentina condenou quatro repressores por sua
atuação em Automotores Orletti. Eduardo Rodolfo Cabanillas, ex-general
de divisão do Exército, foi condenado à prisão perpétua; os ex-agentes
da SIDE (Secretaria de Intelegência de Estado) Honorio Martínez Ruiz e
Eduardo Alfredo Ruffo receberam sentença de 25 anos de prisão; e Raúl
Guglielminetti, ex-agente civil de inteligencia del Exército, foi
condenado a 20 años de prisão.
Atualmente, Michael Townley e Guillermo Novo Sampol moram nos Estados Unidos.
Foto: Reprodução/Cubasi
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