Subnutrição afecta 12,5% da população mundial
e supera "de longe" obesidade
Relatório das Nações Unidas diz que subnutrição continua a ser o principal problema.
O custo social do excesso de peso e da obesidade quase duplicou nos
últimos 20 anos, mas a subnutrição ainda é o principal problema,
afectando 12,5% da população mundial, alerta a Organização para a
Alimentação e Agricultura das Nações Unidas (FAO).
Apresentado em Roma, o
relatório anual da FAO conclui que 12,5% da população mundial ingere
calorias a menos, o que representa apenas uma fracção do peso global da
malnutrição, que inclui a subnutrição, as deficiências de
micronutrientes e o excesso de peso e obesidade.
A FAO estima que
26% das crianças do mundo tenham baixo peso, que 2.000 milhões de
pessoas sofram de deficiências de um ou mais micronutrientes e que 1,4
mil milhões de pessoas tenham excesso de peso, 500 milhões dos quais são
obesos.
"Os custos sociais e económicos da malnutrição são
imoralmente altos, atingindo talvez 3,5 biliões de dólares por ano, ou
500 dólares por pessoa globalmente", alerta o director-geral da FAO,
José Graziano da Silva, no prefácio do relatório.
Aquele valor equivale a 5% do Produto Interno Bruto (PIB) global, acrescenta o relatório.
Embora
o custo social da subnutrição materna e infantil tenha diminuído para
quase metade nas últimas duas décadas, enquanto o excesso de peso e a
obesidade quase duplicaram no mesmo período, o primeiro mantém-se "de
longe o maior problema", refere o relatório da FAO.
Com efeito, o
custo social da subnutrição materna e infantil é quase o dobro do custo
do excesso de peso e obesidade nos adultos, informa o documento.
No
futuro imediato, argumenta a agência, a prioridade para a comunidade
global deve continuar a ser a subnutrição e as deficiências de
micronutrientes.
"O desafio para a comunidade global é, portanto,
continuar a combater a fome e a subnutrição enquanto se previne ou
inverte a emergente obesidade", escreve Graziano da Silva.
Embora o
desafio seja grande, o retorno do investimento neste objectivo seria
elevado, pode ler-se no relatório da FAO, segundo o qual reduzir as
deficiências micro nutricionais das crianças resultaria em mais saúde,
menos mortalidade infantil e mais rendimentos futuros, com um rácio de
custo-benefício de quase um para 13.
No seu relatório, a FAO
defende que a malnutrição requer uma abordagem multissetorial, com
intervenções nos sistemas alimentares, mas também na saúde pública e na
educação.
Argumenta que há, nos sistemas alimentares, muitas
oportunidades de intervir para melhorar as dietas e a nutrição, mas
resultados positivos dependem de um conjunto de medidas, em todos os
aspectos do sistema alimentar e qualquer intervenção isolada terá poucas
probabilidades de ter impacto significativo.
"Os sistemas
alimentares devem garantir que todas as pessoas têm acesso a um leque
variado de alimentos nutritivos e ao conhecimento e à informação de que
precisam para fazerem opções saudáveis", escreve Graziano da Silva no
prefácio.
Para o director-geral da FAO, os contributos da
alimentação e da agricultura para a nutrição – através da produção, dos
preços e dos rendimentos – são fundamentais, mas "os sistemas
alimentares como um todo podem contribuir muito mais".
Fonte: http://www.publico.pt/sociedade/noticia/subnutricao-afecta-125-da-populacao-mundial-e-supera-de-longe-obesidade-1596379
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