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sábado, 1 de junho de 2013

Revolta na Suécia‏ expõem a desigualdade crescente

Escrito por  Da Redação

Os conflitos que explodiram na Suécia são a consequência do neoliberalismo que promoveu o desmantelamento do estado de bem-estar e um crescimento acelerado da desigualdade social e da exclusão e discriminação dos imigrantes submetidos também a um cotidiano de brutalidade policial. O país que antes era tido como modelo hoje exemplifica a destruição das políticas sociais promovida pelos neoliberais.
Tido como modelo, país vê insatisfação de imigrantes vir à tona na forma de violentos protestos em Estocolmo. A Suécia é com frequência apresentada – muitas vezes por seus próprios governantes – como modelo de justiça e de uma bem-sucedida integração social. Na última semana, no entanto, vem sendo o país dos pneus, carros e escolas queimados – numa aparente dissonância entre pretensão e realidade.
Os protestos iniciados no distrito de Husby, no subúrbio de Estocolmo, agitaram a vida da aparentemente pacata Estocolmo. Em torno de 12 mil pessoas vivem no distrito, dos quais 85% são imigrantes ou filhos de estrangeiros. Ali, mais de um terço dos jovens de entre 20 e 25 anos de idade estão desempregados.
A crise de 2008 serviu de pretexto para o governo sueco implementar medidas de arrocho e retirada de direitos sociais, a chamada "austeridade". A parcela mais vulnerável da população acabou sofrendo as consequências. Ao mesmo tempo em que promovia reduções nos impostos dos mais ricos, diz Etztold, o governo cortou benefícios aos desempregados e subsídios ao setor de saúde.
"Essas medidas levaram a uma crescente divisão social entre ricos e pobres", explica Almut Möller, do Conselho Alemão para Relações Exteriores (DGAP).
As consequências são mais visíveis em subúrbios como Husby, construídos nos anos 60 e 70 no intuito de prover habitações de baixo custo à população. Inicialmente, cidadãos suecos de baixa renda foram morar nesses locais, mas, com o tempo, imigrantes passaram a ser maioria.
"A Suécia tem uma política liberal de imigração e, hoje em dia, a proporção de imigrantes no país é bastante alta", afirma Möller. Quando o desemprego aumenta em áreas onde as pessoas têm menos acesso à educação e maior dificuldade para encontrar trabalho, destaca o especialista, o desconforto é maior. "O índice de desemprego entre os jovens, de 24%, está bem acima da média da União Europeia", lembra.
O estompim para os distúrbios foi a morte de um imigrante de 69 anos de idade, causada pela polícia que alega ter agido em legítima defesa mas cujo histórico é de brutalidade e repressão contra a população, sobretudo os imigrantes, dos suburbios empobrecidos da Suécia.
"Se esse incidente não tivesse ocorrido, dificilmente a situação se agravaria dessa forma", opina o sociólogo Martin Diewald, da Universidade de Bielefeld, na Alemanha. "Em um grupo que se vê – não injustamente – vítima de discriminação, a violência acaba por emergir quando um ato desses acontece, o que para eles é considerado como uma agressão", completa Diewald. "Isso serve como um indicador sensível de sua vulnerabilidade, uma vez que eles não têm direitos".
A polícia afirma que os protestos estão cada vez mais sob controle. Etzold analisa que, a longo prazo, os atos de rebeldia podem acabar trazendo melhoras às condições de vida nos subúrbios. "Os políticos, que há muito tempo eram negligentes com os problemas dessas regiões, foram pegos de surpresa com a onda de violência. A situação poderá levar à uma maior conscientização de que o governo precisa fazer mais para essa parcela da população."
Etzold é enfático ao afirmar que o aclamado programa de integração sueco fracassou. Para ele, o governo terá que gastar mais em educação, além de proporcionar a abertura de oportunidades no mercado de trabalho. Esse seria o único caminho para a Suécia reconquistar sua reputação de país-modelo. Por enquanto, afirma Etzold, o modelo atual "é mais clichê do que realidade".
Com informações das agências de notícias

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