Premiê rejeita 'Primavera turca' e acirra
disputa política na Turquia
Atualizado em 3 de junho, 2013
Protestos começaram por causa de um parque e se espalharam pelo país
O primeiro-ministro turco, Recep Tayyip Erdogan, afirmou nesta segunda-feira que os quatro dias de protestos contra o governo não são uma "Primavera turca".
Em uma coletiva de imprensa antes de viajar para o Marrocos, ele afirmou que os protestos foram organizados por extremistas e acusou a oposição de provocar "os seus cidadãos".
Análise: A esperança em Istambul
Paul Mason
Enviado da BBC a Istambul
Para qualquer estudante de história social, a visão de uma classe média urbana usando as mãos para retirar pedras da calçada, formar uma cadeia humana e empilhá-las para fazer uma barricada de um metro remete às palavras "Comuna de Paris".
Foi o que eu vi nas ruas ao redor do Estádio de Besiktas na noite passada, e as comparações são nefastas.
Eu cobri o Syntagma, em Atenas, os protestos Occupy e as manifestações na praça Tahrir, no Cairo, mas isso é diferente de todos eles. Primeiro, é sólido: os números apequenam qualquer episódio isolado de agitação na Grécia.
Em segundo lugar, a abrangência do apoio social - dentro do território urbano de Istambul - é maior do que na Grécia e próxima do Egito.
Na Grécia, a classe média urbana estava dividida; aqui na Turquia, a classe média secular está nas ruas com força, unida sobre divisões políticas e disputas de futebol.
É a "Praça Tahrir" da Turquia? Não se os trabalhadores não se juntarem: o país tem um grande movimento trabalhista e segunda-feira é um dia de trabalho, então veremos. Mas é certamente algo maior do que a uma versão turca do Occupy.
A oposição sabe que é fraca, que não tem liderança e não quer uma, e a estratégia oficial se relaciona ao parque Gezi e à brutalidade policial ─ enquanto a esperança que acende os olhos das pessoas com máscaras é se livrar de Erdogan e fazer da Turquia uma democracia secular.
A Comuna de Paris, em 1871, foi estudada pelos revolucionários como um exemplo do que não fazer. O movimento era isolado do resto da França, que votava nos conservadores; não sabia o que queria; aproveitou sua aparente liberdade e foi esmagado.
Ao ler o pedido do Departamento de Estado americano para que o premiê Recep Tayyip Erdogan "se contenha", acho que é possível que a comparação também tenha sido feita por outras pessoas.
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