O que é Beirute? Uma fantástica capital mediterrânea em meio a guerras e inimigos
Veja Meus comentários sobre a Síria no Globo News m Pauta e no Jornal das Dez
Muitas pessoas me perguntaram nos últimos dias como está Beirute,
onde passei a semana passada. Na superfície, continua sendo uma das mais
fantásticas cidades do Mediterrâneo. Vou começar pela Hamra, uma área
tradicionalmente sunita, mas atualmente mista com a presença de muitos
hotéis e estudantes da Universidade Americana de Beirute, a melhor do
mundo árabe.
No café Younus, jovens libaneses
discutem a política da região ao lado de jornalistas locais e
estrangeiros com seus computadores. No Costa Café, há refugiados sírios
de classe média esperam o tempo passar. Meninas de ar meio hipster que poderiam estar em Williamsburg ou na Vila Madalena conversam com outras de hijab, mais conservadoras.
Refugiados sírios mais pobres pedem
dinheiro insistindo que estão fugindo da guerra. Como sempre, as ruas de
Hamra continuam com um vibração única, literalmente 24 horas, com os
jovens migrando dos café para os bares depois da meia-noite. Há também,
na área, muitas exposições de arte.
Na parte oriental da cidade, o bairro
de Ashrafyeh, coração cristão de Beirute, permanece elegante e
restaurantes como o Abdul Wahab ainda servem pratos da culinária
libanesa que tanto sucesso fazem ao redor do mundo, em lugares como São
Paulo e Nova York. Sempre chama a atenção a calma das igrejas de
diferentes denominações cristãs. O shopping ABC, mais voltado ao público
local, permanece cheio com libaneses indo ao cinema.
Gemeyzah, por muitos anos o centro da
vida boêmia libanesa, também na área cristã, perdeu espaço. Nada
relacionado à crise na Síria. Na verdade, os frequentadores simplesmente
migraram para outras regiões de Beirute, como Hamra.
O centro reconstruído de Beirute,
conhecido como Solidere, sofre com a ausência de turistas do Golfo,
deixando muitos restaurantes vazios e as lojas do sofisticado Beirut
Suks, um shopping de marcas caras em formato de mercado árabe, com as
vendas em baixa. Ali perto, Seif Ville, também reconstruída, mantém suas
caras e charmosas ruazinhas totalmente calmas como se fosse uma pequena
vila europeia.
Chama muito a atenção a vitalidade da
Marina de Beirute, concretizada recentemente, próxima ao Hotel
Phoenicia. Os iates gigantescos lembram Monte Carlo. Os prédios novos
como o do Hotel Four Seasons remontam a Dubai. O Phoenicia, mais
tradicional, dá um ar de Copacabana. Os restaurantes ao redor da marina
parecem os da Docas de Alcântara, em Lisboa, ou os do Puerto Madero, em
Buenos Aires. Mas, em vez de servir bife de chorizo, servem kafta.
No Corniche, um calçadão de quilômetros
que começa no Rauche, pedra símbolo de Beirute e gêmea de outra em
Capri, e termina no Hotel San George, uma das últimas marcas de
destruição da Guerra Civil encerrada há mais de duas décadas, jovens
mergulham de pedras no mar enquanto outros fumam narguilé. Alguns mais
velhos pescam. Lembraria o Malecon, de Havana, não fosse pelos banhos,
ou praias, privadas com a elite libanesa. Mães com filhos pequenos,
mulheres de biquínise homens recém saídos da academia.
Beirute, na superfície, não está tão
diferentes das várias outras vezes que estive na cidade ao longo dos
últimos 15 anos como turista ou jornalista. Permanece fantástica e
surpreendendo visitantes. Por acaso, encontrei o sogro do meu primo, de
Maceió, que estava a negócios na cidade com o filho – não são
descendentes. Eles estavam completamente encantados com a magia da
capital libanesa, que apaixona tantas pessoas ao redor do mundo.
Esta é a superfície de Beirute.
Fantástica. Houvesse paz na região, daria para pegar um carro em Tel
Aviv, outra metrópole fenomenal com sua arquitetura Bauhaus e seus cafés
no Boulevard Rothschild que tanto se parecem com os da Hamra, em
Beirute. Sem falar em Damasco, Aleppo, Jerusalém, Belém, Haifa, Nablus e
Petra.
Mas Beirute é a capital de um país
dividido entre diferentes facções políticas, com grupos armados como o
Hezbollah (xiita), Forças Libanesas (cristã) e salafistas (sunitas), ao
lado da Síria, uma nação em guerra civil, e de Israel, um inimigo. Uma
pena.
Guga Chacra, comentarista de política internacional do Estadão e do programa Globo News Em Pauta em Nova York, é mestre em Relações Internacionais pela Universidade Columbia. Já
foi correspondente do jornal O Estado de S. Paulo no Oriente Médio e em
NY. No passado, trabalhou como correspondente da Folha em Buenos Aires
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