Mortos na Síria já são mais de 100 mil
As expectativas da realização de uma conferência de paz, em
Genebra, anunciada em Maio por norte-americanos e russos, parecem cada
vez mais distantes.
O rei Abdullah avisou nesta quarta-feira para os riscos de uma
divisão da Síria, que provocaria “desestabilizaria a região e o futuro
dos seus povos durante gerações”. As declarações do monarca da Jordânia
coincidem com um novo balanço de vítimas: segundo o Observatório Sírio
dos Direitos Humanos, pelo menos 100.191 pessoas, na maioria civis,
morreram desde o início da revolta contra o Presidente Bashar al-Assad.
Esta ONG, a única que desde
o início das manifestações pró-democracia, em Março de 2011, tenta
contabilizar as vítimas, diz que há ainda mais de 10 mil detidos pelo
regime cuja localização é desconhecida. O mesmo acontece com várias
centenas de soldados capturados pelos grupos rebeldes.
Entre os
mortos, 36.661 são civis, incluindo 5144 crianças com menos de 16 anos e
3330 mulheres; 25.407 são membros das forças que apoiam o Governo e
18.072 são combatentes da oposição – destes, só 2015 são desertores; a
maioria, 13.539, são civis que pegaram em armas; e 2518 são combatentes
estrangeiros, jihadistas radicais na sua maioria.
Há duas semanas,
a ONU divulgou um relatório onde dizia que já tinham morrido mais de 93
mil pessoas, incluindo pelo menos 6500 crianças, notando um acentuado
aumento de mortos a cada mês que passa.
O Observatório registou
ainda 17.311 mortos entre as milícias que apoiam Assad e 169 membros do
Hezbollah libanês, que nos últimos meses começou a combater ao lado das
forças do regime.
O Hezbollah já estaria a colaborar com Assad,
mas a entrada assumida no conflito veio sublinhar ainda mais a natureza
crescentemente sectária do conflito. A família Assad é alauita, um ramo
do xiismo, enquanto a maioria dos sírios, e dos que se revoltaram contra
o regime, são árabes sunitas.
“Atear o fogo do confessionalismo
no mundo árabe e muçulmano terá consequências desastrosas por gerações e
para todo o mundo”, disse o rei Abdullah, cujo país recebe actualmente
meio milhão de refugiados sírios. “O maior medo é que o conflito sírio
semeia a discórdia entre sunitas e xiitas na região”, disse, numa
entrevista publicada pelo Asharq al-Awsat, o diário árabe com sede em Londres que é financiado por investidores sauditas.
No
plano diplomático, as expectativas da realização de uma conferência de
paz, em Genebra, anunciada em Maio por norte-americanos e russos,
parecem cada vez mais distantes. Cinco horas de discussões na
terça-feira terminaram sem nenhum acordo. Moscovo insiste que o Irão,
principal aliado de Assad, deve ser incluindo nas conversações, enquanto
Washington se opõe por causa da disputa sobre o programa nuclear
iraniano.
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