Governo turco ameaça fazer avançar o exército para controlar manifestantes
17/06/2013
Cinco sindicatos marcaram para esta segunda-feira uma greve geral que o ministro do Interior classificou de "ilegal".
O vice-primeiro-ministro turco, Bulent Arinç, declarou esta
segunda-feira de greve geral o seu apoio incondicional à actuação da
polícia, que dispersou violentamente os manifestantes em Istambul e
Ancara no fim-de-semana, e ameaçou com a possibilidade de fazer intervir
o exército. "O que temos de fazer é travar um protesto que é ilegal. Se
não for suficiente a polícia, o exército assumirá a situação", disse
numa entrevista na televisão.
Esta segunda-feira decorre
uma greve geral que o ministro do Interior da Turquia classificou como
“ilegal”. O apelo à paralisação foi lançado por cinco sindicatos e duas
centrais sindicais, em apoio da contestação ao governo que dura já há
20 dias. Muammer Güler pediu aos funcionários públicos que não
participem na greve. Se o fizerem, “sofrerão as consequências”, avisou.
“Há
uma vontade de levar pessoas para a rua em acções ilegais, como
manifestações e greves”, disse o ministro do Interior, numa conferência
de imprensa em Ankara. “É impossível de compreender esta insistência”,
afirmou Güler, citado pela AFP. O governante, nessa conferência de
imprensa, garantiu também que não tinha chamado o exército a intervir
para controlar os protestos, diz a agência francesa.
Os ministros
repetem o tom do que o primeiro-ministro, Recep Tayyip Erdogan, já tinha
afirmado na véspera, quando disse que estava a cumprir o seu “dever” ao
“limpar” a Praça Taksim de Istambul dos manifestantes. “Eu avisei que
se tinha tornado insuportável. Foi o meu dever de primeiro-ministro”,
afirmou Erdogan.
Na greve geral participam duas grandes centrais
sindicais (Confederação dos Sindicatos Progressistas, DISK e
Confederação dos Sindicatos do Sector Público, KESK), bem como
sindicatos dos médicos, dos dentistas e dos engenheiros e arquitectos,
segundo a edição em inglês do jornal turco Hurriyet. No total,
representarão cerca de 700 mil associados, diz a AFP, e além de pararem
de trabalhar hoje, prevêem vir para a rua manifestar-se esta tarde –
depois de os protestos terem sido reprimidos com especial ferocidade no
domingo.
A polícia turca deteve perto de 600 pessoas em Istambul e
Ancara nas manifestações anti-governamentais no domingo, afirmou a
Ordem dos Advogados Turca – que fez um apelo ao secretário-geral do
Conselho da Europa para verificar o excessivo uso da força contra os
manifestantes. “Cerca de 460 manifestantes foram detidos pela polícia em
Istambul”, disse fonte da Ordem à AFP, e em Ancara “entre 100 e 130
pessoas foram detidas”. A maioria serão libertadas, depois de
interrogadas, mas há abundantes relatos de violência policial contra os
manifestantes que são detidos.
Merkel critica
Perante este cenário de forte repressão das manifestações, a chanceler alemã Angela Merkel veio criticar de viva voz a violência policial usada para reprimir os protestos, afirmando que foi usada "mão demasiado pesada", depois de o seu ministro dos Negócios Estrangeiros ter já vindo a terreiro. "Há imagens assustadoras, em que se pode ver bem que a polícia reagiu de forma demasiado dura", afirmou Merkel, apelando ao respeito pela liberdade de expressão.
Perante este cenário de forte repressão das manifestações, a chanceler alemã Angela Merkel veio criticar de viva voz a violência policial usada para reprimir os protestos, afirmando que foi usada "mão demasiado pesada", depois de o seu ministro dos Negócios Estrangeiros ter já vindo a terreiro. "Há imagens assustadoras, em que se pode ver bem que a polícia reagiu de forma demasiado dura", afirmou Merkel, apelando ao respeito pela liberdade de expressão.
"O que se passa na Turquia não se
corresponde, para mim, à nossa concepção de liberdade de manifestação e
de expressão das opiniões", afirmou ainda a chanceler alemã, numa
crítica clara ao Governo de Ankara, que está em negociações com a União
Europeia com vista à adesão futura ao bloco europeu.
Soube-se
entretanto que em Istambul foi agredido e preso um fotógrafo italiano,
Daniele Stefanini, de 28 anos, nos confrontos no bairro de Bayrampasha. A
ministra dos Negócios Estrangeiros italiana, Emma Bonino, está a
acompanhar a situação.
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