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domingo, 19 de maio de 2013


Presidente sírio descarta 'renunciar' ao poder 

para pôr fim à crise


Para ele, é 'inadmissível' que se diga que tem que sair porque EUA querem.
Assad destacou ainda que 'não pode haver uma solução unilateral na Síria'.

Presidente sírio descartou 'renunciar' ao poder para pôr fim à crise (Foto: SANA/AFP)Presidente sírio descartou 'renunciar' ao
poder para pôr fim à crise (Foto: SANA/AFP)


O presidente da Síria, Bashar al Assad, rejeita a possibilidade de renunciar ao poder para pôr fim à crise em seu país, argumentando que foi eleito, e que "o povo é quem decide" sobre sua permanência.
Em entrevista publicada neste domingo (19) pelo jornal argentino "Clarín", Assad considera "inadmissível" que se diga que tem que sair porque os "Estados Unidos assim querem ou porque os terroristas o pedem", em referência à oposição.
O líder atribui a múltiplos elementos a extensão e aprofundamento da crise na Síria, "sendo o mais importante a intervenção externa".
Ao ouvir que, segundo a ONU, a guerra causou mais de 70 mil mortes, ele afirma que "seria preciso perguntar a quem coloca esses números a credibilidade de suas fontes" e acrescenta que muitos dos mortos "são estrangeiros que vieram matar o povo sírio".
Assad diz que é pouco objetivo falar de um uso excessivo da força e que "responde segundo o tipo de terrorismo que (seu regime) enfrenta".
Em relação a se houve, no início da crise, a possibilidade de um diálogo que evitasse o atual estágio, ele diz que foram feitas reformas, "mas a cada passo" que seu governo dava, "aumentava o terrorismo".
Assad também acusa Israel de apoiar "diretamente e por duas vias os grupos terroristas, lhes dá apoio logístico e os instrui sobre como e quais lugares atacar".
No entanto ele nega que as forças governamentais tenham o respaldo de combatentes de fora da Síria e admite que é certo que há integrantes do grupo xiita libanês Hezbollah e do Irã, "mas desde antes da crise eles vinham à Síria".
Quanto à conferência sobre a Síria planejada para o final deste mês por Rússia e EUA, ele responde que recebeu bem a aproximação entre esses dois países e que espera "que configure um encontro internacional para ajudar os sírios", mas que não acredita que "muitos países ocidentais queiram efetivamente uma solução para a Síria".
Assad acrescenta que "não pode haver uma solução unilateral na Síria".
"O aspecto básico a tratar em qualquer conferência internacional é deter o fluxo de dinheiro e armas à Síria e acabar com o envio de terroristas que vêm da Turquia e com financiamento do Catar e de outros países do Golfo como a Arábia Saudita", explica.
Perguntado se existe a possibilidade de que o diálogo inclua essas forças externas, como os EUA, Assad mostra disposição de falar "com qualquer força do país ou do exterior, sob a condição de que não empunhem armas".
Em relação às denúncias de que seu regime usou armas químicas contra a população civil, o líder sírio diz que não quer "perder tempo" com essas declarações.
"As armas químicas são de destruição em massa (...) O uso de armas químicas em zonas residenciais significa matar milhares ou dezenas de milhares em minutos. Quem poderia ocultar algo semelhante?", questiona.
Assad acusa os rebeldes, aos quais chama de membros de "grupos terroristas", de ter usado esse tipo de arma em Aleppo e em Khan al Assal há dois meses e que tem provas: "o míssil usado e as substâncias químicas".
O presidente sírio diz que enviou uma carta ao Conselho de Segurança da ONU, mas que EUA, França e Grã-Bretanha se viram em uma situação embaraçosa e disseram que "queriam enviar uma missão que investigasse armas químicas em outras regiões onde alegam que foram usada".
"Eles o fizeram para não investigar onde aconteceu o fato real", concluiu.


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