DEVANEIOS...
Em meio a esse país que vive dias tão tenebrosos me lembro de um
poema do maravilhoso Manuel Bandeira, “Vou-me Embora pra Pasárgada”, me permita transitar um pouco por ele:
Vou-me embora pra Pasárgada;
Lá não vou precisar ser amigo do rei, pois lá não
tem bandido na presidência da Câmara dos Deputados;
Lá não tem chantagista encaminhando pedido de
impeachment sem procedência;
Aliás, lá bandido não permanece em cargo de tão
alta envergadura;
Lá a herança não há de ser maldita;
Lá a oposição não é golpista, cumpre o seu papel,
atuando junto às necessidades da coletividade;
Lá a polícia não bate em adolescentes que lutam
justamente pelos seus direitos, ou seja, por educação de verdade;
Quando lá estiver, nos dias de calor tomarei
sorvetes, mas lá não terão a frieza de um picolé de chuchu;
Lá inclusive, a educação não está somente nas planilhas
e estatísticas de governos e sim, principalmente na sala de aula, no contato
direto entre docentes e dicentes;
Lá é o país do presente sem precisar esperar pelo
futuro;
Mas o Lá...Pasárgada, não existirá nem com mais
500 anos...só nos resta mergulhar no poema de Bandeira.
Texto extraído do livro "Bandeira a Vida
Inteira", Editora Alumbramento –
Rio de Janeiro, 1986, pág. 90
Prof. Marcos Geo