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quinta-feira, 6 de março de 2014

A crise do euro estende-se ao norte da Europa

A crise do euro estende-se ao norte da Europa



A crise do euro estende-se aos países do norte da Europa. Os problemas financeiros agudizaram-se na Bélgica, Finlândia, Áustria, Noruega e Suécia.


Marco Antonio Moreno
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As qualificações de crédito da Bélgica e da Finlândia desceram rapidamente. Enquanto isso, a Áustria enfrenta sérios problemas com o Banco Hypo Alpe Adria que recebeu 5 bilhões de euros do governo e está à beira da falência. A França enfrenta um alto endividamento e um crescimento estagnado. Noruega e Suécia sofreram quedas na produção industrial e no emprego.
 
Para dizer a verdade, Grécia, Chipre e Espanha já não estão na vanguarda da crise ainda que os problemas que estes países têm sejam de longo alcance. A crise começou a deslocar-se para os países do norte da Europa e isto não pode ser visto como uma tempestade num copo de água. Há algumas semanas apontávamos que as provas de stress do Banco Central Europeu dão negativo a grande parte da banca europeia e requerem 770 bilhões de euros de capital fresco.
 
Os bancos que requerem esta soma (mais de um trilhão de dólares) não são precisamente da Grécia, Chipre ou Espanha, mas sim dos grandes países europeus: Alemanha, França e Itália. São de lá os bancos que estão com grandes problemas, e a sua magnitude ameaça provocar sérias consequências nos seus países e nos países vizinhos dado que absorveram bilionários resgates de governos que hoje estão altamente endividados.
 
Dos 770 bilhões de dinheiro fresco que requer a banca, os banqueiros franceses precisam de 285 bilhões de euros, os alemães de 200 bilhões de euros e os italianos de 150 bilhões de euros. Isto é muito mais que o montante total dos resgates da Grécia, Chipre e Espanha, pelo que não deve ser considerado um problema menor.
 
O Banco Central Europeu (BCE), sob o comando de Mario Draghi, ofereceu quantidades ilimitadas de financiamento aos bancos, sem reconhecer que eles representam um sistema parasitário da economia real.
 
A corda bamba dos créditos é uma faca de dois gumes que reverte a atividade pela via da deflação e da estagnação económica. Não consegue dar um empurrão à economia real. As medidas do BCE não puderam dar um impulso à inflação, e esta, em toda a zona euro, mantém-se muito abaixo dos objetivos de política monetária. Por isso existem duas opções para o tratamento destas provas de stress: ou se realizam de maneira objetiva e livres de qualquer pressão política; ou Alemanha, França e Itália exercem toda a pressão política que têm com o fim de manipular os resultados reais das provas. Destas duas opções a segunda é a que passa mais despercebida, mas é também a mais amigável para os banqueiros experientes na manipulação de resultados.

 
Tradução de Carlos Santos para o esquerda.net.


Créditos da foto: Arquivo

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