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sábado, 30 de novembro de 2013

O tiro de Obama saiu pela culatra

O tiro de Obama saiu pela culatra


A reforma do sistema de saúde proposta pelo presidente democrata decepciona o eleitor e pode abalar seu segundo mandato

por Eduardo Graça — publicado 29/11/2013 
De Nova York
Barack Obama
Obama durante evento de arrecadação de fundos do partido Democrata na segunda-feira 25, em San Francisco, na Califórnia. Nas eleições legislativas, o Obamacare pode derrubar o partido

Presidente Pinóquio. Rei da incompetência. Senhor da presunção política. Esses foram alguns dos epítetos associados a Barack Obama nas últimas semanas, e não por comentaristas ou meios de comunicação associados à direita raivosa. A capa mais recente do semanário britânico The Economist traz o presidente dos EUA de terno e gravata, com o oceano no pescoço, e o título “O homem que um dia andou sobre as águas”. A da Time, ilustrada com uma pílula de aspirina partida ao meio, é ainda mais direta: “A promessa quebrada”. A revista pergunta, em tom pessimista: “Ainda é possível salvar o Obamacare? O que será da segunda administração Obama, consumida pela tentativa de se ajeitar um programa impopular?”.
Em Double Down, a recém-lançada continuação do best sellerVirada no Jogo, em torno dos bastidores da reeleição de Obama, os jornalistas Mark Halperin e John Heilemann contam como a administração celebrou a decisão da Suprema Corte, quatro meses antes das eleições do ano passado, de afirmação da constitucionalidade do projeto de reforma do sistema federal de saúde. Segundo os repórteres, após o resultado ser divulgado, houve comemoração e lágrimas de felicidade na Casa Branca. “Apesar de toda a controvérsia legal, o QG democrata considerou o resultado extremamente positivo para a vitória em novembro. A decisão empolgava a coalizão democrata, especialmente negros, jovens e hispânicos, interessados em obter ou melhorar sua cobertura de saúde”, escrevem os repórteres.
O voto nos EUA, como se sabe, não é obrigatório, e o tema levou, demostraram as pesquisas de boca de urna, minorias étnicas a sair de casa e votar em Obama. Não por acaso, a reportagem da Time traça o perfil de um jovem de origem latino-americana, cujo plano de saúde oferecido pelo empregador é um daqueles que desaparecerá na confusão burocrática do Obamacare. Sua esperança foi substituída por uma dor de cabeça sem prazo para terminar.
Há um mês os democratas foram os grandes beneficiários do descontentamento da maioria da população com o fechamento de parte do governo e a ameaça de um histórico calote causado pela intransigência conservadora. Uma das condições impostas pela oposição para a aprovação do novo orçamento federal era justamente um atraso no lançamento do Obamacare. O presidente venceu, porém, a queda de braço e a reforma entram em vigor, ainda que aos trancos e barrancos, em janeiro. Na ocasião, o aparato de mídia digital criado por Obama para as duas disputas presidenciais se voltava com força total para as eleições legislativas de novembro, com os democratas disparados à frente. Não mais. Pesquisa da CNN/ORC International divulgada na terça-feira 26 revela que 49% dos norte-americanos preferem o Partido Republicano, ante 47% pró-democratas, uma virada de 10 pontos em quatro semanas, resultante, segundo as entrevistas, da decepção do eleitor com o Obamacare.
À impossibilidade de se entrar no site do Obamacare por falhas técnicas juntou-se a constatação de que uma das principais promessas de Obama, a de que “ninguém precisará trocar seu plano de saúde”, mostrou-se inverídica. Por conta das novas regras, empregadores poderão optar por oferecer planos de qualidade inferior. Se o empregado for temporário, a obrigatoriedade de se oferecer o benefício simplesmente desaparece. O mercado intui que apenas aqueles com necessidades mais imediatas de cobertura médica, especialmente os mais idosos e com doenças crônicas, se apressarão para ingressar no Obamacare, o que causaria um aumento no preço do produto. A lógica do governo era oposta: ao atrair os mais jovens e pobres, sem seguro-saúde, para o mercado, o aumento de procura naturalmente diminuiria o valor daquele que é, no mundo desenvolvido, o serviço mais caro do gênero.
Na média da maioria das pesquisas, 57% dos americanos reprovam o Obamacare e outros 55% se dizem insatisfeitos com o governo democrata. Mas o resultado mais duro para Obama veio na consulta popular feita pelo Washington Post e pela ABC News. Pela primeira vez em cinco anos de governo a maioria dos norte-americanos diz não confiar em seu presidente. À pergunta “o senhor acredita que o presidente é honesto com seus cidadãos?”, 52% responderam não, ante 46% optantes do sim. O ex-presidente Bill Clinton se apressou em “aconselhar” Obama: “Ainda que seja preciso uma mudança na legislação, o presidente deveria honrar seu compromisso e o governo precisa encontrar uma saída para as pessoas que querem continuar a manter seus planos”.
Além da reforma do perverso sistema de saúde público, que consome quase 18% do PIB e deixa cerca de 50 milhões de cidadãos sem qualquer proteção médica, pesa a desaprovação popular à mudança, pela maioria democrata, de regras seculares de funcionamento do Senado, motivada pela recusa dos republicanos em aprovar indicações de Obama para cargos na Justiça Federal. Para piorar, os EUA aceitaram um tratado com o Irã menos duro para Teerã do que o proposto por Brasília e Turquia, e ridicularizado por Washington, em 2010. A soma dos acontecimentos levou analistas a identificarem novembro como o mês mais tumultuado da era Obama, com possíveis sequelas de longo prazo. Por fim, a Suprema Corte ainda decidiu analisar, de forma surpreendente, o direito de as corporações se negarem, baseadas na liberdade religiosa, de custear métodos de controle de natalidade para funcionários.
“Quiçá o mais triste desse fiasco é que nenhum país rico tenha, hoje, mais necessidade de uma reforma no sistema de saúde do que os EUA. O Obamacare até tenta resolver o problema, mas é uma tentativa imperfeita, baseada em um sistema falho e comandada por um presidente cada vez mais distante da perfeição e sem muito tempo para sair da complicação em que se meteu”, anota The Economist.

Manual para entender o acordo dos EUA com o Irã

Manual para entender o acordo dos EUA com o Irã


1 – Quais as obrigações do Irã com o acordo?
. O Irã poderá manter o enriquecimento de urânio até 5%. Para produzir uma bomba atômica, é necessário enriquecer urânio a 90%
. Os estoques de urânio enriquecido acima a 20% deverá ser diluído. Em seis meses, o Irã não terá urânio neste patamar
. As 8 mil centrífugas mais modernas, que poderiam ser usadas no enriquecimento de urânio, não poderão ser instaladas
. As centrífugas já instaladas não precisarão ser desmanteladas
. As obras na instalação em Arak de plutônio (outra via para a fabricação de armas nucleares) deverão ser suspensas
. A Agência Internacional de Energia Atômica poderá inspecionar todas as instalações nucleares iranianas de forma intrusiva
2 – Quais os benefícios para o Irã
. O país poderá ter acesso a cerca de US$ 4,2 bilhões
. Algumas sanções em áreas de metais, incluindo ouro, serão aliviadas e podem beneficiar com mais US$ 1,5 milhão
. Será permitida assistência humanitária
3 – O que acontecerá se o Irã não cumprir o acordo
. As sanções amenizadas serão retomadas e outras ainda mais duras devem ser implementadas
4 – Este acordo significa que os EUA e o Irã restabeleceram as relações diplomáticas?
Não. Washington e Teerã não retomaram as relações diplomáticas. Mas, pela primeira vez em mais de três décadas, possuem canais de diálogo, incluindo as conversas diretas entre o secretário de Estado, John Kerry, e o ministro das Relações Exteriores, Javed Zarif
5 – Quem é contra este acordo?
Israel, Arábia Saudita, outros países do Golfo Pérsico e a maior parte do Congresso dos EUA, incluindo membros dos partidos Republicano e Democrata. No Irã, a ala mais radical do regime também se opõe
6 – Por que Israel, Arábia Saudita e o Congresso são contra?
Porque eles desconfiam que o Irã esteja ganhando tempo. Na avaliação deles, o Irã deveria abdicar de todo o seu programa nuclear, e não apenas reduzir o enriquecimento e sem desmantelar as centrífugas. Além disso, israelenses e sauditas, por questões geográficas, sofrem uma ameaça bem maior de um Irã nuclear
7 – Por que as alas mais radicais do Irã são contra?
Porque eles avaliam que a segurança do Irã apenas será garantida com uma arma nuclear. Lembram que Kadafi e Saddam, mesmo abdicando destes armamentos, foram derrubados. Já o regime da Coreia do Norte, que tem bomba atômica, segue firme no poder
8-  Uma ação militar ainda pode ocorrer?
Um ataque dos EUA, neste momento, é impossível. De Israel, não está descartada. Mas seria improvável pois colocaria o governo israelense em rota de colisão com o governo americano
9 – Qual alternativa oferecida por Israel, Arábia Saudita e o Congresso?
Intensificar as sanções, enfraquecendo ainda mais o Irã que, na visão deles, seria obrigado a ceder ainda mais
10 – Este acordo é diferente do proposto por Brasil e Turquia em 2010, aceito pelo Irã, mas rejeitado pelos EUA e seus parceiros?
Sim. Na época, a quantidade de urânio enriquecido pelo Irã era menor. A proposta era o Irã enviar ao exterior enriquecido a 3,5% em troca do envio de urânio a 20% enriquecido em outros países. O Irã poderia enriquecer urânio para fins pacíficos, mas sem um limite estabelecido. Não havia menção ao plutônio e a novas centrífugas
11 – Por que o Irã aceitou um acordo agora?
Por dois principais motivos. As sanções surtiram enorme efeito negativo  na economia iraniana, com aumento da inflação, queda no crescimento econômico e aumento do desemprego. Além disso, foi eleitopresidente o moderado Hassan Rouhani, substituindo o radical Mahmoud Ahmadinejad, disposto a negociar e com aval do líder suprema, aiatolá Khamanei
12 – O acordo pode facilitar uma aproximação dos EUA com o Irã em outras questões no Oriente Médio?
Pode, embora ainda não esteja na agenda. Os EUA e o Irã possuem os mesmos interesses no Iraque e no Afeganistão, sendo aliados dos governos de Bagdá e Cabul. Também podem trabalhar juntos no combate à Al Qaeda. Na Síria, estão em lados antagônicos. Os iranianos dificilmente suspenderiam seu apoio ao grupo libanês Hezbollah, considerado terrorista pelos EUA
Guga Chacra, comentarista de política internacional do Estadão e do programa Globo News Em Pauta em Nova York, é mestre em Relações Internacionais pela Universidade Columbia. Já foi correspondente do jornal O Estado de S. Paulo no Oriente Médio e em NY. No passado, trabalhou como correspondente da Folha em Buenos Aires

O Cerrado no Brasil

O Cerrado no Brasil

Com a terra vermelha do cerrado produtiva devido a vários atributos da região, tais como: clima estável, quantidade de chuva adequada, solo e topografia equilibradas, somado aos avanços tecnológicos, investimentos no solo, sementes e irrigação, a produção em regiões do cerrado brasileiro passou a ser bem atrativa.

MapitobaAs terras são oferecidas a preços acessíveis, mais vantajosos do que em outras regiões do Brasil. É o caso dos Estados do Maranhão, Piauí, Tocantins e Bahia. Essas terras transfronteiriças, situadas na circunscrição denominada "Mapitoba" (iniciais dos 4 estados que a compõe, Maranhão, Piauí, Tocantins e Bahia), têm sido adquiridas por proprietários individuais, em especial vindos do Paraná e Rio Grande do Sul e por grandes grupos (como Bunge, Cargill e Algar), inclusive com participação minoritária de estrangeiros, os quais tendem a se expandir em relação às áreas de cultivo atuais. Hoje, Mapitoba já está sendo considerada a terceira (depois do Sul e do Centro-Oeste do País) fronteira agrícola brasileira. Segundo o Rabobank, a produção de grãos de Mapitoba deve chegar a 20 milhões de toneladas até 2021.
Após dobrar a terra plantada com soja na última década, o Mapitoba, promoverá mais um aumento nesta safra de 12%. Além de ganhos de produtividade previstos com investimentos em novas variedades, fertilizantes e máquinas, a área também deve crescer.
Existem dois milhões de hectares de terras de boa qualidade ainda disponíveis para o plantio, ou seja, igual a 70% da área cultivada com soja nesta safra, segundo estimativas do mercado. Desta forma, os agricultores possuem uma quantidade expressiva de terras para aumentar a produção.
Para não agredir o meio ambiente, a expansão das áreas cultivadas não é feita dentro da Floresta Amazônica. Com o uso de tecnologia moderna as áreas mais frágeis do cerrado são poupadas.

As condições topográficas favoráveis de Pedro Afonso (TO), que possibilitam a colheita 100% mecanizada, trouxe vantagem competitiva para a primeira usina de açúcar e álcool, da Bunge, na região, também beneficiada pela proximidade ao abastecimento do mercado do Norte e Nordeste. Em Pedro Afonso, aumentou de um para dez o números de produtores rurais a vender cana para a Bunge.
Problemas de logística, apagões e outras questões de infraestrutura ainda atrapalham Mapitoba. Mesmo assim, o custo de transporte foi reduzido, com a conclusão do trecho da ferrovia Norte-Sul de Porto Nacional (TO) até a ferrovia de Carajás, que chega ao Porto de Itaqui (MA). A capacidade do porto, contudo, é reduzida quando o navio precisa, por força das filas, ficar atracado mais tempo e pode significar ter que se pagarem multas.
Há um risco sério de que Mapitoba não consiga responder às necessidades básicas deste aumento de produção. O Programa de Aceleração do Crescimento (PAC) do governo federal, porém, tem tentado melhorar a logística da região, por meio de ampliação do Porto de Itaqui, entre outras obras, sobretudo de ferrovia.

Soja - Mapitoba - Série histórica de área plantada
Safras - 2000/01 a 2012/13 em mil hectares



Soja - Mapitoba - Série histórica de produtividade
Safras - 2000/01 a 2012/13 em kg/ha



Soja - Mapitoba - Série histórica de produção
Safras - 2000/01 a 2012/13 em mil toneladas


Moacir Ferreira Teixeira - 28 de fevereiro de 2013


[IBGE] Divisão Urbano-Regional do Brasil

[IBGE] Divisão Urbano-Regional do Brasil

Caatinga: área original, remanescente e desmatada

Caatinga: área original, remanescente e desmatada

sexta-feira, 29 de novembro de 2013

Hidrelétricas 'impulsionam desmatamento indireto' na Amazônia

Hidrelétricas 'impulsionam desmatamento indireto' na Amazônia


Atualizado em  29 de novembro, 2013
Usina de Belo Monte vista em 2012. Foto: AFP
Floresta foi desmatada no entorno das usinas de Jirau, Santo Antônio e Belo Monte (foto)

Ao defender a construção de hidrelétricas na Amazônia, o governo federal costuma citar o argumento de que essas usinas são menos poluentes e mais baratas que outras fontes energéticas capazes de substituí-las.

Entre ambientalistas e pesquisadores, porém, há cada vez mais vozes que contestam a comparação e afirmam que o cálculo do governo ignora custos e danos ambientais indiretos das hidrelétricas. Para alguns, esses impactos colaterais influenciaram no aumento da taxa de desmatamento da Amazônia neste ano.
Há duas semanas, o governo anunciou que, entre agosto de 2012 e julho de 2013, o índice de desflorestamento na Amazônia cresceu 28% em relação ao mesmo período do ano anterior, a primeira alta desde 2008.
Paulo Barreto, pesquisador sênior da ONG Imazon, atribui parte do aumento ao desmatamento no entorno das hidrelétricas de Jirau e Santo Antônio, no rio Madeira, em Rondônia, e da usina de Belo Monte, no rio Xingu, no Pará.
Segundo ele, as hidrelétricas atraem migrantes e valorizam as terras onde são implantadas. Sem fiscalização e punição eficientes, diz ele, moradores se sentem encorajados a desmatar áreas públicas para tentar vendê-las informalmente.
No caso de Belo Monte, Barreto afirma que o desmatamento em torno da usina seria menor se o governo tivesse seguido a recomendação do relatório de impacto ambiental da obra para criar 15 mil km² de Unidades de Conservação na região.
Uma pesquisa do Imazon, da qual Barreto é coautor, estima que o desmatamento indireto causado pela hidrelétrica atingirá 5.100 km² em 20 anos, dez vezes o tamanho da área a ser alagada pela barragem.
Na bacia do Tapajós (PA), onde o governo pretende erguer uma série de usinas, ele diz a área desmatada indiretamente chegará a 11 mil km².

Fórmula do desmatamento

O engenheiro Felipe Aguiar Marcondes de Faria desenvolve em seu projeto de PhD na Universidade Carnegie Mellon (EUA) uma fórmula complexa. Ele pretende incluir os efeitos indiretos da construção de hidrelétricas na Amazônia – como o desflorestamento gerado por imigração ou especulação fundiária – no cálculo das emissões de carbono das obras.
A conta, que mede a liberação de gases causadores do efeito estufa, normalmente leva em conta somente as emissões geradas pela perda de vegetação e pela degradação da biomassa na área inundada pelas barragens.
"Se a construção de uma hidrelétrica implicar taxas de desmatamento superiores às de locais onde não existem tais investimentos, nós poderemos acrescentar esse desmatamento extra ao balanço de carbono do projeto".
O pesquisador diz ainda que, além de valorizar terras e atrair imigrantes, a construção de hidrelétricas pode estimular o desmatamento ao melhorar as condições de acesso à região, expondo florestas antes inacessíveis.
Faria também questiona os cálculos que exaltam o baixo preço das hidrelétricas em comparação com outras fontes de energia. "As diferenças não consideram adequadamente os custos socioambientais desses empreendimentos".
Ainda assim, avalia que o Brasil não pode excluir a hidroeletricidade de seus planos de expansão do sistema energético. Para ele, a modalidade oferece grandes vantagens em relação a outras fontes de energia, como flexibilidade para atender à variação da demanda e dispensa de importação de matérias-primas.
Faria defende, no entanto, que o governo mude sua postura quanto às hidrelétricas na Amazônia.
"O desenvolvimento hidrelétrico na Amazônia deveria ser visto não como uma barragem no rio, mas sim como uma chance de criar um novo paradigma de desenvolvimento sustentável para uma região, que crie condições para a manutenção das unidades de conservação e terras indígenas, investimentos em educação e ciência e melhora na saúde da população."
Porém, para o procurador-chefe do Ministério Público Federal no Pará, Daniel César Azeredo Avelino, a construção de hidrelétricas na Amazônia não tem sido acompanhada pela manutenção de áreas protegidas.
Nos últimos anos, o governo reduziu Unidades de Conservação para facilitar o licenciamento das hidrelétricas no rio Madeira e das futuras usinas no Tapajós. Segundo ele, simples sinalizações de que se pretende reduzir essas áreas já motivam o desmatamento.
Em 2012, diz Avelino, um mês após jornais divulgaram que o governo estudava diminuir a Floresta Nacional Jamanxim, no sudoeste do Pará, houve um surto de desmatamento na região.
"Quando se fala em reduzir Unidades de Conservação para hidrelétricas, alimenta-se a ideia de que poderá haver novas reduções, o que encoraja o desmatamento."

Governo responde

No entanto, segundo Francisco Oliveira, diretor do Departamento de Combate ao Desmatamento do Ministério Ambiente, a destruição dentro de áreas protegidas corresponde a menos de 10% do desflorestamento na Amazônia.
Quanto ao desmatamento recente no Pará e em Rondônia, diz que não se deveu necessariamente às hidrelétricas. Oliveira afirma que o desflorestamento em um raio de 50 quilômetros de Belo Monte passou de 380 km², em 2011, para 41 km² em 2013.
Em Rondônia, ele diz que também tem havido redução no ritmo do desmate em áreas próximas às usinas.
Segundo Oliveira, as principais causas para o maior desmatamento na Amazônia no último ano foram: no Pará, a apropriação ilegal de terras (grilagem) na região de Novo Progresso; no Mato Grosso, a expansão da agropecuária; e em Rondônia, a expansão da pecuária.
Oliveira afirma, porém, que, apesar da alta, o índice de desflorestamento em 2013 foi o segundo menor desde que começou a ser medido, há 25 anos.

REINO UNIDO: A ESCÓCIA NÃO PODE QUERER TUDO

REINO UNIDO: A Escócia não pode querer tudo


29 novembro 2013
FINANCIAL TIMES LONDRES




O Livro Branco recentemente publicado com pormenores do processo de independência da Escócia foi concebido para tranquilizar os receosos e não tanto para inflamar os apoiantes. No entanto, as premissas são erróneas e há decisões complicadas deixadas para resolver depois do referendo de 2014.
Com a publicação do seu volumoso Livro Branco sobre o processo de independência, o Governo escocês procurou calar os críticos que afirmam que não avaliou as implicações da secessão.
documento de 670 páginas é parco em passagens gloriosas tipo “Braveheart – o desafio do guerreiro”, destinadas a puxar ao sentimento. Mas o seu propósito não é inflamar os apoiantes. Em vez disso, Alex Salmond, líder do Partido Nacionalista Escocês, elaborou um tratado tecnocrático profundamente detalhado, destinado a tranquilizar os mais receosos. Pretende converter gente, não a fidelização dos que já estão convencidos.
Seja qual for o resultado do referendo de setembro próximo, muito deverá permanecer na mesma, a norte da fronteira. Na visão nacionalista, a Escócia manteria o monarca e a libra. A frágil situação fiscal do país restringirá, inevitavelmente, o uso das suas novas liberdades económicas. Mas isso não impediu Salmond de distribuir alguns mimos fiscais sobre a massa indistinta de uma pós-independência. Os impostos das empresas deverão descer e prometeu financiar creches gratuitas para crianças até aos dois anos. Medidas impopulares, como a nova lei do arrendamento e o subsídio fiscal para casais, lançado pelos Conservadores, desaparecerão.
Apesar de o Financial Times apoiar empenhadamente a manutenção da união, reconhecemos que existe um aspeto a considerar – ainda que erróneo – no processo independentista. Os eleitores escoceses terão, em última análise, de decidir se a Escócia prosperaria mais governada a partir do palácio de Holyrood [Edimburgo] do que como parte do Reino Unido. No entanto, o que deve também ser reconhecido é que isso implica uma escolha difícil. A Escócia não pode exigir liberdade para umas coisas e aproveitar, ao mesmo tempo, para outras, a “boleia” do resto do Reino Unido.
Salmond tem sido acusado publicar uma lista de desejos sob a forma de panfleto. Os termos precisos de qualquer separação terão de ser negociados posteriormente, se a Escócia votar pela separação. Muitas das decisões necessárias para dar cumprimento ao seu programa implicam o consentimento tanto dos escoceses como dos não-escoceses.

Divisão muito lesiva

Talvez a exigência mais controversa de Salmond pós-independência da Escócia sejam os acordos cambiais. Não há nada de censurável em querer continuar a utilizar a libra esterlina como moeda. O que causa espanto é a expectativa de que o resto do Reino Unido venha a criar uma área de moeda única, para acomodar os cinco milhões de cidadãos escoceses a par dos restantes 58 milhões de habitantes do Reino Unido. Tal iniciativa arriscava-se a replicar a trapalhada do euro, causada por uma união monetária sem união fiscal. Não é um precedente reconfortante.
O Livro Branco defende que a união monetária seria do interesse do Reino Unido, porque a sua balança de pagamentos se iria deteriorar se as receitas do petróleo da Escócia saíssem da alçada da libra esterlina. É uma hipótese altamente questionável e ignora os possíveis benefícios de uma moeda mais fraca para o Reino Unido.
Outro argumento nacionalista é que a Escócia teria direito a uma palavra nas operações do Banco de Inglaterra e, portanto, poderia impor uma zona cambial ao resto do Reino Unido, devido à sua participação histórica nos ativos do banco central. Isso equivale a ignorar a natureza do divórcio que ocorreria se a Escócia resolver sair. Teria de haver uma divisão dos ativos e passivos do Reino Unido – um processo que Salmond pretende ver concluído em apenas 18 meses. Isso envolveria a transferência de ativos e compensações quando tais transferências fossem impossíveis, mas não confere continuidade de controlo sobre as instituições.
A divisão do Reino Unido seria muito lesiva. O Partido Nacionalista Escocês já deu a entender que pretende vincular o assumir de parte da dívida nacional do Reino Unido a um acordo de Westminster sobre a criação da zona cambial. Não é um discurso de políticos que acreditam na sua própria retórica sempre em glória. Expõe, sim, o rancor que a separação desencadearia.
REAÇÕES NA ESCÓCIA

A falta de visão de Westminster

O diretor executivo do Edinburgh Financial General Holdings, Peter de Vink, escreveu no jornal The Scotsman, que acredita que a publicação do Livro Branco marca “um ponto de viragem” no debate, acrescentando: “Temos agora argumentos profundos, baseados em evidências positivas, para a independência”. E acrescenta:
O documento representa um sério desafio para o primeiro-ministro David Cameron e para a campanha do Não [à independência da Escócia]. Sublinha a ausência de perspetiva positiva para o futuro da Escócia se o “Não” vencer o referendo de setembro. Isto deve por fim à tolerância da nação para com os medos e calúnias vindos de Westminster. A campanha do “Não” não tem planos para realizar o potencial económico da Escócia. Não tem compromissos claros sobre tributação, investimento, emprego, creches, escolas, hospitais, justiça, regulamentação dos negócios ou até mesmo sobre o futuro da Escócia na União Europeia.

"Inovação não reverte a lógica da falta de qualidade do ensino" - Ferramentas do Google serão usadas em escolas estaduais de SP

Ferramentas do Google serão usadas em escolas estaduais de SP

 

Pela parceria, anunciada nesta quarta, empresa oferecerá pacote tecnológico personalizado em 2014; professores serão capacitados

 

27 de novembro de 2013
Bárbara Ferreira Santos - O Estado de S. Paulo
 
SÃO PAULO - As ferramentas do Google serão, a partir de 2014, usadas nas escolas estaduais de São Paulo e todos os 230 mil professores da rede serão capacitados para usar essas tecnologias. 
O anúncio foi feito ontem pelo governador Geraldo Alckmin, em coletiva de imprensa no Palácio dos Bandeirantes, no Morumbi, na zona sul, quase um mês após o Estado lançar outra parceria com a Microsoft para oferecer gratuitamente programas do pacote Office para todos os estudantes das escolas estaduais a partir do 1.º semestre de 2014.
Desta vez, o governo firmou uma parceria com o Google para obter gratuitamente um pacote personalizado da suíte Google Apps para Educação - que contém o Docs, o Gmail, o calendário, o Google+ (a rede social do Google), videoconferências via hangout, entre outros produtos.
A expectativa é de atender a todos os 4,3 milhões de alunos e treinar todos os docentes da rede pela Escola de Formação e Aperfeiçoamento dos Professores (Efap).
A plataforma é a mesma que existe hoje para os usuários do Google, mas terá um formato fechado para a Secretaria Estadual de Educação, que fará o gerenciamento dos aplicativos e do conteúdo. Nessa suíte, por exemplo, os alunos terão e-mails com capacidade de 25 GB e acesso à rede social específica da secretaria - a versão gratuita do e-mail permite 1 GB. Eles também poderão compartilhar arquivos por meio do Google Drive de até 25 GB - na versão grátis, são 10 GB -, além de fazer trabalhos simultaneamente nos mesmos arquivos, ter tutoria dos professores e assistir a aulas ao vivo pelos hangouts.
Essas aulas online, contudo, não substituirão as presenciais e não serão obrigatórias. "Funcionarão como um complemento da formação dos alunos", informou a Subsecretária de Educação, Rosania Morroni.
Para o governador, a parceria vai deixar a rede estadual "mais colaborativa na rede". "As aulas vão sair dos muros das escolas", afirmou.
Mundo. Essa parceria com o Google não é inédita. Em outros países, como nos Estados Unidos e Malásia, universidades e escolas já usam os pacotes da empresa voltados para a educação. "Foi a utilização massiva por essas instituições nos EUA que levou o Google a formar a área de Educação", afirmou o diretor de Educação do Google Brasil, Milton Burgese.

Santo Antônio Energia anuncia certificação para gerar créditos de carbono

Santo Antônio Energia anuncia certificação para gerar créditos de carbono

 

A Santo Antônio Energia anunciou a obtenção do registro na ONU para participar do Mecanismo de Desenvolvimento Limpo (MDL). A autorização possibilita a comercialização de cerca de 20 milhões de toneladas de créditos de carbono nos próximos cinco anos.

Com o aval da ONU, a Hidrelétrica Santo Antônio passa a ser primeira usina de grande porte e em operação comercial no Brasil a gerar efetivamente créditos de carbono para o mercado global. De acordo com a metodologia do MDL, o volume de créditos equivale à quantidade de gases de efeito estufa não emitida na atmosfera, ampliando a oferta de energia gerada de fonte limpa e renovável.
“A Hidrelétrica Santo Antônio foi projetada para alcançar o aproveitamento ótimo com o mínimo impacto socioambiental. O certificado da ONU comprova que estamos quebrando um paradigma, demonstrando que é possível aproveitar o potencial da Amazônia com responsabilidade e trazendo desenvolvimento para a região Norte, para o setor elétrico e para o País”, orgulha-se Eduardo de Melo Pinto, presidente da Santo Antônio Energia.
A Hidrelétrica Santo Antônio produz 8,5 megawatt por km²de reservatório, que é o dobro da eficiência energética mínima para gerar créditos de carbono. Com o uso da turbina bulbo, que gera energia utilizando a vazão do rio, dispensando a formação de um grande reservatório.
Governo parabeniza

Para o secretário adjunto da Secretaria de Planejamento Energético, do Ministério das Minas e Energia, Moacir Carlos Bertol, disse que a Hidrelétrica Santo Antônio é um marco importante para o Brasil, no sentido da segurança energética, honrando a outorga da concessão para construção da usina, antecipando o projeto de geração. “Este evento de anúncio do reconhecimento pela ONU, do Mecanismo de Desenvolvimento Limpo com o Crédito de Carbono, insere a Usina Santo Antônio em um contexto global, como uma usina sustentável, com uma energia limpa e renovável, que é a hidroeletricidade”.
Já a representante do BNDES, Márcia Leal, chefe do Departamento de Energia Elétrica do banco de fomento, destacou que a certificação do MDL é importante, “não só para o empreendimento, para o projeto, mas é mais importante é para o país, para o setor elétrico brasileiro, o reconhecimento internacional não é simples, não foi simples para a empresa conseguir certificar um projeto deste porte, com esse diferencial, é importante para o setor elétrico brasileiro e para quem quer continuar investindo, como é o caso dos acionistas aqui presentes. No banco nós acompanhamos este projeto implantado há cinco anos e vê que vem sendo implementado da melhor forma possível”.
O consultor Ricardo Esparta descreveu como foi todo o processo para se chegar à certificação da ONU, onde toda documentação sido colocada pública para comentários na página das Nações Unidas foi exposta ao público internacional, tendo recebido muitas críticas e comentários muito sérios, mas que todas as opiniões foram devidamente esclarecidas, mostrando que o projeto não só cumpria as regras exclusivas do Mecanismo de Desenvolvimento Limpo, mas também condições de desenvolvimento sustentável, nas partes social, ambiental, como também econômica.
“Isso foi demonstrado, levando o Alto Comissariado da ONU, após cumprir todo o processo de revisão, fomos informados, em julho de 2013, que o projeto foi registrado no MDL, sem nenhuma ressalva. Não é por que um projeto é grande, não é porque um projeto é feito na Amazônia, que ele não possa ser feito de uma maneira sustentável. A Santo Antônio Energia está demonstrando isso com essa qualificação MDL”, afirmou Esparta.
Falando em nome da ministra do Planejamento, Mirian Belchior, o diretor do Departamento de Energia Elétrica do PAC, Celso Knijnik, destacou que a Hidrelétrica Santo Antônio é o primeiro dos empreendimentos desta nova fase que o Governo Federal está realizando na Amazônia. “Para a gente, que acompanhou todo o processo desde o licenciamento, o leilão, é um prazer chegar neste momento em que o empreendimento é reconhecido como uma empresa de geração limpa e renovável, e que apesar de todas as dificuldades, nós sabemos que temos capacidade enfrentar, numa parceria do Governo com as empresa privadas, sabemos que temos capacidade, além de gerar esta energia que é fundamental para o bem do país, ainda leva desenvolvimento sustentável para a região”.
Estiveram presentes ao evento da Santo Antônio Energia, o senador Ivo Cassol; deputados federais Carlos Magno e Marinha Raupp e o deputado estadual Kaká Mendonça, representando a Assembleia Legislativa. Representando o governador Confúcio Moura, compareceu a assessora especial Márcia Aurora. Também representantes da Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel), Agência Nacional de Águas (ANA) IBAMA, além de diretores e técnicos da Santo Antônio Energia, Odebrecht Energia, Furnas, Cemig, Andrade Gutierrez, Caixa FIP e consultores.

Aos amigos e amigas que dirigem

Aos amigos e amigas que dirigem

 

Acreditamos no compartilhamento pacífico das ruas – que, afinal, são de todos nós
Sabemos que as pessoas não saem na rua com o automóvel com o objetivo de machucar um ciclista. Saem para chegar a algum lugar. Também sabemos que muitas das situações que incomodam e assustam os ciclistas não são causadas propositalmente por quem está no automóvel, mas por não saberem exatamente como agir quando há uma bicicleta à sua frente na rua.
A dinâmica de condução da bicicleta é muito diferente do carro, mas isso só fica claro para quem a utiliza rotineiramente. E, nas aulas de direção, é extremamente raro recebermos instruções sobre como ultrapassar uma bicicleta de forma segura. Antigamente, então, isso era impensável.
Cientes disso, preparamos alguns artigos para ajudar nossos amigos e amigas que dirigem e que acreditam que a rua pode ser de todos – sem disputas, sem confrontos, sem acidentes. Claro que também há recomendações para os ciclistas, afinal um trânsito seguro depende de todos nós.

Como proteger o ciclista nas ruas


Compartilhar o espaço é possível

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Segurança viária e ciclovias


Motorista recebendo flores de um ciclista, durante manifestação por segurança no trânsito. Foto: Willian Cruz
Motorista recebendo flores de um ciclista, durante manifestação por segurança no trânsito. Foto:Willian Cruz

Entendendo o comportamento dos ciclistas

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O que os ciclistas podem ou não fazer


Fiscalização e multas



Motoristas? Ciclistas? Não, pessoas!
Não gostamos de categorizar as pessoas que utilizam as ruas como motoristas, ciclistas, pedestres, motociclistas, etc. Afinal, você não é motorista, você está motorista quando está dirigindo um carro. Quando estacionar e atravessar a rua, você estará pedestre.
As pessoas não são uma coisa ou outra, mas muitas delas e às vezes todas, em momentos diferentes do dia ou da vida. Portanto, a seleção de artigos que fizemos aqui são direcionados a quem estará motorista em algum momento.