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quinta-feira, 31 de outubro de 2013

Odebrecht, uma transnacional alimentada pelo Estado

Odebrecht, uma transnacional alimentada pelo Estado
Em junho de 2013, o descontentamento social levou os brasileiros a se manifestar em massa nas ruas do país. No alvo, as desigualdades, as condições indignas de transporte, a corrupção e... a transnacional Odebrecht: aos olhos de muitos, a empresa encarna os excessos de um capitalismo de compadrio
por Anne Vigna
Você conhece alguma transnacional brasileira?”, perguntava em 2000 a The Economist. “Difícil, não? Mais do que lembrar o nome de um belga famoso.”1 Estaria a revista britânica querendo fazer graça ou não suspeitava de que os grandes grupos brasileiros entrariam de maneira rápida e espetacular na dança do grande capital? Como a Odebrecht, que é hoje no Brasil o que a Tata é na Índia e a Samsung é na Coreia do Sul.2 Em São Paulo, Rio de Janeiro, Buenos Aires ou Assunção, é difícil passar um dia sem usar a eletricidade que a empresa produz, as estradas que ela constrói ou o plástico que fabrica.
Geralmente descrita como uma empresa de engenharia de construção, na verdade a Odebrecht foi se diversificando ao longo do tempo até se tornar o maior grupo industrial do Brasil. Energia (gás, petróleo, nuclear), água, agronegócio, setor imobiliário, defesa, transportes, finanças, seguros, serviços ambientais e setor petroquímico: sua lista de atividades constitui um inventário interminável. Mas, embora a brasileira seja a maior construtora de barragens do mundo, com onze projetos tocados simultaneamente em 2012, é o setor petroquímico que gera mais de 60% de suas receitas. A Braskem, “joia” compartilhada com a Petrobras, produz e exporta resinas plásticas para sessenta países.
O grupo – desculpe!, “a organização”, como pede para ser chamada – tem escritórios em 27 países e emprega mais de 250 mil pessoas, sendo 80 mil indiretamente. Em dez anos, seu volume de negócios aumentou seis vezes, passando do equivalente a R$ 15 bilhões em 2002 para R$ 96 bilhões em 2012. “A Odebrecht é um dos grupos brasileiros que mais espetacularmente cresceram nos últimos dez anos, tornando-se de certa forma a espinha dorsal da economia brasileira”, diz João Augusto de Castro Neves, encarregado da América Latina no centro de análise econômica Eurasia Group.
De origem alemã, a família Odebrecht emigrou em 1856, chegando ao estado brasileiro de Santa Catarina para em seguida se estabelecer em Salvador, na Bahia, onde sua empresa familiar foi fundada em 1944. Aos 93 anos, Norberto, fundador, teórico e encarnação da empresa que carrega seu sobrenome, continua sendo o homem por trás do grupo, hoje dirigido pela terceira geração, o neto Marcelo. Aqui, nada muda: a filosofia do chamado “doutor Norberto” seria a chave para o sucesso.
Empresários abalados pelo livre-comércio
“O risco”, diz Marcio Polidoro, porta-voz do grupo, “é crescer rápido demais, e nossos novos integrantes [aqui não se fala em ‘funcionários’] não terem tempo para aprender o que faz a nossa força: a TEO”. TEO? A “tecnologia empresarial Odebrecht”, que “comunidades de conhecimento” são encarregadas de disseminar entre os trabalhadores. A ideia principal desse mecanismo de “transmissão de experiência”: alcançar uma “educação constante por meio do trabalho” entre os “líderes educadores” e os “jovens talentos”. Um modelo de empresa-escola no qual o conhecimento visa menos emancipar do que aumentar a produtividade.
“A organização deve ter uma estrutura horizontal, na qual as decisões e os resultados, em vez de subirem e descerem, fluem e refluem”, escreve Norberto Odebrecht em suas obras completas, publicadas sob o título de Educação pelo trabalho, que cada novo membro contratado é obrigado a ler. Educado por um pastor luterano, primeiro em alemão depois em português, Odebrecht é apaixonado pelos valores morais de sua educação: “O primeiro dever do empresário é cuidar de sua saúde, levando uma vida simples, longe dos prazeres mundanos e dos vícios”, escreve o patriarca. Mas sua máxima favorita continua sendo: “A riqueza moral é a base da riqueza material”.
Sem a intenção de ofender Norberto, o fato é que, tanto no caso da Odebrecht como no da maioria das transnacionais brasileiras, outros fatores pesaram pelo menos tanto quanto a exemplaridade espiritual. A começar pelo Estado.
A partir da década de 1930, sob a liderança de Getúlio Vargas, e durante a ditadura militar (1964-1985), a estratégia de desenvolvimento econômico autônomo e substituição das importações levou o poder a assumir aquilo que o economista Peter Evans chamou de papel de “parteira” na “emergência de novos grupos industriais ou expansão daqueles já existentes rumo a novos tipos de produção, mais arriscados”.3 Construção de barragens, estradas, ferrovias, instalações petrolíferas, usinas nucleares: o “milagre econômico” gerado pelas políticas voluntaristas (e antissociais) da ditadura foi um maná para a Odebrecht.
À sombra do Estado, a empresa conseguiu socializar o custo de seu desenvolvimento tecnológico: os contribuintes pagam mais caro pelos produtos e serviços que o país se recusa a importar. O resultado desafia os pressupostos ideológicos do Brookings Institution, um think tankliberal norte-americano: “paradoxalmente,” o protecionismo brasileiro teria “oferecido uma base sólida para a próxima geração de empresas privadas, voltadas para o exterior e envolvidas na competição globalizada”.4
Quando o “milagre” brasileiro terminou, na virada da década de 1980, os grandes grupos verde-amarelos tinham tecnologia e recursos suficientes para conquistar o mercado internacional. Para a Odebrecht, foram o Peru e o Chile em 1979, Angola em 1980, Portugal em 1988, Estados Unidos em 1991 e, finalmente, o Oriente Médio na década de 2000.
A empresa reencontrou sua relação privilegiada com o Estado quando o ex-sindicalista Luiz Inácio Lula da Silva chegou à Presidência, em 2003. Para a surpresa de muitos, Lula buscou contatos e apoio dentro de um patronato que, em parte, se sentia meio abalado pelas políticas de livre-comércio de Fernando Henrique Cardoso (1995-2002). E conseguiu.
“Com Lula”, explica Pedro Henrique Pedreira Campos, pesquisador em História Social da Universidade Federal do Rio de Janeiro, “o capital privatizado ao longo da década de 1990 volta para mãos públicas”. Mas sem ser nacionalizado. Como? “Por meio do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social [BNDES], da Petrobras e dos grandes fundos de pensão,5 o Estado brasileiro está hoje presente em 119 grupos, contra 30 em 1996.” Assim, o grupo Odebrecht pode contar com o dinheiro do fundo de garantia FI-FGTS – que indeniza os desempregados brasileiros e possui 27% da Odebrecht Ambiental e 30% da Odebrecht Transport – ou do BNDES, que desde 2009 controla 30% da Odebrecht Agroindustrial. Por fim, a Petrobras é acionista da Braskem, com 38% de participação. A estratégia do governo brasileiro? Promover “campeões” que possam revelar-se competitivos no cenário internacional.
O “carisma” do presidente Lula e uma nova política externa – menos voltada para os Estados Unidos e a Europa, e mais para a América Latina e a África – também contribuíram para o sucesso internacional dos grupos brasileiros. Ao longo de seus dois mandatos (2003-2010), o presidente Lula viajou, por exemplo, para vinte países da África e abriu o continente a 37 embaixadas e consulados. A cada vez, o BNDES ofereceu empréstimos para as empresas brasileiras ganharem mercados, especialmente contra a concorrência chinesa: “É preciso saber que o BNDES tem um orçamento superior ao do Banco Mundial. E os empréstimos ao estrangeiro são reservados para as exportações de bens e serviços brasileiros. Isso quer dizer que apenas uma empresa brasileira pode conseguir um mercado, mesmo que um Estado estrangeiro vá pagar a conta”, explica Oliver Stuenkel, professor de Relações Internacionais da Fundação Getulio Vargas, em São Paulo. Em dois anos, o banco financiou cerca de R$ 5,4 bilhões em projetos realizados pela Odebrecht na África e na América Latina. Qual é a surpresa? A Odebrecht foi encarregada da construção dos principais estádios que vão sediar os jogos da Copa do Mundo de 2014 (Rio de Janeiro, São Paulo, Recife e Salvador) e recebeu os maiores projetos dos Jogos Olímpicos de 2016, no Rio de Janeiro: o complexo olímpico, a nova linha de metrô, a urbanização do porto.
Daí a falar em favoritismo é um passo que muitos analistas não hesitam em dar. A imprensa insiste nas relações privilegiadas entre a família Odebrecht e Lula, na medida em que isso lhe permite alimentar a retórica da corrupção do Partido dos Trabalhadores (PT), único ângulo de ataque do qual dispõe a oposição.
Primeira empresa a apoiar o PT
Autorizada pela lei eleitoral brasileira, a contribuição da Odebrecht ao partido fundado por Lula aumentou entre as duas últimas eleições presidenciais – mas, prudente, a empresa toma o cuidado de financiar todos os grandes partidos políticos, sobretudo nas eleições locais. Em 2006, o grupo desembolsou R$ 7,8 milhões; em 2010, quando Dilma Rousseff foi eleita, a contribuição chegou a R$ 10,8 milhões. Embora o PT não queira nem saber de responder às nossas perguntas sobre esse tema, o atual presidente da empresa, Marcelo Odebrecht, explicou recentemente à revista Época Negócios: “Somos, sim, alinhados com o governo e não vemos nenhum conflito nisso, afinal, o governo foi eleito e representa o interesse da população”.6
O intelectual uruguaio Raúl Zibechi, que por quatro anos investigou a ascensão do Brasil e seus principais grupos, acredita que há uma “relação muito estreita entre Lula e Emilio Odebrecht, presidente do grupo entre 1991 e 2004. Essa amizade começou na primeira candidatura de Lula, durante a eleição presidencial em 1989, e ao longo dos anos ganhou um caráter estratégico. A Odebrecht foi uma das primeiras empresas a apoiar o PT, numa época em que havia muito poucas ligações entre esse partido e o patronato”.
Para o grupo, essa proximidade não é desinteressada. Em 2006, o presidente do Equador, Rafael Correa, aliado político de Lula, inaugurou com grande pompa a barragem de San Francisco, construída pela Odebrecht com um empréstimo de US$ 241 milhões concedido pelo BNDES. Um ano depois, a central foi fechada por causa de deficiências técnicas graves. Diante da recusa da empresa em reconhecer seus erros, o presidente Correa a expulsou do país, recusando-se a pagar o BNDES enquanto a central não estivesse em estado de funcionamento. Em um gesto qualificado na época de excepcional, o Brasil chamou seu embaixador e rompeu as relações diplomáticas com Quito: “Para nós, foi um desastre, porque nossa relação com o Brasil é vital”, confessa Horacio Sevilla, embaixador equatoriano em Brasília.
O conflito agravou-se durante a cúpula  que reuniu os chefes de Estado da América Latina na Bahia, em dezembro de 2008. A Odebrecht, cuja sede fica exatamente nessa cidade, apresentava-se, em grandes anúncios publicitários oportunamente espalhados ao longo da rota tomada pelos chefes de Estado, como “a empresa da integração regional”. Em uma coletiva de imprensa paralela à cúpula, o presidente venezuelano Hugo Chávez, apesar de aliado de Correa, cutucou a ferida, chamando a Odebrecht de “empresa amiga da Venezuela”...
Mas uma comissão independente no Equador revelou erros técnicos e irregularidades na obtenção do contrato e do empréstimo. A comissão, que investiga vários projetos do poderoso grupo brasileiro, revela um conjunto de “problemas” que custarão caro para o Estado equatoriano: no caso de San Francisco, o orçamento inicial foi ultrapassado em “apenas” 25%; mas, em um projeto de irrigação de 100 mil hectares na província equatoriana de Santa Elena, chegou a ficar 180% maior.7
Pouco importa: foi o Equador que teve de dar o primeiro passo. Quito enviou Sevilla a Brasília para reatar as relações com o Palácio do Planalto. E o pequeno país andino conseguiu um acordo com a empresa: “Todo mundo fez concessões... mas especialmente o Equador”, resume o embaixador. Mais uma vez, no Brasil, nem o Ministério das Relações Exteriores, nem os conselheiros internacionais de Lula na época, nem seu instituto, ninguém quis comentar o episódio.
Lula, um embaixador de alto nível
Encontram-se ambiguidades semelhantes na concessão de um contrato de equipamentos do Comando da Marinha para a construção de cinco submarinos, quatro convencionais e um nuclear. Em 2008, esse contrato de US$ 10 bilhões foi concedido sem licitação pública para a Odebrecht (49%) e a empresa francesa DCNS (50%), ficando o restante para a Marinha. Até 2047, devem ser construídos mais vinte submarinos. Mas esse contrato – que envolve a transferência de tecnologia nuclear francesa – foi apenas o primeiro da Odebrecht no setor armamentício. Em 2010 o grupo aliou-se à European Aeronautic Defence and Space (Eads) para a construção de aeronaves, mísseis e sistemas de vigilância, e em 2011 assumiu o controle da Mectron, maior fabricante brasileira de mísseis.
Simples estratégia de diversificação das atividades? Não é bem assim. Essa incursão no setor de defesa acompanha a política de modernização das Forças Armadas de Lula. Durante o segundo mandato do presidente (2007-2010), o orçamento da defesa aumentou 45%, e foi adotada a Estratégia Nacional de Defesa. Principais beneficiários: a Embraer, na aviação, e a empresa do doutor Norberto, na Marinha.
O terreno tinha sido preparado muito antes da chegada de Lula ao poder: “A Odebrecht forjou valiosos laços com os militares em 1950, através da Escola Superior de Guerra [ESG] do Ministério da Defesa, principal think tankbrasileiro, onde militares e industriais estão lado a lado. A família Odebrecht e vários executivos do grupo passaram por cursos de formação ali, o que facilitou a assinatura de contratos, tanto durante a ditadura como hoje”, conta Zibechi.8 Aliás, o próprio Marcelo Odebrecht destaca que a empresa dissemina, em suas “comunidades de conhecimento”, a mesma doutrina ensinada na ESG:9 uma visão nacionalista do desenvolvimento como vetor de soberania e independência.
“Dadas as dimensões das grandes empresas, cujo volume de negócios muitas vezes ultrapassa o PIB de algumas nações, já não são os países que dispõem de empresas, mas as empresas que dispõem de países”, explicava em 2010 Marcio Pochmann, quando dirigia o Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea). “Nessas condições, não há nenhuma outra solução, a meu ver, que não a construção de grandes grupos.”10 Erigida em estratégia econômica, a promoção de mastodontes verde-amarelos tornou-se uma prioridade para o ex-sindicalista.
Essa prioridade parece continuar a mobilizá-lo em sua aposentadoria. Em 22 de março de 2013, a Folha de S.Paulorevelou que metade das viagens de Lula desde sua saída da Presidência foi financiada pelas três grandes construtoras brasileiras: Odebrecht, OAS e Camargo Corrêa. Telegramas diplomáticos publicados pelo jornal sugerem que essas viagens ajudaram a “vencer resistências” encontradas pelas empresas brasileiras, principalmente em Moçambique, onde parte da população se revoltou contra o deslocamento forçado imposto por uma mina de carvão.11
Para o futuro, os setores identificados pelo grupo como estratégicos estão todos no nicho ligado à expressão “desenvolvimento sustentável”. E o que significa isso, nos quartéis-generais da Odebrecht? Uma mistura lucrativa que envolve energia, água e alimentos.
No Peru, a Odebrecht, pela primeira vez, cavou um túnel através dos Andes, desviou um rio e construiu barragens e lagos artificiais para irrigar uma zona árida. Depois de concluído, o projeto, chamado Olmos, continuou sendo administrado pela Odebrecht, que revende os “serviços” de água, eletricidade e terra para pagar seu investimento inicial (que, como de costume, aumentou com o passar dos meses). As concessões dos primeiros 110 mil hectares foram todas para grandes empresas agroalimentares, cada lote estendendo-se por pelo menos mil hectares − o que torna impossível que os agricultores locais tirem proveito das terras irrigadas, embora o projeto inicial tenha sido concebido em torno de suas necessidades específicas. O grupo não pode ser considerado responsável nem pela concessão de terras nem pelo reassentamento, em um desfiladeiro perigoso, da população deslocada, já que tudo foi feito pelas autoridades peruanas. Também não está provado que sua “relação privilegiada” com o presidente Alan García (1985-1990 e 2006-2011) tenha influenciado a obtenção do contrato. A Odebrecht avalia simplesmente que “respondeu a uma concessão pública, uma necessidade do país, em conformidade com o que considera ser seu papel: estar a serviço da humanidade”, como nos explicou seu porta-voz.
Em uma troca de gentilezas, a Odebrecht ofereceu ao Peru o “Cristo do Pacífico”: uma escultura de 36 metros de altura, réplica do Cristo Redentor do Rio de Janeiro: “A viagem de barco do Cristo durou 33 dias, para celebrar nossos 33 anos de atuação no Peru".

Anne Vigna é jornalista.

Ilustração: Adao Iturrusgarai



1 “Who dares wins” [Quem ousa vence], The Economist, Londres, 21 set. 2000.
2 Ler Martine Bulard, “Samsung ou l’empire de la peur” [Samsung ou o império do medo], Le Monde Diplomatique, jul. 2013.
3 Peter Evans, Embedded autonomy: States and industrial transformation [Autonomia e parceria: Estados e transformação  industrial], Princeton University Press, 1995.
4 Lael Brainard e Leonardo Martinez-Diaz (orgs.), Brazil as an economic superpower? Understanding Brazil’s changing role in the global economy [O Brasil é uma superpotência econômica? Entendendo a mudança de papel do Brasil na economia global], Brookings Institution Press, Washington, 2009.
5 Previ, Funcep e Petros.


6 Época Negócios, São Paulo, n.70, dez. 2012.
7 Relatório final da comissão sobre a dívida equatoriana, 2008.
8 Raúl Zibechi, Brasil potencia. Entre la integración regional y un nuevo imperialismo [Brasil potência. Entre a integração regional e um novo imperialismo], Ediciones Desde Abajo, Bogotá, 2013.
9 ADESG, revista da Associação dos Diplomados da Escola Superior de Guerra, edição especial, Rio de Janeiro, 2011.
10 Marcio Pochmann, “Estado brasileiro ativo e criativo”, IHU, n.322, São Leopoldo, 22 mar. 2010.
11 “Empreiteiras pagaram quase metade das viagens de Lula ao exterior”, Folha de S.Paulo, 22 mar. 2013.

Espionagem: como as agências de inteligência coletam dados?

Espionagem: como as agências de inteligência coletam dados?

 

Atualizado em  31 de outubro, 2013

Foto: Reuters 
Telefone da chanceler alemã Angela Merkel teria sido grampeado desde 2002

Documentos divulgados pelo ex-funcionário da inteligência americana Edward Snowden sugerem que o governo americano realizou operações de vigilância em massa em todo o mundo - incluindo em seus países aliados.
As acusações fizeram com que o comitê de inteligência do Senado prometesse rever o modo como a maior organização de inteligência do país - a Agência Nacional de Segurança (NSA, na sigla em inglês) - realiza as operações.
Saiba o que se sabe até agora, de acordo com os documentos "vazados", dos principais métodos utilizados pela agência.

1. Acesso a informações de empresas de tecnologia

Em junho, os documentos divulgados Clique pelo jornal Washington Post revelaram como a NSA têm acesso a diversas grandes empresas de tecnologia pela "porta dos fundos".
A agência tinha acesso aos servidores de nove empresas de internet, incluindo Facebook, Google, Microsoft e Yahoo, para monitorar comunicações online como parte de um programa de vigilância chamado Prism.

 

Os documentos afirmam que o projeto deu à NSA - e ao serviço de inteligência britânico GCHQ - acesso a e-mails, chats, informações armazenadas, chamadas de voz, transferências de arquivos e dados de redes sociais de milhares de pessoas.
No entanto, as empresas negaram que tivessem oferecido "acesso direto" a seus servidores para a agência.
Alguns especialistas também questionaram o poder real do Prism.
O professor de perícia digital Peter Sommer disse à BBC que o acesso pode ser mais semelhante a uma "portinha de cachorro" do que a uma "porta dos fundos" - de modo que as agências de inteligências pudessem acessar os servidores somente para coletar inteligência a respeito de um alvo específico.

Que dados o Prism poderia acessar?

Empresa Que tipo de dados podiam ser coletados?
Alguns sites da Microsoft coletam endereços de e-mail, nomes, endereços de casa ou do trabalho e números de telefone. Alguns serviços requerem que o usuário entre com seu e-mail e senha. A Microsoft também recebe informações enviadas pelo navegador a respeito de sites visitados, como endereço de IP, endereço do site e tempo da visita. A empresa também usa cookies para conseguir mais informações sobre a visualização de páginas.
O Yahoo coleta informações pessoais quando os usuários se cadastram para produtos ou serviços, incluindo nome, endereço, data de nascimento, código postal e profissão. A empresa também grava informações dos computadores dos usuários, incluindo endereços de IP.
Detalhes pessoais são exigidos para se cadastrar para contas do Google, incluindo nome, e-mail e número de telefone. O e-mail do Google - Gmail - armazena contatos de e-mail e sequências de e-mails (envios e respostas) para casa conta, que tem capacidade de 10 gigabytes. Termos de busca, endereços de IP, informações sobre chamadas telefônicas e cookies que podem identificar cada conta também são armazenados, além de bate-papos - a não ser que o usuário escolha a opção 'Desativar gravação'
O Facebook exige informações pessoais no cadastro, como nome, e-mail, data de nascimento e sexo. O site também coleta atualizações de status, fotos ou vídeos compartilhados, mensagens em murais, comentários nos posts alheios, mensagens privadas e bate-papos. Nomes de amigos e os detalhes de e-mail dos perfis destes amigos também são gravados. Informações sobre a marcação dos usuários em fotos e posts, assim como dados sobre localização e GPS são, também, armazenadas.
O Paltalk é um serviço de bate-papo e troca de mensagens de voz e de vídeo. Os usuários devem fornecer informações como endereço de e-mail. A empresa também usa cookies que ficam armazenados em navegadores, com o objetivo de monitorar o comportamento dos usuários para fazer anúncios dirigidos.
O YouTube pertence ao Google e a empresa aplica os mesmos métodos de coleta de dados que em outros serviços. Usuários que se conectem ao site por suas contas do Google terão suas buscas, inscrições e listas de vídeos armazenadas.
O Skype é parte da Microsoft e seu serviço de mensagens substituiu o MSN Messenger este ano. Os usuários devem fornecer informações pessoais incluindo nome, nome de usuário e endereço quando se cadastram. Outras informações de perfiz como idade, sexo e idioma preferido também são armazenados. Listas de contatos também são gravadas, além de dados de localização de telefones celulares. Mensagens instantâneas, de voz e de vídeo geralmente são guardadas pelo Skype por um período de 30 a 90 dias, mas os usuários podem optar por preservá-las por mais tempo.
O AOL coleta informações pessoais dos usuários que se cadastram para seus produtos e serviços, mas sua política de privacidade determina que os usuários que escolham não se identificar por estes métodos são "geralmente anônimos".
Contas da Apple - as chamadas Apple IDs - são necessárias para serviços como o iTunes ou para registrar produtos. Ao fazer o cadastro, os usuários devem fornecer dados pessoais como nome, endereço, e-mail e número de telefone. A empresa também coleta informações sobre as pessoas com as quais os usuários da Apple compartilham conteúdo, incluindo seus nomes e endereços de e-mail.

2. Extração de dados de cabos de fibra óptica

Protesto contra NSA
A espionagem causou desconforto em vários países e também entre os americanos

Ainda no mês de junho, mais documentos do serviço de inteligência britânico publicados pelo jornal The Guardian revelaram que a Grã-Bretanha extraía dados de cabos de fibra óptica que transportam comunicações globais e compartilhava as informações com a NSA.
Os documentos diziam que o GCHQ tinha acesso a 200 cabos de fibra óptica, o que dava ao órgão a capacidade de monitorar até 600 milhões de comunicações todos os dias.
As informações sobre o uso de internet e telefone eram supostamente armazenadas por até 30 dias para que fossem filtradas e analisadas.

 
O GCHQ se recusou a comentar as acusações, mas disse que sua obediência à lei era "escrupulosa".
Em outubro, o jornal italiano L'Espresso publicou acusações de que a GCHQ e a NSA alvejaram três cabos submarinos que terminavam na Itália, para interceptar dados comerciais e militares.
Os três cabos, na Sicília, se chamavam SeaMeWe3, SeaMeWe4 e Flag Europe-Asia.

3. Escuta em telefones

Em outubro, a mídia alemã afirmou que os Estados Unidos grampearam o telefone da chanceler alemã Angela Merkel por mais de uma década - e que a vigilância só acabou há alguns meses.
A revista Der Spiegel, também citando documentos revelados por Edward Snowden, sugeriu que os Estados Unidos tinham acesso ao telefone de Merkel desde 2002.
Os documentos citados pela revista dizem que uma unidade de escuta ficava dentro da Embaixada americana em Berlim - e que operações semelhantes aconteciam em outras 80 cidades pelo mundo.

Embaixada americana em Berlim | Foto: AFP 
Janelas fechadas, como na foto, poderiam ser usadas para espionagem

O jornalista investigativo Duncan Campbell Clique explica em seu blog como áreas com janelas fechadas, visíveis do lado de fora dos prédios oficiais poderiam na verdade ter "janelas de rádio". Estas janelas externas - feitas de um material que não conduz eletricidade - permite que sinais de rádio passem e cheguem até os equipamentos de coleta e análise dentro dos edifícios.
A Der Spiegel disse que a natureza do monitoramento do celular de Merkel não estava clara nos documentos divulgados.
No entanto, relatos posteriores afirmaram que dois dos telefones da chanceler haviam sido grampeados - um telefone não criptografado usado para ocasiões informais e um aparelho criptografado, usado para o trabalho.
De acordo com especialistas em segurança, os sistemas padrão de criptografia dos telefones celulares podem ser vulneráveis porque seus sistemas para "embaralhar os dados" são - em termos de software - separados dos programas utilizados para criar mensagens.
Por isso, é possível que uma operação de escuta se posicione entre o software que faz a mensagem e o sistema de criptografia em cada uma das pontas da conversa - e tenha acesso à informação antes que ela seja criptografada ou depois que é reordenada.
A criptografia de ponta a ponta, que agora é adotada por muitos, preenche esta lacuna ao fazer com que o programa de mensagens faça o "embaralhamento" diretamente. Além disso, muitos destes sistemas compartilham dados em redes fechadas, então muitas mensagens não passam pela internet e só são reordenadas quando chegam ao seu destinatário.
Além do telefone de Merkel, há acusações de que a NSA teria monitorado milhares de chamadas telefônicas de cidadãos alemães e franceses, além de e-mails e chamadas dos presidentes do México e do Brasil.
Dilma e Obama 
Dilma entrou no alvo da espionagem americana; cerca de 35 líderes podem ter sido espionado

 
Reportagens do Guardian também afirmaram que a NSA monitorou os telefones de 35 líderes mundiais depois de ter recebido seus números de telefone de outro oficial do governo americano. Edward Snowden também foi a fonte dos documentos que revelaram estas informações.

4. Espionagem dirigida

Ainda em junho, a revista alemã Der Spiegel afirmou que a NSA teria espionado também os escritórios da União Europeia (UE) nos Estados Unidos e na Europa.
A revista disse ter visto documentos revelados por Snowden mostrando que o país teria acesso a redes de computadores internas da União Europeia em Washington e do escritório da ONU em Nova York.
Edward Snowden
O ex-colaborar da NSA, Edward Snowden, vazou os documentos que geraram escândalo

Os documentos também sugeriam que a NSA realizou uma operação de escuta em um edifício em Bruxelas, onde funcionam as sedes do Conselho de Ministros da UE e o Conselho Europeu.
Pouco depois, em julho, o Guardian disse - citando como fonte outros documentos "vazados"- que um total de 38 embaixadas e missões foram "alvos" de operações de espionagem americanas.
Os países alvejados incluíam a França, a Itália e a Grécia, assim como outros aliados não-europeus dos Estados Unidos como Japão, Coreia do Sul e Índia.
Embaixadas e missões em Nova York e Washington também estariam sob vigilância.
Os documentos, segundo o jornal, detalharam "uma variedade extraordinária" de métodos de espionagem usados para interceptar mensagens. Elas incluíam grampos, antenas especializadas e escutas.

Menino de 6 anos atravessa Lisboa de bicicleta

Menino de 6 anos atravessa Lisboa de bicicleta

 

Publicado a 31 Oct 2013 em Notícias 

Ontem foi um dia especial para o pequeno Luís que conseguiu atravessar Lisboa de bicicleta. Acompanhado pelo pai, Luís, de 6 anos, partiu de Oeiras com destino ao Hospital de Santa Maria, onde iria ter uma consulta de rotina. Dali seguiu de bicicleta até ao Cais do Sodré. Depois apanhou o comboio até Algés e ainda chegou a horas à escola no Dafundo.
 O Menos um Carro falou com o pai deste pequeno guerreiro, Bernardo Campos Pereira, arquitecto e utilizador assíduo da bicicleta, para ficar a saber mais pormenores desta experiência.

O que mais o preocupou enquanto pai durante o percurso?
A maior preocupação são os carros, há demasiados e andam demasiado depressa. A preocupação imediata dos carros leva a uma preocupação latente sobre a escolha de percursos, onde uma criança de 6 anos pode andar mais à vontade. Pode-se dizer que em Lisboa é possível fazer isto, optando por alguns desvios, ainda há muito para melhorar e para chegar ao nível das restantes capitais europeias.
Quais as maiores dificuldades que o seu filho encontrou no caminho?
As dificuldades são várias e são todas resultado do planeamento urbano desta cidade  que está excessivamente centrado no carro, não  toma em consideração outros utilizadores da via. As piores situações são a estação de Alcântara-Mar, o acesso à estação de Alcântara-Terra, a Av. da República, a Av. Egas Moniz e a saída da estação ferroviária de Alcântara-Mar.
No cruzamento da Av. da Índia, que é subterrâneo, não existe uma calha para bicicletas nas escadas nem uma passadeira na Av. da Índia, apesar desta ser atravessada por muitos peões e ciclistas a toda a hora, pois é a “linha de desejo” de quem circula a pé ou de bicicleta, ou seja, o acesso mais direto e com menos esforço entre um local e outro. 
Entretanto não se pode arriscar atravessar a Av. da Índia com crianças, é uma autêntica via rápida onde os carros circulam a toda a velocidade em plena cidade; a solução, portanto, é levar primeiro a minha bicicleta na escada, parando no patamar intermédio e depois a do meu filho, e com algum esforço e calma superámos esta barreira inacreditável numa estação de ligação entre a linha de Cascais e a linha de Azambuja, e os autocarros da Carris e TST.
Também o atravessamento da Rua do Prior do Crato para aceder à estação de Alcântara-Terra não é fácil para uma criança de 6 anos; há carros por toda a parte e ficam parados no meio do atravessamento, focados nos semáforos do tráfego e sem nos ver, ignorando e bloqueando a “linha de desejo” que os peões e ciclistas pretendem percorrer quando seguem pela Rua João Oliveira Migueis ou a lateral, em direcção à estação de Alcântara Terra.
Nas ruas com elevado volume de tráfego motorizado, como na Av. da República, circulei pela via lateral e o meu filho pelo passeio, pois tem 6 anos e circula à velocidade de um peão em passo rápido. Como na Av. da República não tem lateral, a Av. 5 de Outubro é um bom percurso porque tem pouco tráfego entre a Av. das Forças Armadas e Entrecampos. No geral – e apesar da rede ciclável ser descontinua e insuficiente -, todo o percurso resultou muito melhor do que eu pensava.
Os condutores respeitaram a bicicleta?
Respeitam quando nos vêem ou quando estão atentos. O problema é o excesso de velocidade de alguns e a imprudência de muitos, outros estão a falar ao telemóvel ou estacionados onde não deviam. Os cruzamentos e o estacionamento ilegal são problemáticos para todos, mas a pedalar pela cidade com uma criança com 6 anos sente-se muito mais esse estorvo e a velocidade excessiva dos carros.
No caso da Av. da Liberdade, a acalmia das laterais e o desenho de bicicletas no pavimento, as ditas “sharrows” e as medidas de acalmia ajudam a civilizar o comportamento dos automobilistas que manifestaram mais compreensão e deu para descer quase toda a avenida com bastante calma. Digo quase porque o atravessamento no último quarteirão não fazia sentido nenhum para quem segue de bicicleta, então aí não atravessámos a avenida, mas desviámo-nos para a Rua das Portas de Santo Antão que não tem carros e apresenta um percurso mais direto do que o ziguezague ridículo na parte de baixo da avenida.  
As partes acalmadas da baixa e o Terreiro do Paço foram muito fáceis. 
É um desafio a repetir?
Claro! E espero repetir muitas vezes, com o Luís e toda a família: mãe e irmãos! 
Foi um desafio divertido para chegar e voltar de uma consulta de rotina no Hospital de Santa Maria. Quando chegámos ao Cais do Sodré, o Luís já queria saber quando são as próximas consultas no hospital.
Para o Luís, andar de bicicleta em Lisboa é fácil?
Foi muito fácil. 
Pensava que ia ser mais difícil resolver a questão de eu circular na via e ele no passeio, mas não houve problema e só em alguns casos excepcionais é que eu tive que circular no passeio. As ciclovias facilitam a circulação com crianças e as ruas acalmadas ou com restrição de carros são ainda mais cómodas, porque não há conflitos com peões como há nas ciclovias. Além disso, os motoristas circulam devagar e são mais atentos à nossa presença porque circulamos no meio da via. Também é mais agradável porque há menos carros nessas ruas e os cruzamentos são menos perigosos.
As condições de transporte de bicicletas nos comboios foi uma grande ajuda na realização do percurso porque chegámos a Entrecampos de comboio, evitando quaisquer subidas que podem ser mais cansativas, em especial para uma criança de 6 anos. 
De Entrecampos até ao Hospital de Santa Maria foi um instante, com parte sem grande volume de tráfego na Av. 5 de Outubro, outra parte acalmada na Universidade e grande parte em ciclovia sem desvios inúteis, e um percurso bastante plano. Chegámos à consulta sem stress, 10 minutos antes da hora marcada; quando vinha de carro era muito menos previsível chegar a horas, sempre aflito por causa de engarrafamentos imprevistos, de não ter onde estacionar, percorrer a distância a pé entre o carro e a consulta, etc. Por outro lado, facilita ir de bicicleta com uma criança porque é muito divertido, e para um pai a pontualidade é muito mais fácil.
O regresso até ao Cais do Sodré é plano e a descer, portanto não só é fácil,  como também é pedagógico porque vamos vendo a vida da cidade por dentro: lugares com arquitetura e morfologia urbana muito variada, monumentos e espaços verdes, autocarros, aviões, comboios, e sobretudo pessoas; tudo isto suscitou uma conversa muito gira com o meu filho e as imensas perguntas que isto levanta no imaginário de um rapaz de 6 anos enquanto atravessa e aproveita a sua maravilhosa cidade.






Guerra na Síria eleva tráfego em águas vigiadas por brasileiros no Líbano

Guerra na Síria eleva tráfego em águas vigiadas por brasileiros no Líbano 

 

Atualizado em  31 de outubro, 2013

Fragata usada pelo Brasil na missão de paz no Líbano (foto: Marinha do Brasil) 
ONU teme que litoral libanês seja usado por contrabandistas de armas.

Os dois anos de crise e guerra civil na Síria provocaram um aumento aproximado de 25% no tráfego de embarcações na costa do Líbano.
A região já foi usada como porta de entrada de armas ilegais para rebeldes sírios e é patrulhada por uma força naval da ONU liderada pelo Brasil.
O contra-almirante Joése de Andrade Bandeira Leandro disse à BBC Brasil que, nos últimos dez meses, uma boa parte dos navios cargueiros que costumavam se destinar à Síria passou a operar nas águas libanesas em busca da proteção da esquadra das Nações Unidas. Ele concedeu entrevista por telefone, a bordo da fragata brasileira União.
"Houve uma transferência (dos navios destinados à Síria) para portos libaneses. Depois que a carga chega em portos libaneses ela é transferida para a Síria por via terrestre", afirmou Leandro. A costa da Síria é a vizinha do norte da costa libanesa.
Entre os principais produtos que seguem essa rota estão o combustível e derivados de petróleo.
Para lidar com o novo fluxo, o porto de Beirute, o principal do país, construiu um novo setor de carga e descarga – inaugurado na semana passada pelo presidente Michel Sleiman. A capacidade do porto para lidar com contêineres subiu de um milhão de unidades por ano para 1,5 milhão.
Enquanto isso, analistas calculam que o trânsito de mercadorias em portos sírios tenha caído cerca de 70%.

Esquadra

A esquadra da ONU é formada por nove navios de guerra e quatro helicópteros do Brasil, Alemanha, Bangladesh, Grécia, Indonésia, Itália e Turquia. Ela é parte da Unifil, a missão de paz das Nações Unidas no país.
Os navios patrulham uma faixa de 100 quilômetros mar adentro a partir da costa libanesa (que tem 220 quilômetros de de extensão). Seu objetivo é impedir o contrabando de armas ilegais por via marítima para grupos radicais libaneses e treinar a marinha libanesa para exercer essa tarefa no futuro.
Uma das maiores preocupações da ONU é que, acobertados por esse fluxo maior de navios, contrabandistas tentem usar o litoral do país para levar armas à Síria.
Duas grandes apreensões de armamentos destinados aos rebeldes, opositores de Bashar al-Assad, foram apreendidos no ano passado pela esquadra antes de serem desembarcados no norte do Líbano.
Leandro afirmou que o trânsito mais intenso não prejudicará a fiscalização dos navios. De acordo com ele, desde 2011, quando o Brasil assumiu o comando da Força Tarefa Marítima da ONU, cerca de 19.250 tripulações de navios foram interrogadas em alto mar e 2.500 dessas embarcações tiveram suas cargas inspecionadas.
"Essa interrogações visam coletar todos os dados de navios mercantes transitando nessa área, seja entrando ou saindo de portos libaneses ou simplesmente transitando pela área", disse Leandro.
Mas se a situação de segurança está sob controle no mar, o dia a dia começa a ficar cada vez mais complicado em solo libanês.
Nesta semana, tropas do Exército do país foram envidas à cidade nortista de Trípoli, para onde a guerra civil síria começa a se espalhar. Grupos favoráveis e contrários ao regime de Assad estão se enfrentando em violentos combates urbanos.
Por enquanto não há planos conhecidos do governo brasileiro para ampliar sua participação na missão de paz do Líbano com tropas terrestres. A contribuição do país se restringe ao Estado Maior da Força Tarefa Naval e à fragata União (com uma tripulação aproximada de 300 marinheiros).

Dissuasão

O contra-almirante brasileiro atribuiu parte do aumento do tráfego marítimo no Líbano aos resultados positivos da missão de paz no país.
"Eu acho que é um resultado de uma percepção da segurança marítima nessa área de operações. Porque os navios que operam nessa área são interrogados pelos navios da Força Tarefa Marítima".
"O trabalho desenvolvido pela esquadra permite que as companhias operem com segurança nessa área que envolve todo o litoral libanês", disse.

Já se vende mais bicicletas que carros na Europa

Já se vende mais bicicletas que carros na Europa

 

A Espanha é o mais novo país europeu a entrar no grupo das nações onde a venda de bicicletas supera a de veículos. Na União Europeia, apenas dois não seguem a regra

 

, de - 27/10/2013


Getty Images
Pessoas de bicicleta em Berlim 
Pessoas andam de bicicleta em Berlim: a Alemanha é o país com o maior  mercado de bicicletas.  
Foram 3,96 milhões em 2012


São Paulo - Apaixonados por carros, os espanhóis - cujo país começa a ensaiar os primeiros passos para fora da crise - pela primeira vez na história compraram mais bicicletas que carros. Com isso, o país se junta a praticamente a todos os outros da Europa (veja tabela ao final), que vêm dando maior força às duas rodas. 
Uma comparação entre os dados da Associação de Veículos com Rodas da Europa sobre o mercado de bicicletas e da venda de automóveis da Associação Europeia de Fabricantes de Carros apontou que, em 2012, apenas na Bélgica e em Luxemburgo os veículos continuam em primeiro. 
Na Itália, por exemplo, pela primeira vez desde a Segunda Guerra Mundial mais bicicletas foram vendidas do que carros. No Reino Unido, a diferença é de 1,6 milhões a mais de bicicletas.
No Brasil, a situação se repete. De acordo com dados mais recentes da Associação Brasileira dos Fabricantes de Motocicletas (Abraciclo), em 2011 foram produzidas 4,6 milhões de bicicletas no país e outras 370 mil foram importadas. No mesmo período, foram 3,4 milhões de carros vendidos.
A diferença está em como essas milhões de bicicletas são usadas por aqui. Enquanto em boa parte dos países europeus elas gozam da segurança e da praticidade das ciclovias e ciclofaixas - o que acaba por incentivar seu uso como meio de transporte -, no Brasil, são obrigadas a dividir espaço com carros, motos e ônibus no trânsito. 
Veja na tabela a seguir a comparação entre a venda de bicicletas e carros na Europa:

País Vendas de bicicletas Vendas de carros
Alemanha 3,96 milhões 3 milhões
Reino Unido 3,6 milhões 2 milhões
França 2,83 milhões 1,9 milhão
Itália 1,6 milhões 1,4 milhão
Holanda 1 milhão 502 mil
Polônia 992 mil 271 mil
Espanha 780 mil 700 mil
Suécia 555 mil 280 mil
Dinamarca 550 mil 170 mil
Bélgica 450 mil 487 mil
Áustria 410 mil 336 mil
Romênia 380 mil 72 mil
República Tcheca 350 mil 173 mil
Portugal 350 mil 95 mil
Finlândia 330 mil 107 mil
Grécia 320 mil 58 mil
Eslováquia 300 mil 69 mil
Eslovênia 250 mil 50 mil
Hungria 232 mil 53 mil
Lituânia 115 mil 12 mil
Irlanda 95 mil 79 mil
Estônia 65 mil 19,4 mil
Bulgária 62 mil 19,7 mil
Letônia 35 mil 10,6 mil
Luxemburgo 10 mil 50 mil