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segunda-feira, 7 de dezembro de 2015

DEVANEIOS...

DEVANEIOS...

Em meio a esse país que vive dias tão tenebrosos me lembro de um poema do maravilhoso Manuel Bandeira, “Vou-me Embora pra Pasárgada”, me permita transitar um pouco por ele:

Vou-me embora pra Pasárgada;

Lá não vou precisar ser amigo do rei, pois lá não tem bandido na presidência da Câmara dos Deputados;

Lá não tem chantagista encaminhando pedido de impeachment sem procedência;

Aliás, lá bandido não permanece em cargo de tão alta envergadura;

Lá a herança não há de ser maldita;

Lá a oposição não é golpista, cumpre o seu papel, atuando junto às necessidades da coletividade;

Lá a polícia não bate em adolescentes que lutam justamente pelos seus direitos, ou seja, por educação de verdade;

Quando lá estiver, nos dias de calor tomarei sorvetes, mas lá não terão a frieza de um picolé de chuchu;

Lá inclusive, a educação não está somente nas planilhas e estatísticas de governos e sim, principalmente na sala de aula, no contato direto entre docentes e dicentes;

Lá é o país do presente sem precisar esperar pelo futuro;

Mas o Lá...Pasárgada, não existirá nem com mais 500 anos...só nos resta mergulhar no poema de Bandeira.


Texto extraído do livro "Bandeira a Vida Inteira", Editora Alumbramento – Rio de Janeiro, 1986, pág. 90


Prof. Marcos Geo