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segunda-feira, 22 de junho de 2015

Entenda o problema da dívida da Grécia

Entenda o problema da dívida da Grécia

YOLANDA FORDELONE
20 Fevereiro 2015

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(Atualização em 22/6/2015)
Os termos do acordo que a Grécia tenta negociar remetem a um problema antigo. No passado, mais precisamente em 2010, o país aceitou cumprir um programa de reformas e de ajuste fiscal em troca de um empréstimo do Banco Central Europeu (BCE), da União Europeia e do Fundo Monetário Internacional (FMI) para salvar as contas do governo grego, que estavam se tornando impagáveis. A ajuda, que totalizou € 240 bilhões (cerca de R$ 756 bilhões), veio, mas os ajustes estão sendo postergados pelo país. Entenda:
O que a Grécia tenta negociar? 
O país quer adiar o plano de ajuste fiscal, que tem como objetivo diminuir a relação dívida/PIB da Grécia, mas que implicará em cortes de gastos do governo e arrocho salarial.  Em abril, em meio à pressão pelo pagamento de uma das parcelas de sua dívida, a Grécia anunciou que a Alemanha lhe devia € 279 bilhões (quase R$ 1 trilhão) em indenização para reparar danos causados durante a Segunda Guerra Mundial (1939-1945). O valor é superior à dívida grega com credores do BCE e do FMI. O país comandado por Angela Merkel não cedeu e afirmou que  indenizações já foram pagas nos anos 1960.
Qual o jogo político por trás da negociação?
Quando o empréstimo à Grécia foi concedido, em 2010, o governo era outro. O governo de coalizão atual, que assumiu o país em janeiro, argumenta que os termos da reforma acertados no passado levam o país para uma recessão. O governo foi eleito, inclusive, com uma plataforma que ia contra o plano de austeridade proposto no passado. Teme que, se aceitar seguir com as reformas, vá contra os eleitores que o escolheram.
O que acontece se a Grécia não chegar a um acordo?
Se não houver acordo entre a Grécia e os credores, a linha de financiamento ao governo grego e aos bancos será cortada, o que diminuirá o crédito do país e afundará a economia em uma recessão ainda mais forte. Além disso, quanto mais tempo a Grécia demorar para ajustar as contas da casa maior será a sua dívida. Jörg Asmussen, do Conselho de Administração do BCE, declarou que a demora no ajuste “faria a razão da dívida ante o PIB do país ultrapassar a meta dos 120% em 2020, que é o limite superior considerado viável para a Grécia”.  Em 2011, pouco depois do início dos empréstimos à Grécia, o endividamento chegou a 165,3% do PIB.
A Grécia irá sair da zona do euro?
Segundo especialistas, um movimento de corte de crédito a bancos gregos poderia forçar o país a deixar a zona do euro. Alguns acreditam que isso não seria de todo o mal para os dois lados – Grécia e zona do euro. Em fevereiro, o ex-presidente do Federal Reserve (Fed), o banco central dos EUA, Alan Greenspan, declarou que acha ser uma questão de tempo a Grécia sair do bloco. “Acredito que a Grécia abandonará a zona do euro. Não acho que permanecer no euro é vantajoso para os gregos ou para o resto da zona do euro. É só uma questão de tempo antes de todo mundo reconhecer que a saída (da Grécia) é a melhor estratégia”, disse.
Onde tudo começou?
Antes de a Grécia entrar na zona do euro em 2001, o governo local já tinha fama de gastar mais do que arrecadava. Os motivos eram diversos – a começar pelas contas públicas. O país, por exemplo, tem muitos aposentados, o que aumenta significativamente os gastos com pensão.
Além disso, os gregos são conhecidos por pagar pouco imposto.  Em 2012, a diretora-gerente do FMI, Christine Lagarde, foi dura nas críticas. Disse que os gregos deveriam pagar mais impostos se querem que suas crianças tenham acesso a uma boa saúde e educação.
Para conseguir a adesão ao bloco, a Grécia chegou a maquiar os dados da dívida. Depois de entrar na zona do euro, instaurou-se o otimismo. O risco dos títulos gregos diminuiu, fazendo com que o país vendesse diversos bônus no mercado e aumentasse ainda mais a sua dívida. O governo gastou mais nos primeiros anos na zona do euro e, ao mesmo tempo, não fez ajustes necessários.
A crise que assolou as principais economias do mundo em 2008 acabou com a “farra do boi” da Grécia. O mercado de títulos diminuiu a liquidez, investidores estrangeiros se tornaram mais seletivos a quem iam emprestar dinheiro.
Ao mesmo tempo, a crise fez a Grécia aumentar os gastos sociais à medida que cresceu o número de desempregados no país. A turbulência financeira abriu os olhos da Europa para o problema: a dívida grega, que já vinha de um histórico alto, caminhava para se tornar impagável. Foi então que os empréstimos do BCE, União Europeia e FMI ao país começaram.

Fonte: http://economia.estadao.com.br/blogs/descomplicador/entenda-o-problema-da-divida-grega/

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