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segunda-feira, 11 de agosto de 2014

Transporte público é prioridade? Pois veja estes números

Transporte público é prioridade? Pois veja estes números



O transporte público hoje é prioridade, dizem prefeitos das grandes cidades. Mas relatório da ANTP mostra que o poder público gasta muito mais com o transporte privado



Beatriz de Souza, de Exame

Trânsito em São Paulo, na avenida 23 de maio
77% dos gastos do poder público são destinados ao transporte individual
São Paulo - Embora seja responsável por apenas 30% das viagens feitas nas maiores cidades do país, o transporte individual (carros e motos) recebe três vezes mais recursos públicos do que o transporte coletivo.
Os dados estão entre os números apresentados no relatório "Sistema de Informações da Mobilidade Urbana", da Associação Nacional de Transportes Públicos (ANTP), divulgado nesta terça-feira.
A ANTP analisou 5 aspectos relativos à mobilidade, sempre comparando o transporte coletivo com o individual. 
Os dados incluem os municípios brasileiros com mais de 60 mil habitantes. No total, foram incluídas 438 cidades, responsáveis por 61% da população nacional. 
Veja a seguir os 5 números do relatório que mostram que, apesar do discurso de priorização do transporte público, a realidade atual ainda é outra:
1. 57,2% das distâncias percorridas pelas pessoas é feita em transporte público
Em 2012, ano de referência da pesquisa, os brasileiros percorreram 432 bilhões de quilômetros, usando várias formas de deslocamento (carro, moto, ônibus, trilhos, bicicleta e até a pé).
Enquanto o transporte público é responsável por 57,2% das distâncias percorridas, os automóveis só são usados para 31% das distâncias. 
2. O transporte coletivo representa 29% das viagens, mas consome 49% do tempo gasto pelas pessoas
Segundo a pesquisa, os moradores das cidades analisadas gastam 22,4 bilhões de horas por ano em seus deslocamentos.
Quase metade (49%) deste tempo é gasto em transporte público - embora só 29% das viagens sejam feitas por meios de transporte público.
3. 72% de toda a energia consumida em transportes em um ano foi gasta por automóveis
São consumidos cerca de 13,5 milhões de Toneladas Equivalentes de Petróleo (TEP) por ano nos deslocamentos. Deste total, 72% é gasto no uso do automóvel e 24% no transporte público. 
4.Transporte individual é responsável por 77% dos gastos públicos com mobilidade
Em 2012, os custos individuais em mobilidade foram estimados em R$ 184,3 bilhões, dos quais o transporte individual é responsável por 79%.
Os custos arcados pelo poder público foram estimados em R$ 10,3 bilhões por ano, sendo que 77% é destinado ao transporte individual. 
Por custo individual entende-se os arcados pelos usuários ou por empregadores quando há uso de vale transporte. Por custos arcados pelo poder público, entende-se o gasto com manutenção do sistema viário.
5. Transporte individual provoca custo de acidente de trânsito 6 vezes maior que o coletivo
O custo total com acidentes de trânsito é de R$ 15,2 bilhões por ano. O transporte coletivo responde por um gasto de R$ 2,2 bilhões, enquanto o transporte individual consome R$ 13 bilhões, mais de 6 vezes mais.

Motorizada como país desenvolvido
São Paulo - Os Estados Unidos são popularmente conhecidos como a pátria do automóvel. Vários brasileiros viajam para o país e invejam as largas avenidas construídas para fornecer conforto a quem tem um carro. Pois algumascidades brasileiras já deixam os EUA para trás em veículos nas ruas.
Entre carros e utilitários - automóveis de uso individual, portanto, o que exclui ônibus, caminhões e motos - os Estados Unidos têm cerca de 125 milhões de veículos (dados de 2011, do Banco Mundial).
Lá, para cada 2,4 pessoas, existe um carro. O Brasil não chegou a tanto: são 4,4 habitantes para cada automóvel de uso individual.
Nas cidades que você vê a seguir, porém, os carros já ganharam tal espaço que ultrapassam a média norte-americana.
Em São Caetano do Sul (SP), a cidade mais desenvolvida do Brasil, segundo a ONU - há um automóvel para cada 1,5 pessoa.
Todos os 25 municípios deste rankingestão no Sul ou Sudeste, onde a penetração de automóveis é maior hoje. Não à toa, as montadoras preveem grande expansão no acesso ao carro nas regiões Norte e Nordeste nos próximos anos.
Para a surpresa de muitos, a congestionada São Paulo não está nalista, apesar de ter a maior frota do país: cinco milhões de carros. Ela ocupa oficialmente o 34º lugar.
Segundo os dados do Banco Mundial, embora falemos aqui dos Estados Unidos, eles parecem não fazer jus à fama de país apaixonado por máquinas. Os EUA estão entre as três nações mais motorizadas do planeta apenas quando se levam em conta caminhões, ônibus e outros tipos de transporte (aí a frota deles duplica e se aproxima de um veículo por habitante).
No mundo dos automóveis individuais, vários países europeus aparecem na frente, como poderá ser visto a seguir na comparação entre as cidades brasileiras e estas nações (com dados de 2010, do Banco Mundial).
Os números municipais das frotas são do Departamento Nacional de Trânsito (Denatran), de dezembro de 2013. A estimativa da população é do IBGE, do mesmo ano.
Vale lembrar que, segundo especialistas, a comparação entre países não é tão simples.
"O número da frota está contaminado porque aqui no Brasil não se dá baixa nos veículos (após eles pararem de circular)", afirma Flamínio Fichmann, arquiteto e consultor de transportes. Ele lembra que nos EUA, por exemplo, isso é feito.
Veja a seguir as cidades brasileiras - entre grandes, médias e pequenas - onde a taxa de carro se assemelha à de países desenvolvidos.

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