TRANSIÇÃO DE CICLO ECONÔMICO SE ACELERA
Retomada
norte-americana amplia o poder de coação dos capitais que migram da
bolsa brasileira em 3ª feira marcada, ainda, por queda na produção
industrial e dados ruins na balança comercial. A transição de ciclo
econômico se acelera: o Brasil terá que discutir as linhas de passagem
para renovar a sua agenda de desenvolvimento. Há escolhas a fazer e não
são singelas. O país dará liberdade aos fundos e rentistas
internacionais para saquearem as suas reservas em revoadas para o
exterior? Oferecerá arrocho salarial e juro alto na tentativa de
conte-los aqui? Sacrificará investimentos em infraestrutura para
entregar o superávit fiscal cheio', como pede a banca local e forânea?
Saberá pactuar prioridades sociais escalonadas em calendário crível e
realista? Se as respostas a essas e outras perguntas forem ordenadas
pela lógica blindada do interesse financeiro, o resultado é sabido: o
Brasil pode virar um imenso Portugal. Portanto, não é apenas a
reforma política que requer amplo debate democrático. A travessia para
um novo ciclo de desenvolvimento só contemplará os anseios das ruas por
mais democracia social se vier ancorada em sincera e corajosa discussão
progressista com a sociedade. É exatamente o oposto do que uivam os
centuriões do conservadorismo. Para eles a rua já deu o que tinha que
dar: o desgaste do governo do PT. Todo o seu empenho agora é para
descongestionar o ambiente político de qualquer contaminação associada a
mecanismos de democracia direta. A rejeição nervosa ao plebiscito
reflete a ansiedade defensiva de quem sabe que o divisor entre economia e
política é tênue; nas crises, desmancha-se no ar. Deixar o
governo sangrar até 2014, sob estrita vigilância dos ‘mercados', é o
seu sonho de consumo eleitoral. Daí o esforço preventivo de
desqualificação de qualquer novidade política que possa empurrar a
agenda do futuro econômico para o debate em campo aberto. Não interessa
aos ventríloquos dos mercados serem acareados pelo discernimento
social. Cabe às forças progressistas abortar esse cordão sanitário,
fazendo da transição econômica uma extensão da agenda da reforma
política.
(Leia ainda:'Restauração em marcha sabota plebiscito')
(Leia ainda:'Restauração em marcha sabota plebiscito')
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