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segunda-feira, 22 de abril de 2013

(Dois breves textos que servem de apoio as últimas aulas apresentadas)

O que é o Consenso de Washington?


          A expressão Consenso de Washington, chamada também de neoliberalismo, nasceu em 1989, 
criada pelo economista inglês John Williamson, ex-funcionário do Banco Mundial e do 
Fundo Monetário Internacional (FMI). Numa conferência do Institute for Intemational Economics (IIE), em 
Washington, Williamson listou políticas que o governo dos Estados Unidos preconizava para a crise 
econômica dos países da América Latina.

          Por decisão do Congresso norte-americano, as medidas do Consenso de Washington foram adotadas 
como imposições na negociação das dívidas externas dos países latino-americanos. Acabaram se tornando 
o modelo do FMI e do Banco Mundial para todo o planeta. De outro lado, movimentos nacionalistas e de 
esquerda criticam essa política e protestam contra sua aplicação.
          O neoliberalismo prega que o funcionamento da economia deve ser entregue às leis de mercado. 
Segundo seus defensores, a presença estatal na economia inibe o setor privado e freia o desenvolvimento. 
Algumas de suas características são:
 Abertura da economia por meio da liberalização financeira e comercial e da eliminação de barreiras aos 
investimentos estrangeiros;
 Amplas privatizações; 
 Redução de subsídios e gastos sociais por parte dos governos;
 Desregulamentação do mercado de trabalho, para permitir novas formas de contratação que reduzam 
os custos das empresas.

           Historicamente, as idéias do neoliberalismo se contrapõem ao keynesianismo – ideário formulado 
pelo economista John Keynes(1883-1946), dominante no período do pós-guerra,a partir de 1945, que 
defendia um papel determinante e uma presença ativa do Estado na economia como forma de impulsionar 
o desenvolvimento.Os mais conhecidos elaboradores do neoliberalismo são os economistas Friedrich Hayek, 
austríaco, e Milton Friedman, norte-americano, ambos vencedores do Prêmio Nobel de Economia na década 
de 1970.

Globalização


          Outra palavra que passou a designar a atual fase da economia mundial é globalização. A palavra indica 
que há crescente interdependência entre mercados, governos, empresas e movimentos sociais em nível 
global. Se é verdade que as economias dos países estão hoje mais integradas do que nunca, o fenômeno em 
si começou há muito tempo. Os primeiros passos rumo à conformação de um mercado mundial e a uma 
economia global remontam aos séculos XV e XVI, com a expansão ultramarina européia. Quando Cristóvão 
Colombo chegou à América, em 1492, deu início ao que alguns historiadores chamam de primeira globalização. 
O desenvolvimento do mercantilismo estimulou a procura de diferentes rotas comerciais da Europa para a 
Ásia e a África, cujas riquezas iriam somar-se aos tesouros extraídos das minas de prata e ouro do continente 
americano.

          Essas riquezas forneceram a base para a Revolução Industrial no fim do século XVIII. As descobertas 
científicas e as invenções provocaram enorme expansão dos setores industrializados e ampliaram o mercado 
para a exportação de produtos.
          Começaram a surgir, no fim do século XIX, as corporações multinacionais, industriais e financeiras, que 
irão se reforçar e crescer no século seguinte. A interdependência econômica entre as nações tornou-se mais 
evidente em 1929: após a quebra da Bolsa de Valores de Nova York, a depressão econômica norte-americana 
teve conseqüências negativas em todo o mundo.
          O fim do século XX assiste a um salto nesse processo. Em 1989 ocorre a queda do Muro de Berlim, marco 
da derrocada dos regimes comunistas na União Soviética e no Leste Europeu. Nos anos seguintes, esses países 
serão integrados ao sistema econômico mundial. A integração acentuou-se a partir dos anos 1990, por 
intermédio da revolução tecnológica, especialmente no setor de telecomunicações. A internet, rede mundial de 
computadores, revelou-se a mais inovadora tecnologia de comunicação e informação do planeta. As trocas de 
informações (dados, voz e imagens) tornaram-se quase instantâneas, o que acelerou em muito o fechamento 
de negócios.
          Com a expansão do comércio, ocorreu a intensificação do fluxo de capitais entre os países. A busca de 
maior lucratividade levou as empresas a investir cada vez mais no mercado financeiro, que se tornou o 
epicentro da economia globalizada. 
           A atual mobilidade do mercado mundial permite que grandes empresas façam relocalizações de 
fábricas - nome que se dá ao fechamento de unidades de produção em um local e sua abertura em outra 
região ou outro país. Esse mecanismo é globalmente usado para cortar gastos com mão-de-obra, encerrando 
a produção em países nos quais os salários são maiores para organizar a produção onde há custos menores.
          Um exemplo são as "maquiladoras", empresas abertas no norte do México, logo ao sul dos EUA, que 
apenas montam uma série de produtos, utilizando trabalhadores que recebem salários bem mais baixos que os 
pagos no mercado norte-americano. Grande parte da recente industrialização da China também ocorre com a 
abertura de fábricas de multinacionais, que se beneficiam dos baixos salários locais. Esse fenômeno influencia 
no "desemprego estrutural", ou seja, uma elevação no número de desempregados que não é causada por fatores
passageiros (como uma recessão), mas por motivos estruturais da própria economia mundial. Cria-se uma 
divisão na qual os países ricos concentram as empresas de alta tecnologia, com alto faturamento, espalhando 
pelo resto do mundo as indústrias que exigem grande quantidade de mão-de-obra.
          Atualmente, os maiores investidores internacionais podem, com o simples acesso ao computador de um 
banco, retirar milhões de dólares de nações nas quais vislumbram problemas econômicos. Quando os países se 
tornam 
excessivamente vulneráveis a esses movimentos bruscos de capital, os organismos internacionais como o FMI 
podem liberar empréstimos para que possam enfrentar a fuga de dólares. Em contra partida, os governos
 beneficiados ficam obrigados a obedecer ao receituário ditado pela instituição, que é basicamente o 
estabelecido pelo Consenso de Washington.
          O problema é que, além de muitas vezes penalizar as populações carentes, por causa da desativação 
ou da desaceleração dos investimentos sociais, essas políticas tendem a frear o crescimento econômico, por 
força da maior carga tributária, do congelamento de investimentos públicos e da elevação dos juros.
          A globalização acenou com perspectivas que não se concretizaram. Imaginou-se um mundo integrado 
economicamente e sem fronteiras. Pelas previsões de seus propagandistas, novas tecnologias e métodos 
gerenciais promoveriam o aumento geral da produtividade, o bem-estar dos indivíduos e a redução das 
desigualdades entre as nações. 
          Não é isso, porém, que se vê no mundo. Com freqüência, as reformas neoliberais não trouxeram
progresso nem melhoraram a distribuição de renda. Em muitas nações, a miséria cresceu, como mostra o 
relatório citado sobre a América Latina. 
          Na África Subsaariana (países ao sul do Saara), a pobreza cresceu muito nesse período. Nessa região, 
desde 1981, a redução de 13% no PIB per capita fez com que dobrasse o número de pessoas que vivem com 
menos de 1dólar por dia, de 164 milhões para 314 milhões. Nos países do Leste Europeu, o número de pessoas 
na miséria atingiu 6%em 2000; antes, esse percentual era quase zero.
          Na verdade, os países industrializados continuaram prosperando mais que os emergentes. Se em 1990 
a renda média dos 20%mais ricos da economia mundial era 60 vezes maior que a dos 20% mais pobres, em 
1999 ela passou a ser 74 vezes maior.

FONTE: Atualidades Vestibulares – Editora Abril




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